Jornal do Comércio: Força Nacional desaparece das ruas de Porto Alegre

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Em agosto, efetivo era visto com frequência ao lado de brigadianos
FREDY VIEIRA/JC

Suzy Scarton

Com a chegada de um efetivo de 120 policiais militares da Força Nacional em agosto, era corriqueiro avistar viaturas em ruas movimentadas da Capital. O reforço foi solicitado pelo governador José Ivo Sartori depois do assassinato de uma mulher em frente a um colégio, que também culminou na queda do antigo secretário estadual de Segurança, Wantuir Jacini. No entanto, quase seis meses depois, esse número caiu drasticamente. A redução se deu devido a pedidos de desligamento e solicitações de retorno por parte dos agentes aos estados de origem.
O efetivo da Força Nacional em Porto Alegre chegou a 136 policiais. Agregados a 400 brigadianos, eles participaram da Operação Avante, criada para atuar no combate à criminalidade na Região Metropolitana. Agora, restam cerca de 70 agentes da força federal à disposição da população da cidade.
A reportagem do Jornal do Comércio percorreu as ruas da Capital por cerca de uma hora e meia ontem. Durante o trajeto, nenhum policial ou viatura foi avistado, mesmo em áreas como o Morro Santa Tereza e o bairro Bom Jesus, onde os índices de violência são considerados altos. Pontos estratégicos, como a esquina do Hospital Pronto Socorro, o Parque da Redenção e o Centro (avenida Borges de Medeiros e ruas Caldas Júnior, Siqueira Campos e Riachuelo), tampouco estavam vigiados.
Em direção à Zona Sul, a equipe do JC passou pelas avenidas Praia de Belas, Diário de Notícias, Wenceslau Escobar, Cavalhada, Otto Niemeyer e Oscar Pereira. Também circulou pelas avenidas Ipiranga, Carlos Gomes, Jardim Botânico e Protásio Alves.
A certa altura, a reportagem decidiu abordar um brigadiano que atendia uma ocorrência de trânsito. Questionado sobre onde o efetivo poderia estar, ele respondeu, categórico: “Eu também gostaria de saber”. Em claro tom de descontentamento, o soldado, que não se identificou, disse que “não sabe por que eles estão aqui” e que o motivo seria “passar uma sensação de segurança”, ironizando a palavra “sensação”. Ainda criticou a presença da Força Nacional, defendendo a valorização da Brigada Militar.
Para o secretário estadual de Segurança Pública, Cezar Schirmer, a presença do policiamento de fora é positiva, mas insuficiente. “Como eles não trabalham 24 horas, na verdade, se transformam em 20 e poucos. A presença é positiva, eles vêm com viaturas, equipamentos, têm presença ostensiva, efetividade boa, mas eu gostaria que o efetivo fosse maior. Não são os 71 que vão mudar a realidade.”
Na terça-feira, o Ministério da Justiça confirmou que o efetivo na Capital será ampliado para 200 policiais em fevereiro. A medida integra o Plano Nacional de Segurança.