Moradores de Porto Alegre reclamam do fechamento de postos policiais

PSTPostos da Brigada Militar amanheceram fechados na Zona Sul da capital.
Recentemente, moradores da Zona Norte também reclamaram da medida.

O fechamento recente de postos da Brigada Militar em bairros da Zona Sul de Porto Alegre deixa moradores da região preocupados. O mesmo já ocorreu na Zona Norte no começo deste ano, quando a explicação foi de que a prioridade era o policiamento nas ruas em vez de deixarem PMs parados dentro dos postos.

O posto do bairro Vila Nova, que existe desde 1993, amanheceu fechado nesta quinta-feira (18). Na porta, um recado informava que o serviço é externo e indica dois telefones para contato. Em Ipanema também não havia policiamento no posto. Morador do bairro há 40 anos, seu Jorge lamenta o que considera um abandono de espaço.

“É o último suspiro de segurança que tínhamos aqui. No interior do bairro a situação é calamitosa há vários anos, e agora então, com o baixo efetivo de policiais e sem recursos necessários, nós não temos nenhum atendimento”, diz o diretor-tesoureiro de associação de moradores da Orla de Ipanema, Jorge Estácio.

“Sempre tivemos um canal muito aberto com a Brigada Militar. Há um distanciamento que não é produtivo, eu imagino que a comunidade pode contribuir muito, pode ser os olhos da BM. A comunidade organizada pode contribuir, e não atrapalhar. Esse distanciamento desmotiva as pessoas e gera mais insegurança. Não sabemos a quem nos dirigir”, lamenta Waneza Vieira, da mesma associação.

O comerciante Alberto Tarrasconi, que vive há décadas em Ipanema, diz que a violência é frequente. Ele já foi assaltado 20 vezes. Mas, mesmo aos 79 anos, mantém as portas do estabelecimento abertas.

“Já levei facada no pescoço, coronhada, apanhei bastante e ninguém resolveu nada. E todas vezes tenho feito queixa”, desabafa.

De acordo com a Waneza, em 2014 a comunidade doou R$ 5 mil para a reforma do posto, que fica na rua Dea Coufal, o principal acesso à Orla de Ipanema.

No ano passado, em uma audiência pública com os moradores, a Brigada Militar sugeriu a transferência do posto da rua para outra área, na orla. O novo posto seria construído pelos próprios moradores. Segundo o comando, isso daria mais visibilidade para o policiamento. O problema é que essa ideia não saiu do papel.

“É um posto muito antigo e que vinha atendendo muito bem a comunidade, até dois anos atrás. É uma desconstrução de tudo, porque a comunidade fica perdida, não sabe de quem se socorrer”, completa Waneza.

Segundo a associação que representa os policiais militares, a Abamf, o ideal seria que 37 mil brigadianos trabalhassem no estado. Mas, segundo a associação, esse número é de apenas 15 mil. A reportagem entrou em contato com a Brigada Militar, que disse que se manifestará por meio de nota.

À Rádio Gaúcha, pela manhã, o subcomandante geral da Brigada Militar, coronel Andrei Sílvio Dallago, confirmou o fechamento de postos. Ele alegou questões estratégicas para colocar mais policiais nas ruas.

Dallago destacou, também, que o fechamento não é definitivo e as medidas voltarão a ser discutidas com a comunidade.

Fechamento de posto na Zona Norte
No começo de janeiro, a Brigada Militar fechou um posto policial no bairro Rubem Berta, na Zona Norte de Porto Alegre, um dos mais violentos da capital gaúcha. A casa que era a sede foi construída há mais de 25 anos por moradores da comunidade, que foram pegos de surpresa com as portas fechadas.

O tenente-coronel Egon Kvietinski, comandante do 20º Batalhão da Brigada Militar, disse na ocasião que a medida era temporária, mas que poderia se tornar definitiva.

O objetivo com o fechamento, segundo ele, é destinar mais militares para patrulhamento.

