Capitão da BM de Novo Hamburgo embarca para África em missão de paz da ONU

CAPWagner Wasenkeski fará parte do exército que busca restabelecer a paz em Guiné-Bissau

Com 36 anos, sendo oito deles dedicado à Brigada Militar, o capitão Wagner Wasenkeski parte nesta quarta-feira (17) para o trabalho mais importante da sua vida. Ele vai integrar a Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), na Guiné-Bissau, no continente africano.
Wasenkeski, que até então era o comandante do Policiamento Comunitário e coordenava a chefia operacional do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Novo Hamburgo, agora fará parte do exército que busca restabelecer a paz na África. “Eu vou com a farda da minha corporação, representando a nação. É muita responsabilidade”, salienta.
O capitão, natural de Porto Alegre, viveu a infância entre Montenegro e Novo Hamburgo, é de uma família de militares e há tempos alimentava o sonho de participar de um combate como esse. A inspiração veio do pai, Estanislau Waldyr Wasenkeski, coronel da reserva da BM, e do tio, Evaldo Wasenkeski, que integrou uma missão de paz na década de 60. “É triste o que as pessoas passam na África. O índice de mortalidade infantil é alto e de abuso sexual também. Eu sempre quis participar de uma missão e eu confio que vou poder ajudar”, comenta.
Às 14 horas desta quarta-feira (17) ele embarca rumo a um país em guerra civil. O capitão deve ficar na Guiné-Bissau durante um ano. “Vou levar o Vale do Sinos para lá, pois tudo o que sei aprendi aqui”, diz.
Guiné-Bissau em clima de tensão
Guiné-Bissau conquistou a independência de Portugal em 1974 e, desde então, nunca um presidente conseguiu cumprir um mandato. Situação semelhante nos países próximos. Inclusive, no começo de fevereiro a ONU emitiu uma nota oficial dizendo estar preocupada com o clima de ameaça à democracia na Guiné-Bissau, onde o cenário político é marcado por divergências que envolvem partidos representados no parlamento.
Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, o Brasil participa, atualmente de seis missões na África. A presença brasileira na África em missões de paz é antiga. Desde 1993, o País participa e a primeira missão naquele continente em Moçambique. Todos os militares participam de um rodízio anual. A participação do Brasil neste tipo de missão se dá por possuir compromissos do governo assumidos junto às Nações Unidas de cooperar com a paz mundial por meio do poder militar.
De acordo com Wasenkeski, o país está devastado e é necessário restabelecer a segurança pública para que possam ser constituídas as estruturas de paz. A religião predominante é a muçulmana e Al-Qaeda atua na região. Conforme a Unicef, a Guiné-Bissau está entre os 30 países mais destacados em um estudo sobre mutilação genital feminina. Na sexta-feira da semana passada pelo menos cinco soldados de paz morreram no país de Mali, e outros 30 ficaram feridos após um ataque. “Está todo mundo meio preocupado comigo, mas eu me preparei para isso”, garante.
Guine-Bissau
Há mais de um ano em preparação
Desde a juventude, quando participou do Curso de Liderança Juvenil (CLJ) por 13 anos, Wasenkeski gostava de ajudar as pessoas. Em 2004, alistou-se para o programa de voluntariado aos vitimados do Tsunami de 2004 e participou de uma missão médica na Amazônia em 2005. Há um ano e meio, quando o Comando de Operações Terrestres do Exército abriu inscrições para a missão de paz, o militar decidiu se alistar. Sua inscrição foi homologada e desde então passou a realizar uma série de provas e entrevistas. Neste processo, outros candidatos acabaram sendo desclassificados. Recentemente, ele ficou 40 dias no Rio de Janeiro para um treinamento de guerra presencial. “Gostaria de ter outros companheiros lá, mas a prova de inglês foi muito difícil e nem todos conseguiram”, conta.
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