Um pelotão de quatro patas no combate ao crime

Cães são capazes de sacrificar vida para cumprir missão | Foto: Samuel Maciel
Cães são capazes de sacrificar vida para cumprir missão | Foto: Samuel Maciel

Efetivo canino da Brigada Militar conta com 200 animais

O emprego de cães na Brigada Militar completa 51 anos no próximo dia 14. Cerca de 200 animais estão distribuídos em mais de 20 unidades da BM. O Canil Central do 1º Batalhão de Operações Especiais (1º BOE), com um efetivo de 23 policiais militares, possui 30 cães de polícia das raças pastor alemão, pastor belga malinois, rottweiler, labrador e australian cattle dog. Estes são empregados para farejar explosivos, armas e drogas, além de patrulha, busca e captura, intervenção em presídios e distúrbios civis. Demonstrações de obediência e interação com o público, sobretudo em escolas, também fazem parte da rotina dos cachorros. “O cão de polícia substitui o policial humano em situações de risco. O animal sacrifica a própria vida se necessário para defender seu adestrador ou para cumprir uma missão, fazendo aquilo para que foi treinado”, destaca o capitão César Vinicius Rodrigues, comandante da unidade.

Adestrados por um ano, os cães do 1º BOE treinam três horas diárias e uma vez por semana em grupo. O adestramento visa um animal “disciplinado e obediente aos comandos do operador, mas mantendo-se sua personalidade”. Já a interação com seu dono “é muito importante devido à confiança mútua” para diversas situações. “Os nossos cães são calmos e sociáveis, mas a partir de um comando ocorre uma transformação de comportamento”, lembra o capitão, referindo-se ao momento em que o animal deve agir com rigor e até causar impacto psicológico no público. “Antes, os cães eram somente dóceis para atividade social ou eram agressivos para ações que dependiam disto. Hoje, desempenham os dois papéis”, esclarece.

O capitão afirma ainda que o faro do cão de polícia é a maneira mais eficaz de detecção. “Ele pode farejar qualquer coisa que desprenda partículas de odor”, esclarece o oficial. Com aposentadoria em torno dos dez anos de atividade, o animal é doado quase sempre ao tratador. “O vínculo que se cria é de pai e filho ou de companheiro de farda”, compara o oficial. “O cão é testemunha da história do policial militar”, resume.

Cães em outras instituições

Outras instituições que compõem o sistema de segurança pública no RS também possuem cães treinados para cumprir suas missões. O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil, com sede em Porto Alegre, atua com quatro animais das raças labrador, pastor belga malinois e australian cattle dog. Estes animais são especialistas em farejar drogas, armas, munição e explosivos. Os cães são parceiros dos agentes André Vizeu e André Travassos, que cuidam deles diariamente. De acordo com os policiais, a detecção é uma brincadeira para os cachorros. Os animais, salientam, nunca têm contato direto com o material no treinamento. Apenas sentem o odor. Já ocorreram situações reais em que descobriram drogas dentro de tubo de plástico submerso na água, tubulação metálica de mesa e quadro de bicicleta, além de entorpecente embalado com outro cheiro para esconder o odor característico.

Na Superintendência da Polícia Federal no RS, o canil, também situado em Porto Alegre, conta com três cães detectores de drogas e bombas, das raças pastor belga, pastor belga malinois e pastor alemão. Dois policiais federais coordenam o Canil da PF. Os cães atuam no Aeroporto Internacional Salgado Filho e em ações no Centro de Distribuição dos Correios, além de apoio ao trabalho da Delegacia de Repressão a Drogas e do Grupo de Bombas e Explosivos.

No Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), do Corpo de Bombeiros Militar, oito cães da raça labrador foram treinados para encontrar vítimas vivas soterradas. No momento, alguns estão sendo capacitados para localizarem de corpos.

Cachorro esteve no Canal de Suez

O dia 14 de outubro de 1964 marcou o início de uma “força canina” estruturada na Brigada Militar. Na ocasião foi criado o Canil da BM, comandado por um capitão e com efetivo formado por um cabo e seis soldados. A missão era adestrar cães para emprego no policiamento. Em sua história destacam-se o cão Satã, enviado em 1967 para a zona do Canal de Suez, no Egito. Ele ficou à disposição da Força de Paz da ONU. Outro destaque é o cão Borg, morto em combate com seis estocadas, desferidas por presos em uma rebelião na Penitenciária do Jacuí.

CORREIO DO POVO