“Não se justifica, por exemplo, um fato: que um policial esteja assistindo à sessão da tarde ou sei lá o nome do programa ali às 15h, enquanto o outro está na viatura tomando tiro. O que nós fizemos foi unicamente fechar o posto. Por enquanto é temporario, mas grande probabilidade de ser definitivo para que nós tenhamos mais efetivo dentro das viaturas fazendo o policiamento e atendendo demandas do 190”, ressaltou.

Os moradores, por sua vez, dizem que não há patrulhamento na região.

“A questão de ver viatura ou não é o grande dilema de todo mundo. Respeito essa verdade que foi dita por eles, mas não representa 100% do que aconteceu”, completou o tenente-coronel.

Local onde funcionava posto está vazio e abandonado no bairro (Foto: Reprodução/RBS TV)
Local onde funcionava posto está vazio e
abandonado no bairro (Foto: Reprodução/RBS TV)

Posto policial é fechado em bairro de Porto Alegre, e moradores reclamam

Comunidade do Rubem Berta, na Zona Norte, reclama de assaltos.
Tenente-coronel diz que fechamento é temporário, mas pode ser definitivo.

Há 15 dias, a Brigada Militar fechou um posto policial no bairro Rubem Berta, na Zona Norte de Porto Alegre, um dos mais violentos da capital gaúcha. A casa que era a sede foi construída há mais de 25 anos por moradores da comunidade, que foram pegos de surpresa com as portas fechadas (veja mais na reportagem do Jornal do Almoço).

O tenente-coronel Egon Kvietinski, comandante do 20º Batalhão da Brigada Militar, diz que a medida é temporária, mas que pode se tornar definitiva. O objetivo com o fechamento, segundo ele, é destinar mais militares para patrulhamento.

O moradores se dizem preocupados com a falta de policiamento. “A Brigada saiu daqui, não disse porque sairia, não deu explicação nenhuma pra ninguém e a gente ve diariamente, quase que de hora em hora, gente sendo assaltada, gente querendo fazer ocorrência. E a gente não sabe pra onde correr”, reclama o autônomo Carlos Alberto Dutra.

Parece até que faz mais tempo que o posto foi desativado. Já há lixo acumulado no local, que ficou abandonado. “Totalmente abandonado. É lixo pra tudo que é lado. Tá tudo vazio. Não temos mais nada da Brigada”, relata Carlos Martins, presidente da Associação Comunitária do Parque dos Maias, bairro vizinho.

Outro morador diz que até quem usa a região próxima de onde ficava o posto para caminhar, se exercitar, acaba sendo surpreendido com assaltos.

“Parece que o assaltante viu que a Brigada saiu daqui e tá sentindo que pode assaltar, pode roubar. Como essa rua aqui é utilizada por pessoas que caminham durante a noite, estão sendo assaltados caminhando aí na frente. Eu não sei como que pode assaltar uma pessoa que está caminhando de short, de calção… Querem assaltar a pessoa. Quer dizer que são donos do campinho”, diz o serralheiro Carlos Iberê Teixeira.

O comandante Egon da região diz que a decisão de deixar posto foi estratégica, e explica que atualmente apenas um militar ficava no local.

“Não se justifica, por exemplo, um fato: que um policial esteja assintindo à sessão da tarde ou sei lá o nome do programa ali às 15h, enquanto o outro está na viatura tomando tiro. O que nós fizemos foi unicamente fechar o posto. Por enquanto é temporario, mas grande probabilidade de ser definitivo para que nós tenhamos mais efetivo dentro das viaturas fazendo o policiamento e atendendo demandas do 190”, ressalta.

Os moradores, por sua vez, dizem que não há patrulhamento na região.

“A questão de ver viatura ou não é o grande dilema de todo mundo. Respeito essa verdade que foi dita por eles, mas não representa 100% do que aconteceu”, completa o tenente-coronel.

 

G1