Na Travessia da Ilha dos Lobos, salva-vidas nadam 1,8 km em alto-mar

Competidores foram levados até as imediações da Ilha dos Lobos em um catamarã Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Competidores foram levados até as imediações da Ilha dos Lobos em um catamarã
Foto: Diego Vara / Agencia RBS

Tradicional competição ocorreu nesta quinta-feira em Torres

Torres, 9h da manhã de quinta-feira: um catamarã sai do Rio Mampituba, sob a Ponte Pênsil. A bordo, 51 salva-vidas se preparam para a 24º edição da Travessia da Ilha dos Lobos, tradicional campeonato de natação da corporação. Os aguardam 1,8 km de braçadas em mar aberto até a beira-mar da Praia Grande. Entre os competidores, 48 homens e três mulheres.

— Ansiedade. Só quero cair na água — diz uma das atletas, Carla Avozani, 27 anos, antes da largada.

Assim que a embarcação se aproxima do monte de pedras que dá nome à ilha resguardada pela proteção ambiental, outro competidor brinca, diante dos traços que formam a longínqua paisagem no horizonte:

— Parecia mais perto.

Sobre as rochas, lobos marinhos descansavam alheios à expectativa do grupo que se jogaria em alto-mar. Às 9h16min, os salva-vidas equipados com camisetas amarelas e vermelhas, sunga ou calcinha preta, cinto e um flutuador de cor laranja saltam na água.

— Vai ser dada a largada. Alinhar — anuncia o megafone.

“Bééé”, apita a sirene.

O relógio apontava 9h19min quando os nadadores deram início às braçadas que os levariam até o ponto de chegada. Ao redor dos competidores, equipes de apoio garantiam a segurança da turma: um helicóptero, um bote, uma moto aquática e três Stand Up Paddles (SUPs).

Sob o céu azul, com a água clara, as condições eram consideradas ideais para prova. Pouco vento e correntes marítimas fracas. Do catamarã até então lotado pelos atletas, só se via o laranja das boias e as ondas formadas pela alternância do movimento dos braços rente aos corpos.

— É a mais tradicional competição entre os salva-vidas. O principal objetivo da prática desportiva é manter o salva-vida apto para a atividade de salvamento aquático. Agregado a isso, há o convívio entre os competidores e a relação de companheirismo entre as praias — aponta o chefe de operações da coordenação dos salva-vidas da Operação Golfinho, major Julimar Fortes.

Afastados pelas atividades diárias, representantes de 12 praias do Litoral Norte participaram da travessia: Torres, Arroio do Sal, Capão Novo, Capão da Canoa, Xangri-lá, Imbé Norte e Sul, Tramandaí, Nova Tramandaí, Cidreira, Pinhal e Quintão. Eles integram o grupo de 791 salva-vidas que atendem à região na alta temporada — e, de folga ou alternando o turno com outro colega para participar da travessia, não desguarneceram nenhuma guarita das praias.

Eram sete categorias — seis masculinas, por idade, e uma feminina. Vinte e cinco minutos após largar nas proximidades da Ilha dos Lobos, o primeiro a chegar despontou sobre a areia da Praia Grande rumo à linha de chegada. O nome do vencedor não é novidade aos colegas: pelo quinto ano consecutivo, Cristiano Gluck Resler, 30 anos, que atua em Imbé, venceu o competição.

— O segredo é treinar durante o ano todo e continuar sempre competindo — avaliou Resler, que, em Porto Alegre, não abandona a prática na piscina de um clube da cidade.

O segundo atleta completou a prova seis minutos após o vencedor. Ofegantes e com os olhos vermelhos pelo contato com a água salinada, os demais competidores foram chegando, um a um.

— Parabéns, guerreiro — cumprimentava o salva-vidas responsável por distribuir as medalhas aos competidores.

Entre as mulheres, quem venceu foi Carla.

— Tomamos um pouquinho d’água, mas faz parte — contou, sorridente, enquanto repunha as energias com um pedaço de melancia.

No céu, acompanhava a travessia um paramotor que pertence a um sargento da reserva. O item está em teste na Operação Golfinho para servir como suporte ao salvamento.

— A vantagem é a agilidade e o campo de visualização maior — avalia o capitão Sandro Carlos Gonçalves, comandante dos salva-vidas de Torres, onde o equipamento realiza simulados desde 2014.

Com os 51 homens e mulheres já em terra, confraternizando sob o toldo armado na areia, a expectativa, agora, é pela prova de 2016.

— É muito bom. Vale pelo espírito esportivo — disse Gracieli Sigolin, 29 anos, estreante na travessia.

Confira galeria de fotos:

Vencedores da Travessia:

Feminina: Soldado Carla Rodrigues Avozani (Imbé Norte)

Categoria A (até 25 anos): Soldado Tainah Rodrigues (Xangri-lá)

Categoria B (nascidos entre 1985 e 1989): Soldado Cleber Espíndola da Silva (Arroio do Sal)

Categoria C (nascidos entre 1980 e 1984): Soldado Cristiano Resler (Imbé Sul) — Também foi o campeão geral

Categoria D (nascidos entre 1975 e 1979): Capitão Eduardo João Zaniol (Cidreira)

Categoria E (nascidos entre 1970 e 1974): Soldado Claudio Marcelo da Silva Figueiredo (Arroio do Sal)

Categoria F (nascidos em 1969 ou antes): Sargento Jorge José Procksch (Capão Novo)

ZERO HORA