Um ato pelo fim da violência

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17641Moradores e comerciantes realizam protesto com pedidos de maior segurança no bairro Edmundo Trein/Cohab I em razão do assassinato de Osmar Drey, de 66 anos, na última semana

Um ato público marcou o fim de tarde e início da noite de ontem (24) na Avenida do Barão, no Bairro Edmundo Trein/Cohab I. O protesto, idealizado por comerciantes e moradores de Passo Fundo, teve como objetivo o combate à violência e a falta de segurança na localidade. O primeiro protesto aconteceu por causa do assassinato do comerciante Osmar Antônio Drey, de 66 anos, no estabelecimento onde trabalhava, que não resistiu a um disparo de arma de fogo. O ato reuniu a representantes da Associação dos Moradores do Bairro Edmundo Trein/Cohab I, Dona Júlia, Nenê Graeff, Secretaria de Cidadania e Assistência Social (SEMCAS) e União das Associações de Moradores de Passo Fundo.

Com o asfalto pintado com as palavras ”Chega de violência”, cerca de 200 pessoas se concentraram na Avenida e realizaram o ato, com pedidos de maior segurança e fim da violência. De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Edmundo Trein/Cohab I, Gilvan Marinho, o ato representa a voz da comunidade pedindo maior proteção. ”Queremos que a violência termine, que o nosso bairro seja mais seguro. A violência está se tornando rotina por aqui. Estamos pedindo somente segurança. As autoridades precisam tomar providências, nós pagamos impostos e não encontramos segurança”, afirma. Segundo o presidente, na tarde de terça-feira (23), o bairro foi alvo de um novo assalto. Desta vez, um ônibus teria sido assaltado em plena luz do dia.

Marinho relata que o assassinato de Osmar Drey na última semana chocou a comunidade, com a qual o comerciante sempre manteve boas relações. ”Ele foi um dos fundadores da Cohab. Quando foram feito os apartamentos, ele ajudou na reforma de todos, em 1982. Era morador antigo, ajudava muito as pessoas. Sempre foi uma pessoa correta e boa para a comunidade”, relata o presidente.

”Um grito de pessoas inseguras nos bairros”
O presidente da Associação dos Moradores do Boqueirão, Mauro Moreira, diz que a população estava com o grito preso na garganta. ”É o grande grito da população. Um grito contra a violência, de uma população que não está mais aguentando o que está acontecendo nos bairros. Queremos que esse grito seja do Drey e de todas pessoas que são atingidas com esses assassinatos, porque não temos resposta da Polícia ou do Estado sobre o que fazer. É um grito de pessoas que estão inseguras nos bairros”, completa.

O assassinato
O latrocínio – roubo seguido de morte – do comerciante Osmar Drey aconteceu na última quinta-feira (18), quando foi atingido por um disparo de arma de fogo em sua loja de materiais de construção. O comerciante foi levado até o Hospital São Vicente de Paulo, realizou cirurgia, mas não resistiu e faleceu no último sábado (20). O comerciante deixou dois filhos, Simone e Cristiano Drey. No momento do assalto, Cristiano Drey estava no estabelecimento. ”Foi tudo muito rápido. É revoltante, a gente fica impune. Essas pessoas não deveriam estar no meio da sociedade. Estão lesando e prejudicando as pessoas”, afirma. As imagens do assalto foram registradas pela câmera de monitoramento da loja e devem contribuir nas investigações realizadas pela 2a Delegacia de Polícia Civil.

Um pai querido pela comunidade
Osmar Drey trabalhou como pedreiro durante anos. Segundo o filho, Cristiano Drey, o comerciante trabalhava em prol do bairro Edmundo Trein, onde criou a família. ”Meu pai ajudou a reformar os prédios daqui, ajudou a construir o posto policial, reforma do clube, das escolas. Participou da construção e ampliação do CTG do bairro. Ele não estava envolvido em diretorias, mas sempre estava ajudando todos da maneira que podia. Ele queria o bem da comunidade. A vida dele girava em torno desse bairro”, conta.

Segundo Cristiano Drey, os assaltos em estabelecimentos são comuns na localidade, mas essa realidade precisa mudar. ”Estamos pedindo justiça, não pelo que aconteceu com o meu pai, mas pelo futuro. Isso pode acontecer com qualquer comerciante do bairro. Todos já foram assaltados aqui. Esperamos que todos vejam a nossa situação. O pessoal não sai de casa com o olhar de tranquilidade como antigamente”, conclui.

Diário da Manhã