Em Venâncio Aires, quartel vai fechar no próximo dia 28 por falta de pessoal.
Atualmente, o estado tem 2,3 mil bombeiros, quando o ideal seriam 4,8 mil.
O Rio Grande do Sul vive uma calamidade financeira. A falta de recursos financeiros atinge áreas essenciais como saúde, educação e segurança. Sem horas extras e com falta de efetivo, o Corpo de Bombeiros trabalha no limite. Em algumas cidades do interior do estado, o serviço vai ficar suspenso, como mostrou a reportagem exibida neste sábado (17) pelo RBS Notícias.
Os moradores de Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, estão preocupados. Há dias em que a cidade, com 40 mil habitantes, fica sem o serviço dos bombeiros. A explicação é que a escala de trabalho não fecha, por causa da redução das horas extras.
Com isso, só um bombeiro fica de plantão no quartel para atender o telefone 193. Bombeiros de São Gabriel, cidade a 65 quilômetros de distância de Rosário do Sul, é que precisam ajudar. A situação deve se repetir outras vezes durante o mês de dezembro.
“Em 14 anos de trabalho no Corpo de Bombeiros, é a primeira vez que a gente passa por uma situação dessas. O sentimento é de frustração”, relata o sargento Márcio Rodrigo Lopes Teixeira, que atua em Rosário do Sul.
A mesma preocupação ocorre para quem mora em Venâncio Aires. Sem completar a escala pelo mesmo motivo, no próximo dia 28 de dezembro, o quartel não vai funcionar. De acordo com o comandante, a unidade só não fechou definitivamente porque conta com três bombeiros voluntários.
“Infelizmente, nós estamos fechando no dia 28 em decorrência da falta de servidores. Nós não temos servidores suficiente para poder cumprir a escala ao longo de todo o mês”, lamenta o capitão Gustavo Lock,
A realidade de Rosário do Sul e de Venâncio Aire é a mesma de Bagé, na Campanha, e de outros municípios gaúchos. Em um quartel de cidade, há 20 anos, sobravam bombeiros e faltavam equipamentos. Atualmente, ocorre o contrário. Existem equipamentos modernos, só que não há efetivo suficiente. São 21 servidores, quando o ideal seriam 35.
“Tenho que completar a guarnição com, no mínimo, três militares embarcados. Se eu mandar menos que isso fica ineficiente, ineficiente e principalmente, inseguro. Tanto para a guarnição quanto para a vítima”, explica o tenente Antônio Goulart, responsável pelas operações em Bagé. Em oito dias de dezembro o serviço de socorro vai ser suspenso na cidade. Uma pessoa vai ficar sozinha atendendo as ligações.
Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 2,3 mil bombeiros. O ideal seriam 4,8 mil. Até o fim do ano, mais 220 vão pra reserva e outros 400 para a Operação Golfinho.
“Naqueles municípios que só tem um quartel, deve perdurar por 12 horas, e os quartéis vizinhos ficam em alerta para dar um atendimento o quanto antes. Mas claro que não vai ser no mesmo tempo que se o quartel do município estivesse atuando”, diz o tenente-coronel Adriano Krukoski, comandante-geral dos Bombeiros.
De acordo com o comando da corporação, 320 novos bombeiros estão em processo de formação, mas devem começar a atuar a partir de maio de 2017. “É muito preocupante. Imagina, um acidente, um incêndio. Como vai ficar a população?”, questiona a copeira Sônia Soares Kessner.