Para conter assaltos, restaurantes e lojas enviam propostas ao governo

foto-blog1-e1451922348648Iniciativa é de dois sindicatos, mas ainda não há previsão para implantação

Proprietários de lojas e restaurantes tentam reverter os assaltos frequentes, que acabam causando perda de clientes e prejuízos. Para mudar esse cenário, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) e o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha) apresentaram propostas ao governo estadual, mas ainda não há previsão exata para início das ações.

Dono de uma lancheria no Centro de Porto Alegre, João Antônio Kleer se soma a outros comerciantes que enfrentam a rotina de insegurança em todo o Estado. No caso dele, foram três assaltos no último ano. No terceiro, foi agredido com coronhadas e levou sete pontos na cabeça.

João conta que já é comum ouvir nas conversas de funcionários e clientes que outros locais da região também foram alvos de criminosos. “Estou preocupado que eles voltem, mas não posso parar de trabalhar, tenho meus empregados”, desabafa.

A sensação de insegurança gerada pelos assaltos já supera os problemas econômicos no ranking das preocupações dos donos de lojas de rua no Rio Grande do Sul. É que apontou uma pesquisa da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo, divulgada em janeiro. No levantamento, 31% das respostas mencionaram os roubos de produtos em assaltos e a segurança de clientes e funcionários, vencendo a preocupação com os preços de aluguéis e com a queda de vendas.

Na Capital, a situação não é exclusiva da área central. No depósito da loja Elevato, localizado na Avenida Severo Dullius, foi um roubo em novembro, e outro em março. Mesmo com câmeras de segurança e empresa de vigilância, os assaltantes conseguiram levar os computadores com as imagens e mercadorias, um prejuízo que contabilizou quase R$ 150 mil.

O proprietário, Arcione Piva, conta que em uma dessas ocasiões, a polícia chegou a ser acionada, mas os bandidos finalizaram o roubo após os agentes saírem do local.

“A polícia foi chamada e não tinham levado nada ainda. Fizeram a vistoria interna, mas, uns cinco minutos depois que foram embora e reativaram o sistema de segurança, houve o roubo. Eu imagino que eles ficaram lá dentro escondidos enquanto a polícia estava, porque foi muito rápida a ação deles pra retirar as mercadorias”, lembra.

Além de ser uma das vítimas, Piva também é vice-presidente Sindilojas. Em parceria com o Sindha, as entidades entregaram ao governo do Estado propostas para auxiliar na redução da criminalidade. De acordo com Piva, as principais são a criação de um fórum integrado por entidades da sociedade e a retirada da Brigada Militar da administração interna dos presídios para que seja deslocada para o policiamento ostensivo nas ruas.

Apesar da intenção de oferecer alternativas que sejam viáveis ao cenário atual do governo, o diretor de Gestão e Estratégia da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), tenente-coronel Luiz Dulinski Porto, admite que a proposta de trazer os policiais que atuam na segurança interna da Susepe esbarra ainda na falta de recursos do Piratini.

“Nós estamos tentando chamar concursados, sensibilizar o governo do Estado, mas essa proposta esbarra, e tem que ser compreensível essa  questão, nas condições financeiras do estado. Uma vez que o estado tenha as condições de chamar novo concurso e de completar os efetivos, nós teremos condições de contemplá-la. Mas por enquanto não tem previsão”, explica.

Segundo o diretor, a opção mais rápida de ser colocada em prática é uma negociação que ocorre com os sindicatos para compra ou aluguel de caminhonetes para uso da BM. O número inicial discutido é de 15 veículos. No entanto, o Sindilojas afirma que esta medida ainda não foi confirmada e que está em fase de análise junto ao poder estadual.

Outras ações em debate, segundo a SPP, são a parceria com as prefeituras para que as salas de operações das guardas municipais sejam unificadas com a Brigada Militar e a Polícia Civil, algo que também não tem previsão, mas já está sendo tratado com as prefeituras, e a manutenção das operações que combatem os desmanches ilegais.

Ainda que não haja previsão exata para a implantação das medidas, o Sindilojas se diz otimista com a receptividade das propostas na Secretaria. A entidade defende que a interferência dos sindicatos é necessária para que prejuízos provocados pela insegurança comecem a ser revertidos logo.

Crimes preocupam mais lojistas de rua do que a economia

A principal preocupação de donos de lojas de rua no Rio Grande do Sul é com o aumento de roubos de produtos em assaltos e com a segurança de clientes e funcionários. Foi a situação mais apontada em pesquisa da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo.

O resultado, de certa forma, surpreendeu o presidente da AGV. Vilson Noer percebe que é um receio cada vez mais presente no dia a dia do empresário, mas não sabia que superaria os problemas da economia.

– Os crimes contra o comércio estão cada vez mais frequentes. Os caras encostam caminhões nas lojas e roubam muitos eletroeletrônicos. Estão assaltando até lojas de confecções e roubando roupas. Sem contar o pânico dos funcionários.

Acrescenta que as lojas estão mudando de endereços e até encerrando as operações por causa da insegurança. Muitos casos não são cobertos por seguro.

– Então, o lojista contrata segurança privada, o que pode representar de 3% a 6% do faturamento. É muito dinheiro para quem já está pagando mais ICMS e deveria estar recebendo esse dinheiro de volta em segurança!

Resultados da pesquisa:

31% roubos de produtos em assaltos e com a segurança de clientes e funcionários

28% preços dos aluguéis

13% queda  de vendas

12% aumento de ICMS

9% cenário econômico brasileiro

7% inadimplência dos consumidores

GAÚCHA