A espiral

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chamadaseguranca1Wanderley Soares 

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) gaúcha está criando um programa que visa a integrar as forças de segurança pública municipais, estaduais e federais. A ideia, embora não seja, exatamente, nova é montar um sistema que agregue tecnologia, procedimentos operacionais e treinamento policial únicos para todos os agentes de segurança. A proposta, ambiciosa na medida em que pretende envolver a área federal, está em estágio de desenvolvimento com coleta de informações e troca de experiências. Sobre isso, um seminário foi realizado na SSP, em Porto Alegre, quarta-feira última, para a apresentação do projeto a secretários municipais de segurança e comandantes de guardas municipais. Estiveram presentes representantes de 30 municípios gaúchos. Da área federal, ao que parece, ninguém foi convidado. Mas tem sentido, pois o programa foi batizado de Sesp (Sistema Estadual de Segurança Pública) e prevê a comunicação mais direta entre os agentes de segurança dos municípios e o estado, inclusive com atendimento de emergência centralizado em um único fone.

Para o secretário executivo do GGI (Gabinete de Gestão Integrada) da SSP, tenente-coronel Alexandre Aragon, com isso, os serviços serão otimizados, o que, digo eu da minha torre, deve ser, afinal, o objetivo de todos os entusiasmados programas da SSP que foram fartos durante o governo Tarso Genro (PT). Peço que, atentos ao plano, sigam-me.

Espiral

Integrar os cérebros da Brigada Militar com os da Polícia Civil (não se fala em unificar, não se fala em fusão) é um debate permanentemente aberto. A fusão seria decretar o óbito de uma das duas instituições, o que, por ora, mais do que complexo, seria impossível. A partir disso, no papel, o embrionário plano da SSP encontra, de plano, poderosa pedra pelo caminho. Pedra lascada, longe da lapidação. Esta integração em estágio pleno nunca chegou a ocorrer.

Deve-se levar em conta, também, a diferença de atividades precípuas, previstas em lei, destas instituições, inclusas as guardas municipais, que envolvem entre outros parâmetros, a questão salarial. Por existirem estas diferenças, os prefeitos, sem exceção, pressionam o governo a preencher os efetivos da Brigada Militar e, agora, como uma das respostas, o Piratini quer guardas municipais para preencher as lacunas brigadianas.

Sem esgotar o tema, lembro que os secretários de segurança e os comandantes de guardas municipais presentes na reunião de quarta-feira, em breve, com a realização de eleições, serão outros e todos nós sabemos da dança das cadeiras e de ideias que sucedem a cada novo pleito. E como o programa pretende atingir o nível federal, a escalada para montá-lo será, na melhor das hipóteses, em espiral. No entanto, tudo está ainda apenas no papel e a coleta de informações recém-começou e, por isso, não posso conter meu entusiasmo pela iniciativa.

JORNAL O SUL