Diário Popular: Bombeiros civis aguardam sanção de projeto para atuar

Pelotas e Viamão são as únicas cidades do Estado a contar com formação na área (Foto: Paulo Rossi - DP)
Pelotas e Viamão são as únicas cidades do Estado a contar com formação na área (Foto: Paulo Rossi – DP)

Bombeiros civis prontos para atuar

Primeira turma formou 23 profissionais, que agora aguardam sanção do projeto de lei pelo prefeito

Por Kimberlly Kappenberg

A primeira turma de 23 bombeiros civis de Pelotas aguarda a sanção do Projeto de Lei 3.678/2016, pelo prefeito Eduardo Leite (PSDB), para começar a oferecer o serviço previsto pela norma, aprovada junto à Câmara de Vereadores em maio deste ano. A obrigatoriedade do emprego dos bombeiros civis vale para locais fechados e abertos, com concentração de pessoas acima de 800 indivíduos, com área maior que cinco mil metros quadrados ou locais de risco.

O projeto, denominado Para salvar vidas, de autoria do vereador Tenente Bruno (PTB), foi redigido com a ajuda do bombeiro civil Fabiano Matias. Para Matias, a nova profissão agrega ao trabalho dos bombeiros militares e da Defesa Civil. E cita exemplos em que a atuação pode contribuir e, até mesmo, evitar acidentes ou tragédias, como o desabamento parcial da arquibancada do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, em 25 de fevereiro de 2015, e o incêndio da Boate Kiss em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, onde morreram 242 pessoas.

Matias torce para que a atuação conjunta dessas forças possa auxiliar ainda mais a população. O bombeiro civil também salienta que o novo ramo abrirá muitas vagas de emprego, com mercado aos profissionais qualificados.

Menos de 15% dos municípios brasileiros têm Corpo de Bombeiros, segundo o IBGE. Pelotas enfrenta dificuldades em relação ao efetivo e aguarda a nomeação dos aprovados em concurso público, pelo governo do Estado. Já a profissão de bombeiro civil surgiu como alternativa para suprir essa demanda, regulamentada pela Lei Federal 11.901/09.

Na cidade, a Firelopes é a escola capacitada a oferecer a formação e, junto com a escola Combate ao Fogo, de Viamão, são as únicas entidades no Rio Grande do Sul a realizar o serviço. Há um ano a escola fundada pelo bombeiro militar tenente Lopes, em parceria com Fabiano Matias, recebe pessoas interessadas em salvar vidas. A formatura dos primeiros alunos ocorrerá na Câmara de Vereadores, ainda esse mês.

A turma de 23 alunos teve a presença de quatro mulheres, uma delas a auxiliar de escritório Jéssica Manke, 28, que durante o curso descobriu uma nova paixão. Ela ainda não trabalha na área, mas atuou com os colegas em estágio durante a Fenadoce. Jéssica conta que quando está fardada é alvo de olhares estranhos, pelo fato de ser mulher em uma profissão de maioria masculina. Para ela, porém, o que faz um bom profissional é a competência e não o sexo.

Diferenças – Bombeiro civil X Bombeiro militar

– O bombeiro militar serve ao governo, já o bombeiro civil trabalha para instituições particulares.

– O civil atua em entidades, organizações civis e empresas. Pode ter formação tanto em uma academia militar como em uma escola profissionalizante. Não há hierarquia específica e pode ser concursado ou não.

– O militar possui formação específica em academia militar e está incorporado a algum grupamento. Segue a hierarquia militar, através das patentes, é concursado e pertence ao Serviço Público Estadual ou Federal, conforme o caso.

– Os civis podem vistoriar obras e realizar projetos, mas a aprovação deles é dever exclusivo dos bombeiros militares.

Para se tornar um bombeiro civil
Os interessados em fazer o curso podem entrar em contato com a empresa Firelopes, na rua Guilherme Echenique, 95 – Fragata. Também através do telefone (53) 3026-2728.

Requisitos

Idade – ser maior de 18 anos e ter cursado o ensino médio.

Duração – 240 horas, divididas em três meses de curso.

Aulas – os treinamentos práticos quinzenais acontecem durante sábados alternados, em Viamão. As aulas teóricas a distância, nas terças, quartas e quintas-feiras. Os alunos veem prevenção e combate a incêndio, resgate em altura e em espaço confinado, e todas os requisitos necessários também aos bombeiros militares.

Valor – R$ 1.958,00, que podem ser parcelados.

Média salarial – R$ 1.500,00 + 30% de periculosidade.