Fabrício Carpinejar se solidariza com os reais heróis da sociedade

Bombeiros e brigadianos, que estão corajosamente na linha de frente dos resgates, precisam de ajuda. Por trás da farda, são também moradores e vítimas do maior desastre ambiental da história gaúcha. 

Cerca de mil policiais militares perderam casa ou tiveram prejuízos incalculáveis pela enchente. 

São inúmeros os exemplos de desamparo na Região Metropolitana e no Interior. 

Recebi notícia de alguns: os soldados Souza e Coutinho, da Brigada Militar de Taquari, tiveram suas residências totalmente inundadas pela enchente. 

Souza cuida de duas filhas e uma netinha. Coutinho é responsável por três filhos. Ambas as famílias estão desabrigadas. 

Sei ainda do PM Gilberto Ferreira, em Nicolau Vergueiro. Não sobrou nada de pé na sua rua. 

Viraram igualmente escombros o lar do sargento Gonçalves, em Muçum, e a moradia do sargento Cristiano Ávila, em Guaíba. 

Imagino que nenhum deles é contemplado pela política do governo federal, que abrange famílias com renda na faixa 1 e 2 em Minha Casa Minha Vida. 

Para crédito imobiliário, neste momento de calamidade pública, não há alternativa. E eles são estatutários, tampouco têm FGTS para sacar de imediato.

Dificilmente você verá bombeiros e brigadianos pedindo ajuda, desabafando ou comentando suas necessidades em redes sociais. Colocam a sua vida em risco por um juramento. São esquecidos logo após efetuarem corretamente o amparo, pois, para a sociedade, representam forças do Estado, arcam com a invisibilidade protetiva e não fazem mais do que a sua obrigação. 

São socorristas profissionais, mobilizados para emergências, treinados a ser os últimos no atendimento, depois que todos já se encontrarem seguros, condicionados a sofrer calados, a não depor suas armaduras, muito menos abrir os corações em causa própria.

Enquanto as cheias persistem, com o vaivém das chuvas, prosseguem peleando com a água no pescoço. Podem até não ter mais para onde voltar, podem até não mais possuir um endereço devido à invasão da correnteza, podem até penar de preocupação com os seus amores desassistidos, porém continuam trabalhando, cumprindo os seus deveres acima de suas dificuldades. 

Realizam um serviço insano, homérico, heroico, anônimo, de manter a calma dos flagelados durante os salvamentos, de acolher os outros independentemente das suas condições pessoais. 

Por isso, sabendo do laconismo do ofício, num movimento de empatia, eu me ponho no lugar deles. 

Sugiro que o governo do Estado, via Banrisul, abra um crédito imobiliário com carência e juros menores para a corporação. Até porque eles terão muito trabalho pela frente na reconstrução e patrulhamento de nossas cidades. 

Não seria um privilégio, mas uma questão de justiça.