Policial morto em Alvorada é sepultado sob aplausos e sirenaço

Policiais prestam homenagem ao colega morto em Alvorada. Enterro aconteceu no Cemitério Jardim da Pa Foto: Tadeu Vilani  / Agencia RBS
Policiais prestam homenagem ao colega morto em Alvorada. Enterro aconteceu no Cemitério Jardim da Pa
Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS

Pelo menos uma centena de pessoas compareceu ao sepultamento

O dia seguinte ao assassinato do policial Valdeci Machado, morto na quinta-feira, em Alvorada, foi marcado por forte comoção entre familiares e colegas de corporação que compareceram ao enterro no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre. O sepultamento, ocorrido nesta sexta-feira, teve aplausos de pelo menos uma centena de pessoas e um intenso sirenaço de viaturas. As informações são da Zero Hora.

“Que linda homenagem que fizeram ao meu pai. Que Deus abençoe a polícia”, agradeceu, emocionada, a filha de Machado.

Valdeci foi morto quando tentava recapturar Amilton Ferreira da Silva, de 23 anos, que estava detido na Delegacia de Pronto Atendimento de Alvorada, suspeito de crime contra a mulher, e fugiu. Os dois entraram em luta corporal. O homem conseguiu pegar a arma do policial e atirou contra ele.

Repetindo o ato realizado horas antes, policiais civis saíram, no início da tarde, em carreata pela cidade, ainda com as sirenes ligadas, em direção ao Palácio Piratini. Enfrentando a chuva, que não deu trégua durante boa parte do dia, usaram os corredores de ônibus até chegar à sede do governo estadual, no Centro.

Mobilizados em protesto por mais segurança, a chegada ao Piratini teve “anúncio”. Primeiro, as viaturas fizeram muito barulho no contorno da Praça da Matriz. Em seguida, voltaram pela Rua Duque de Caxias e bloquearam o trânsito em frente ao prédio.

O presidente da Ugeirm Sindicato, Isaac Ortiz, foi barrado e empurrado por um segurança na porta do Piratini, o que motivou um princípio de confusão e exaltou ainda mais os ânimos para o ato que se avizinhava.

Com as viaturas enfileiradas, os policiais promoveram, além do sirenaço quase ensurdecedor, um buzinaço para chamar a atenção das autoridades e pressionar por um encontro com o governador José Ivo Sartori. Ortiz usou o rádio comunicador de um dos veículos oficiais do Estado para iniciar um discurso forte:

“Não vamos permitir qualquer ataque àquilo que mais prezamos: as nossas vidas. Chega de policiais civis e militares tombados em serviço. O governador tem de tirar a Segurança Pública deste decreto irresponsável que vem causando inúmeras vítimas”, declarou Ortiz, em referência ao decreto que barra a contratação e o chamamento de novos policiais aprovados em concurso.

O presidente da categoria ainda falou em terrorismo promovido pelo governo e antecipou que os policiais farão um novo ato no próximo mês.

“Nós voltaremos de novo, no dia 18 de agosto, marquem bem esta data. Voltaremos para ocupar a Assembleia Legislativa e fazer os deputados da base aliada entender que nós não estamos brincando. Não vamos permitir este terrorismo feito por esta equipe do governo do Estado. Todos os dias é um terrorismo. Ameaça de salário, ameaça de corte de ponto, ameaça de tudo. Não vamos mais permitir.”

Em frente ao Piratini, o protesto dos policiais durou cerca de 30 minutos. No entanto, a categoria esteve mobilizada durante todo o dia no Estado. Delegacias fecharam no horário do enterro de Machado, entre 14h e 15h, e agentes de Santa Maria, cidade natal da vítima, também prestaram homenagens.

A coordenação de assessoria de imprensa do governador José Ivo Sartori preferiu não se manifestar. O secretário de Segurança Pública, Wantuir Jacini, enviou um comunicado por sua assessoria de imprensa.

“Este é um momento de luto. Estamos agora prestando a nossa solidariedade e lamentando a morte do policial. Reiteramos o envio das nossas condolências à família e a todos os servidores da Polícia Civil pelo falecimento do colega”, diz o texto, sem nenhuma referência ao protesto.

ZERO HORA