CORREIO DO POVO: Entidades da segurança queriam escolha técnica

NOVO MINISTRO DA JUSTIÇA

Sindicalistas esperam que Serraglio faça um bom trabalho na pasta, valorizando os integrantes da área

A s entidades representativas da Segurança Pública do RS demonstraram otimismo com a nomeação do deputado federal Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. No entanto, os sindicalistas ressaltaram que a decisão deveria ser técnica e não política. A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), parabenizou Serraglio pela nomeação. Por meio de nota, o presidente da ADPF, Carlos Eduardo Sobral, ressaltou que o novo ministro da Justiça terá como principal desafio encontrar soluções para acabar com a crise na segurança pública. “Será necessário fortalecer a Polícia Federal e as demais instituições de combate ao crime organizado e à corrupção”, afirmou Carlos Eduardo Sobral.

O presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), Leonel Lucas, analisou que o presidente Michel Temer deveria criar um ministério que fosse exclusivamente voltado à Segurança Pública. “Não tem como misturar Justiça com segurança”, acentuou. Conforme o presidente da Abamf, Serraglio será “mais um a ficar sob os olhares do presidente da República e dificilmente resolverá o problema”. “Se o governo federal quisesse acabar com o caos na segurança já teria investido pesado, ao invés de apresentar medidas paliativas. Está na hora de Brasília se empenhar em fazer o trabalho que deve ser feito”, argumentou.

O presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (Asstbm), Aparício Santellano, espera que a nova indicação tenha sucesso. “Não adianta fazer proposta de plano disso e plano daquilo, se não estão investindo na área. É uma questão política”, disse Santellano. Segundo o presidente da Asstbm, a Brigada Militar quer prestar um bom serviço ao Estado. “Eles (políticos) precisam adotar medidas objetivas e concretas e não apenas fazer planos. Esperamos que a situação melhore. Vamos esperar para ver”. O presidente da Associação dos Policiais Militares do Rio Grande do Sul (APM/RS), Dalvani Albarello, disse esperar que Serraglio “realmente faça a diferença, valorizando a classe policial no Brasil, especialmente melhorando os salários dos policiais”. “Talvez ele (ministro) possa ajudar a repensar o modelo de segurança pública no país”, comentou Albarello. “Repensar, também, a Polícia Militar e fortalecer as instituições policiais brasileiras”, complementou. ASSESSORIA. O vice-presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS (Asdep), Wilson Müller, considerou que o trabalho de Serraglio no Congresso tem sido de boa qualidade. “Eu não tenho condições de opinar nesse momento, pois acompanho de longe o trabalho legislativo do novo ministro”, comentou Müller. “No entanto, um bom trabalho no Ministério vai depender da assessoria técnica que Serraglio tiver na área”, analisou o vice-presidente da Asdep.

‘Criação de novo ministério’

Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do RS (Sinpol), Emerson Ayres, a nomeação de Osmar Serraglio foi uma decisão política. “O ideal seria que o novo ministro da Justiça fosse uma pessoa experiente na área, não um político”, ressaltou o líder sindical. Para ele, o governo federal não está investindo em medidas firmes para evitar os crimes. “Não temos grande esperança, mas queremos que essa crise passe”, afirmou Ayres. “Infelizmente, mais uma vez é nomeada uma pessoa que não tem perfil técnico para atuar na área da Segurança Pública”, lamentou o presidente do Sinpol. Já o presidente da União Gaúcha dos Escrivães, Inspetores, Investigadores e Mecânicos policiais (Ugeirm), Isaac Ortiz, acredita que a nomeação de Serraglio “não muda muita coisa”. “Para nós não modifica nada. Não teremos projetos nem investimentos para a segurança”, afirmou. O presidente da Ugeirm considerou que Brasília continuará enviando reforço de agentes da Força Nacional para os estados, o que, segundo Ortiz, não resolve. “Lamentavelmente, a política do governo não muda nada na Segurança Pública e nós (gaúchos) vamos continuar sendo, por falta de investimentos do governo do Rio Grande do Sul, um dos estados expoentes do crime no Brasil”, disse. O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Amapergs), Flávio Berneira, espera que o novo ministro continue com as negociações que vinham ocorrendo entre o sindicato e o ex-ministro Alexandre de Moraes. “Esperamos que o novo ministro encaminhe a PEC 308/2004 (que cria a Polícia Penal) para ser votada pela Câmara”, afirmou Berneira. O presidente da Amapergs disse acreditar que o cargo deveria ser ocupado por alguém da área. “Em sendo um quadro político, que o novo ministro tenha força política junto ao governo federal para viabilizar a liberação de recursos”, ressaltou. “Que ele também faça com que o governo federal se envolva de forma efetiva no tema da segurança pública”, complementou. O presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asofbm), coronel Marcelo Gomes Frota, ressaltou que para tratar a questão da segurança com seriedade é importante mudar o sistema de defesa do cidadão, estabelecendo o ciclo completo de Polícia, ou seja, todas as polícias fazendo a prevenção, a investigação, a repressão e os atos cartoriais”, detalhou. “Os órgãos de segurança precisam de autonomia operacional e administrativa”, concluiu.