OSCAR BESSI: A assassina cultura da estupidez

pm-morto-em-goiasPor Oscar Bessi CORREIO DO POVO

H á um absurdo oceano de intolerância a nos cercar. E ele é, pasmem, formado por gente que grita por liberdade num mero juntar irracional de sílabas, igual aos papagaios, sem ao menos desconfiar da amplitude dessa palavra tão bela e almejada pelos povos. E de vez em quando um tsunami de tragédias sem lógica nos abate. É quando nos questionamos, mas o que está havendo com a nossa sociedade, o que há com a nossa gente? Boa pergunta. Mas de respostas simples: há a nossa omissão, o nosso silêncio, a nossa aceitação. A ditadura da baderna, do crime, da corrupção, da vantagem, do desrespeito, do consumismo, da ostentação e do egoísmo dá as regras. Oprime as vozes contrárias. Elimina quem pensa diferente. E conta com a complacência de aliados que lucram com o caos, bem estabelecidos em poderes públicos ou conluios privados, nem aí para a guerra que executa inocentes a um palmo dos seus salões nobres. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, essa guerra atingirá um dos seus. Ela sempre alcança a todos. As cenas chocantes do sargento executado pelo pai de um baderneiro, em Goiás, são só mais um exemplo do que é o nosso cotidiano. Os policiais sabem muito bem do que falo. Tenho certeza de que vários PMs que viram aquele vídeo se reconheceram numa encrenca semelhante. E começa como? Num absurdo desrespeito. Som alto. Eu gostaria de saber o que passa na cabeça desses sujeitos que precisam colocar o som no seu carro, ou na sua casa, em tal volume que ameace quebrar os vidros das residências próximas. Qual o sentido? Só pode ser doença mental. Porque música não se saboreia assim. Aí os retardados esquecem que, ali próximo, pode haver idosos, doentes, recém-nascidos, etc. E o mais importante: alguém que simplesmente não quer ouvir aquele lixo (porque podem observar, sempre que colocam o som muito alto, é um lixo que não dá para chamar de música). O segundo ato de desrespeito é não aceitar a intervenção da autoridade policial que, a pedido de vizinhos que não suportavam mais aquela bagunça, chamaram a PM. Mas é isto. Cultura de enfrentamento à polícia. De não aceitar a lei, a regra, que só existe para que o coletivo conviva em harmonia. Falta de educação, desorientação, egoísmo puro. Até que virou assassinato. Pela ação do pai, que tira a arma do policial para atirar neste, dá para entender que tipo de educação e exemplos deu ao filho durante a sua vida. O tipo de ensinamentos que repassou aos seus. Álcool, agressão e desrespeito, talvez nunca um livro para ler. O quanto isso acontece todos os dias? Muito, muito mesmo. Seria bom aos gestores de Educação conversarem com as polícias sobre os níveis de doença moral da nossa sociedade. E, a partir daí, construírem juntos um plano de recuperação. Ou seguiremos assim, numa escalada ascendente prestes a banalizar o absurdo.