Projeções são cada vez mais pessimistas para 2016

17909899Estado deve aprofundar cortes de gastos para cumprir Lei de Responsabilidade Fiscal

Aqueles que esperavam um início de 2016 mais tranquilo para as contas do Estado com a arrecadação engordada pelo aumento de impostos se enganaram. Nas reuniões que promoveu nos últimos dias com deputados da base aliada e secretários de governo, o governador José Ivo Sartori tem batido na mesma tecla que ditou o ritmo do seu primeiro ano no comando do Piratini: contenção de gastos amparada em previsões sombrias para o caixa a curto e médio prazos. No encontro com os parlamentares, a apresentação das projeções para os primeiros meses do ano pegou de surpresa alguns dos aliados, que imaginavam uma situação melhor com o tarifaço.

O cenário mais preocupante envolve o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. O Estado extrapolou, em 2015, o limite de gastos com a folha: hoje, essa despesa consome 49,18% da receita corrente líquida, sendo que o máximo previsto pela legislação é de 49%. Isso que a conta não leva em consideração outro gasto expressivo, o pagamento dos aposentados e pensionistas. Se essa soma é feita, o percentual de comprometimento da receita com pessoal salta para 75%. A fatia restante da arrecadação é consumida por repasses obrigatórios, pagamento da dívida e o custeio da máquina. Não é à toa que o Estado não conseguiu chegar nem mesmo a 2% de percentual de investimentos no ano passado.

Na conversa com os deputados, o procurador-geral do Estado, Euzébio Ruschel, destacou as possíveis sanções às quais o Estado fica sujeito por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Entre as quais, estão suspensão de repasses federais e novos empréstimos e a possível rejeição das contas do governador, podendo causar inelegibilidade. A lei impõe que, em até oito meses, o Estado equilibre as despesas para evitar as penalizações. Desde janeiro, o Piratini deflagrou uma série de medidas para isso, como a renovação do decreto de contenção de gastos, que inclui a suspensão de nomeações.

O grande problema a ser resolvido pelo governo é equalizar a relação entre receita e despesa com os aumentos salariais concedidos aos servidores da Segurança Pública. A perspectiva é de que a arrecadação não cresça no ritmo sonhado pela Secretaria da Fazenda, mas a conta dos reajustes virá com força a partir de maio, quando recebem os policiais civis, brigadianos e agentes penitenciários. Até o fim do ano, o impacto dos incrementos salariais será de R$ 883,9 milhões. Isso por certo resultará, no caso de a arrecadação não subir tanto, na manutenção do comprometimento da receita com pessoal acima do limite da lei.

Aventada em outros momentos, a possibilidade de o governo propor o adiamento do calendário de reajustes dos servidores da área está descartada. Embora alguns setores do Piratini manifestem vontade, não haveria apoio na Assembleia.

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