Brigada Militar e Corpo de Bombeiros relatam falta de estrutura no RS

BOMBMHá relato de um policial que precisou pagar pela própria farda.
Profissionais dizem que convivem com carros estragados e improvisos.

A Brigada Militar (BM) e o Corpo de Bombeiros sofrem com a falta de estrutura em Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul. Há carros que não funcionam e muitos equipamentos são improvisados. No caso da BM, um policial teve de pagar pela própria farda, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço (veja o vídeo).

Bombeiros convivem com viaturas fora de operação e uma auto-escada estragada há três anos. Um vídeo cedido pela associação da categoria mostra a má situação encontrada no quartel de Guaíba, responsável por mais cinco municípios na Região Metropolitana. São roblemas que se repetem em outras unidades.

Se uma embarcação pega fogo, por exemplo, os bombeiros não têm como fazer o combate, porque não têm barcos especializados para isso. Hoje, o grupo de salvamento conta apenas com um bote, que não é suficiente.

“É uma grande dificuldade para o atendimento à sociedade”, diz Ubirajara Ramos, integrante da associação dos bombeiros.

Já no quartel central dos Bombeiros, em Porto Alegre, o problema não é estrutura, mas a falta de efetivo. Há três caminhões novos de combate à incêndio, mas não tem gente para operar. Se houver um incêndio de grandes proporções, nenhum dos veículos sai do local.

“Uma grande deficiência que nós temos é a falta de efetivo. Hoje, temos uma deficiência de quase 50% do efetivo, que nos prejudica diariamente, tanto no atendimento, e também colocando em risco o próprio servidor. Viaturas de bombeiros teriam que sair com cinco integrantes, e estão  saindo muitas vezes com um motorista e mais um. Às vezes, temos que fechar os quartéis porque não temos efetivo suficiente pra fazer o atendimento”, lamenta Ubirajara.

Segundo a associação, os bombeiros operam com metade do pessoal necessário. Enquanto isso, cerca de 500 aprovados no último concurso esperam para ser chamados. “Estamos colocando em risco a população e estamos colocando em risco a vida do bombeiro”, completa ele.

A Brigada Militar também enfrenta problemas. Salários baixos, falta de efetivo, viaturas cheias de defeitos. Fotos tiradas pelos próprios policiais escancaram as deficiências na estrutura. Eles convivem com carros que precisam ser empurrados, e outros com pneu furado. Em um deles, o banco do motorista tem uma escora de madeira para não cair. E a bateria, por vezes, acaba.

Quem denuncia prefere não se identificar, porque tem medo de represálias. “A população está em risco. E em um nível muito alto”, conta um policial.

Alguns brigadianos trabalham a pé. E atendem ocorrências sem comunicação. “Em pleno século 21, temos dificuldade na comunicação. A instituição não distribui rádio interceptor”.

Eles ainda precisam tirar dinheiro do próprio bolso para comprar a farda. “Eu tive que comprar a minha farda. Gastei em torno de R$ 500, pedalados numa loja no centro”, conta. “Eu sou policial militar, ando por aí e não vejo nenhum policial na rua”.

A Brigada Militar diz que os problemas estão sendo resolvidos.

“Essas questões de equipamento individual do policial estão sendo sanadas dentro das nossas condições. As viaturas que têm problema mecânico vão ser encaminhadas para conserto, para reparo, para que fiquem disponíveis aos policiais militares”, diz o major Ronie Coimbra, chefe da comunicação social da BM. “Os bombeiros têm uma outra fonte, que é uma fonte de municípios. Eles têm um outro recurso financeiro para atender suas demandas de manutenção de viaturas. Muito mais até que o policiamento em razão desses convênios que eles possuem com os municípios”.

Do G1 RS