ZERO HORA: Nosso sistema de coleta e análise de dados está defasado, diz secretário Jacini sobre indicadores de criminalidade

Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, Jacini explicou também as medidas que estão sendo tomadas pelo governo para reforçar a segurança no Estado Foto: Jaqueline Sordi / Agência RBS
Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, Jacini explicou também as medidas que estão sendo tomadas pelo governo para reforçar a segurança no Estado
Foto: Jaqueline Sordi / Agência RBS

Justificativa é diferente da explicação da própria secretaria, dada na terça-feira, para o aumento no intervalo de divulgação, de três para seis meses 

A razão da decisão da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de divulgar os índices de criminalidade do Estado somente a cada semestre — e não mais a cada três meses, como era feito até o ano passado — é a defasagem do sistema de coleta e análise de dados, disse nesta quarta-feira o Secretário Estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini.

Confirmada pela SSP no início da semana, a mudança na periodicidade de divulgação dos dados foi criticada por especialistas em segurança pública e representantes de entidades como a OAB/RS por diminuir a transparência sobre a situação da segurança pública.

Em coletiva de imprensa antes de palestrar para o evento Tá Na Mesa, da Federasul, Jacini explicou que a decisão foi tomada porque a tecnologia atual precisa ser atualizada para garantir dados fidedignos:

— Hoje o sistema é muito trabalhoso para se chegar aos dados corretos, ele não comporta o que queremos, e por isso a demora nas análises. Se dependesse de mim, gostaria de atualizar a população diariamente sobre os índices. Temos o dever de passar informações para a sociedade.

A justificativa do secretário vai de encontro à explicação dada a Zero Hora na última terça-feira pelo tenente-coronel e diretor de Gestão e Estratégia da SSP, Luiz Porto. Conforme o diretor, a divulgação trimestral dos índices não retratava dados consistentes sobre a violência, mas sim mudanças sazonais. Três meses seria, para Porto, um período muito curto para se ter uma análise acurada do comportamento criminal.

Já segundo Jacini, o principal problema não seria a temporalidade, mas sim a capacidade do sistema. O secretário afirmou, ainda, que o governo adquiriu recentemente um novo software, chamado Qlikview, para modernizar a coleta de dados, análise e elaboração de estratégias no combate à criminalidade, com capacidade de produzir relatórios de forma mais ágil.

Conforme Jacini, dezenas de servidores da SSP já estão sendo capacitados para operar o sistema, cuja aquisição contou com o aporte de recursos do Programa de Oportunidades e Direitos (POD), parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mas ainda não há uma previsão sobre quando irá começar a operar no Estado.

Já durante a reunião-almoço promovida pela Federasul, o secretário voltou a falar sobre a implementação de um sistema integrado de segurança dos municípios com o Estado com o objetivo de reunir esforços para fechar o cerco à violência, explicando que ele está inserido no Plano Estadual de Segurança, que conta com 15 políticas para o setor e contempla 106 ações, das quais 70 já estão em andamento.

— Hoje os esforços dos municípios são isolados, não se integram um com os outros nem com o Estado. O que queremos é uma união, com centros de comando integrado — garantiu.

Sobre o custo desta integração, Jacini explicou que as estratégias foram construídas dentro do efetivo e do orçamento que já existem. Entre as ações propostas, está o um modelo de trabalho com centros de comando e controle para gerir o monitoramento de todo o Estado, assim como uma doutrina única, na qual os agentes de segurança são capacitados da mesma forma em todo o RS.

Jacini destacou que o RS tem 26 municípios com guardas municipais e outros 106 dotados de videomonitoramento, mas que atuam de forma independente umas das outras:

— Esses esforços estão isolados, não se comunicam, não se integram. A ideia é evitar que em uma mesma ocorrência se desloquem, por exemplo, uma viatura da Guarda Municipal e outra da Brigada Militar. A ideia é otimizar o trabalho da polícia — concluiu.