Dirigente da Associação de Cabos e Soldados adverte que matéria pode agravar falta de efetivo e salienta que hoje, há um PM para cada 76 mil gaúchos
No mesmo dia em que o governo anunciou a contratação de 530 PMs, de um total de 2 mil aprovados em concurso que devem ser aproveitados até o fim de 2017, o comando da Brigada Militar se reuniu nessa quinta-feira com representantes sindicais da corporação para confirmar mudanças no plano de carreira. Hoje, o presidente da Associação de Cabos e Soldados da BM, Leonel Lucas, alertou para a volta do debate em torno da chamada PEC da Bengala. A medida eleva o tempo de serviço na corporação em cinco anos, tanto para homens, quanto para mulheres. “O anteprojeto já nos foi apresentado e vai ser enviado à Assembleia Legislativa. Com isso, as promoções na reserva vão acabar e o tempo de serviço aumenta de 25 anos para 30, para as mulheres e de 30 para 35, para os homens. É a PEC da Bengala”, lamentou.
A PEC precisa de maioria qualificada em plenário (2/3) para ser aprovada. Caso esse cenário se confirme, a estimativa é de debandada de PMs da corporação. Hoje, existem cinco mil policiais aptos a se aposentarem e a projeção é de que todo esse contingente ingresse na reserva caso o projeto vire lei. “Sem dúvida, esses cinco mil não vão querer aguardar mais tempo para se aposentar. Se acabarem com os últimos incentivos da nossa profissão, não vai haver mais estímulo para ingressar na carreira” avaliou Lucas.
O dirigente frisou que a situação pode agravar ainda mais o déficit de PMs no Rio Grande do Sul, que já é assustador. Lucas lembrou que o contingente, hoje, é de 15 mil, contra um ideal de pelo menos 35 mil. A carência, de acordo com ele, revela um dado proporcional preocupante, de um policial para cada 76 mil gaúchos.
“Se dividirmos esses 15 mil, separando em escala de trabalho e dividindo o resultado com o total da população, vamos chegar a esse número: de um policial para cada 76 mil pessoas. A ONU recomenda um policial para cada mil habitantes”, queixou-se.
