Corte no orçamento do Estado não estaria afetando rotina policial em Caxias

IMAGEM ILUSTRATIVA
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Comando das corporações garantem que atendimento a público não mudou

Os cortes no orçamento da segurança pública gaúcha ainda não são visíveis em Caxias do Sul, mas isso pode ser uma questão de tempo. Em uma cidade com defasagem histórica de servidores no setor, é quase certo que haverá menos policiais e agentes penitenciários em serviço por conta da suspensão parcial de horas extras e diárias. A Secretaria da Segurança Pública do RS, porém, garante que o atendimento continua normal nas ruas, nas delegacias e dentro das cadeias.

O orçamento da pasta foi reduzido em mais de 30% para este ano conforme decreto assinado pelo governador José Ivo Sartori, na semana passada. A previsão de recursos passou de R$ 628,1 milhões para R$ 434,2 milhões. A secretaria afirma que os cortes abrangem basicamente despesas como água e esgoto, processamento de dados, energia elétrica e telefonia.

No início do ano, o governo já havia determinado a redução de 40% das horas extras. A Brigada Militar, por exemplo, recorria frequentemente a essa alternativa para manter mais PMs no policiamento ostensivo de Caxias. Boa parte dos brigadianos provavelmente cumprirá apenas o horário previsto na jornada normal e haverá emprego do efetivo administrativo.

A 7ª Delegacia Penitenciária Regional reduziu em 40% o total das cotas de diárias (quando um servidor vem de outra cidade para trabalhar em Caxias). Na prática, é menos agentes de outras regiões dando apoio ao efetivo lotado nas duas penitenciárias e no albergue prisional.

O delegado penitenciário Roniewerton Pacheco Fernandes, porém, ressalta que a redução das diárias tem relação com a chegada de 38 agentes penitenciários no final do ano.

— Sempre tivemos problemas em preencher as cotas de diárias, não havia interessados. Entendo que o serviço segue normal pois a carência de efetivo é antiga e estão ocorrendo aposentadorias. Mas isso pode ser suprido com curso de formação que termina no dia 6 de abril, quando turmas vão para estágio. São 600 em todo o Estado, mas não sei quantos virão para Caxias — projeta Roniewerton.

As corporações não divulgam qual é o efetivo atual alegando razões de estratégia.

Vila Cristina providencia conserto de viatura

O aperto no orçamento do Estado produz reflexos. A Associação de Moradores de Vila Cristina já pagou dois consertos da viatura do policiamento comunitário do distrito neste ano.

Segundo Claudete Bortoluz, presidente da associação, o primeiro pedido de manutenção foi formalizado em janeiro, quando o calço do motor de um Sandeiro da BM caiu. O gasto foi relativamente baixo: R$ 150. Há três semanas, o sistema de freios da viatura estragou e os PMs recorreram novamente aos moradores. A associação investiu mais R$ 390 no reparo.

— Se fosse pelo Estado iria demorar uns 45/50 dias, o que é muito tempo pra gente ficar sem viatura. Pedimos prazo de pagamento para o final deste mês — revela Claudete.

O delegado regional da Polícia Civil, Paulo Roberto Rosa da Silva, não acredita em piora dos serviços de segurança e também reforça que não faltam recursos para combustível, manutenção de viaturas e outras demandas administrativas.

— Houve redução de hora extra e diárias, mas o que ocorre agora é que precisamos de autorização para deslocar uma equipe a outra cidade ou estado para investigações, prisões. Não vejo problema no atendimento à população — pondera Silva.

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