Na posse do novo chefe de Polícia, Governo reclama da crise e pede ajuda contra o crime

21/03/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Posse do chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt, no auditório Delegado Cícero do Amaral Viana, no 1° andar do Palácio da Polícia. Foto: Guilherme Santos/Sul21
21/03/2016 – PORTO ALEGRE, RS – Posse do chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt, no auditório Delegado Cícero do Amaral Viana, no 1° andar do Palácio da Polícia. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Jaqueline Silveira

Com um discurso diplomático e focado no trabalho de inteligência policial, o delegado Emerson Wendt assumiu oficialmente, na tarde desta segunda-feira (21), o posto de chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul. Entretanto, o policial já atua no cargo desde o dia 10 de fevereiro.

Com o auditório lotado de servidores da Polícia Civil e na presença do governador José Ivo Sartori e do secretário da Segurança, Wantuir Jacini, o ex-titular do cargo Guilherme Wondracek pediu ao Piratini incentivo aos policiais, que trabalham, segundo ele, além da sua carga horária devido à falta de pessoal. Diretor da Polícia Civil também no governo Tarso Genro (PT), Wondracek disse que tentou atender todos os departamentos da instituição, mas que nem sempre foi possível. “Na maior parte das vezes, fui obrigado a dizer não, não que eu quisesse, mas devido à situação. Gostaria de ter melhorado as condições (da polícia), mas não foi possível”, justificou o delegado, referindo-se à situação financeira do Estado.

Ex-chefe da Polícia Civil, Wondracek defendeu incentivo e a contratação de mais policais| Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ex-chefe da Polícia Civil, Wondracek defendeu incentivo e contratação de mais policiais| Foto: Guilherme Santos/Sul21

Mais incentivos aos policiais

Ele também homenageou os policiais que morreram em serviço durante sua gestão. Para finalizar, Wondracek reforçou a importância de valorizar os policiais, frisando que chegou a encaminhar à Secretaria de Segurança um pedido de nomeação de novos policiais com impacto financeiro, mas que foi negado pela situação dos cofres do Piratini. Hoje, de acordo com Wondracek, há 70 delegacias no RS que possuem um único servidor para fazer o trabalho. “Os policiais têm de ser motivados, de alguma forma, nem que seja com promoções, a hora que o senhor (Sartori) puder, faça isso”, pediu o ex-chefe de Polícia, muito aplaudido pelos servidores.

Novo titular do cargo, Wendt preferiu focar o discurso no trabalho que pretende fazer voltado para inteligência policial | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Novo titular do cargo, Wendt preferiu focar no trabalho que pretende faze, voltado para inteligência policial | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Já o novo titular do cargo evitou fazer cobranças ao governo, tanto de pessoal quanto de incentivos aos policiais. Preferiu focar seu pronunciamento em medidas para amenizar a criminalidade em que o Estado está mergulhado. “A atividade da inteligência policial tem de ser reforçada”, ressaltou Wendt, que é formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria e era chefe do Departamento Estadual de Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil antes de assumir o novo cargo. Apesar de a segurança ser obrigação do Estado, ele defendeu a contribuição da sociedade para “contornar esse momento de crise.” “Esse trabalho não é de uma só força, a mudança começa por cada um de nós”, concluiu Wendt.

Secretário Jacini disse que os resultados do trabalho da Polícia devem ser reconehcidos| Foto: Guilherme Santos/Sul21
Secretário Jacini disse que os resultados do trabalho da Polícia devem ser reconehcidos| Foto: Guilherme Santos/Sul21

Confiança no discurso

O discurso do secretário Jacini seguiu o mesmo tom do seu subordinado. Ao afirmar que a segurança é uma demanda que, cada vez mais está “estampada na imprensa”, ele defendeu um trabalho focado na “inteligência policial e na investigação qualificada para amenizar a violência.” O novo comando da polícia, conforme Jacini, irá trabalhar para proteger os 11 milhões de gaúchos. “Confio muito no seu discurso e, principalmente, na execução e realização dele”, encerrou o secretário, sem falar sobre nomeação de novos servidores.

Tarefa também da sociedade

O governador Sartori encerrou a série de manifestações e mais uma vez invocou o discurso da situação financeira para justificar as dificuldades na área da segurança e o aumento na criminalidade no Estado. O chefe do Piratini afirmou que Wendt terá um “desafio enorme pela frente”, acrescido pelos “recursos escassos” e pela atuação do crime organizado. “O gravíssimo desiquilíbrio de contas públicas do Rio Grande do Sul obriga o governo a investir menos do que gostaria”, argumentou o governador.

Apesar disso, segundo Sartori, a Polícia Civil tem trabalhado muito e os resultados obtidos devem ser reconhecidos pela sociedade. “Não podemos prometer o que não podemos cumprir. A segurança é tarefa do governo, mas também é tarefa da sociedade”, concluiu Sartori, pedindo a colaboração da comunidade, exposta à criminalidade, para amenizar a violência no Estado. Sartori deixou a solenidade assim que encerrou para viajar a Brasília, onde participa de reuniões, ainda nesta noite e na terça-feira (22), sobre as dívida dos Estados com a União.

SUL21