Moradores do Menino Deus e rodoviários denunciam onda de violência
Marco Weissheimer
Moradores do bairro Menino Deus, de Porto Alegre, e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (STETPOA) procuraram a direção do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm) para conversar sobre a onda de violência que vem atingindo a população no Estado. Na noite de terça, moradores do Menino Deus reuniram-se com integrantes da diretoria da Ugeirm e com representantes dos aprovados do concurso da Polícia Civil, no auditório da 2ª DP de Porto Alegre. Segundo o sindicato, os moradores mostraram-se assustados e indignados com o aumento da violência nas ruas e manifestaram solidariedade à luta dos policiais contra as políticas do governo do Estado para o setor.
Os moradores do Menino Deus apoiaram a convocação imediata, para o início do curso de formação na Academia de Polícia, dos novos policiais já aprovados em todas as fases do concurso realizado em 2013. Eles se dispuseram a participar do ato público dos servidores marcado para o dia 18 de agosto e apresentaram um balanço da manifestação que promoveram na manhã do último sábado (18), reivindicando mais segurança no bairro. Marcelo Machado, coordenador do movimento dos moradores, disse que o número de assaltos aumentou exponencialmente desde janeiro.
Ainda na terça, os representantes do STETPOA fizeram um relato da situação de descontrole da violência que vem atingindo diretamente os rodoviários. O encontro aconteceu no dia seguinte ao arrastão ocorrido na linha T7, em Porto Alegre, onde motorista, cobrador e mais de 30 passageiros foram roubados. Segundo a entidade, os rodoviários vêm trabalhando em um clima de grande insegurança e estresse. Muitos estão com a saúde emocional abalada e os pedidos de demissão tem se tornado cada vez mais frequentes, relatou ainda o sindicato.
Na reunião, policiais e sindicalistas chegaram a um consenso sobre a necessidade de aumentar a pressão sobre o governo José Ivo Sartori para que o mesmo cumpra a promessa feita no início do ano de que os serviços públicos essenciais, como segurança, saúde e educação não seria afetados pelos cortes orçamentários. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte também confirmou presença no ato do dia 18 de agosto que está sendo organizado pelo Fórum Unificado de Servidores Públicos. O STETPOA anunciou que enviará representantes que darão depoimentos sobre a falta de segurança no transporte público.
Sindicato diz que não aceitará represálias
O Ugeirm Sindicato afirmou que não tolerará represálias por parte do governo do Estado ao ato realizado na última sexta-feira, em frente ao Palácio Piratini, em protesto contra a morte do policial Valdeci Machado, de Alvorada. “Nosso movimento é pacifico. O ato em frente ao Piratini foi um grito de desabafo. Um alerta ao governo do estado sobre a situação desesperadora em que se encontram os cidadãos gaúchos. Queremos condições para combater a violência e preservar a cidadania. Essa é a nossa prerrogativa”, afirma nota publicada na página da entidade.
Aline Machado, filha do policial morto, também manifestou solidariedade aos policiais em um texto publicado na página do sindicato no Facebook:
“Todos os servidores q fizeram a manifestação improvisada, foram no enterro do meu Pai Valdecir Machado, morto em trabalho… pq o governo não vai investigar como um preso consegue arrebentar uma algema velha (material q o estado não se preocupa em repor ) e fugir… pq o senhor governador, não pronunciou uma palavra para a família… pq não diz que meu pai morreu esperando uma promoção a qual tem direito a um tempão… governo do estado do RS vá a m… com a sua investigação contra a polícia de seu estado, esses heróis q saem todo dia de casa sem saber se vão voltar…Eu achava q meu paizinho não corria risco de vida pois tinha virado plantonista… Que ilusão… Não tem efetivo suficiente, por isso todos tem q ir pra rua atrás de vagabundo…A família está a disposição de todos os colegas de meu pai… assim como vcs todos q estiveram lá nos apoiando, pois ninguém do estado deu apoio algum, somente a família da Polícia Civil nos apoiou.
Protestos na Brigada
A Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), que reúne servidores de nível médio da Brigada Militar, também voltou a manifestar preocupação com os efeitos da atual política do governo estadual sobre a segurança pública. Segundo a entidade, “inconformados com o congelamento de salários, a redução das horas extras, falta de efetivo e redução para gasolina e munição, protestos começam a aparecer em diversas localidades do Estado”. A página da Abamf publicou algumas fotos desses protestos que afirmam que a Brigada Militar vai parar se a atual política continuar.