Coronel ‘linha dura’ critica estado e atitude de alguns policiais nas ruas

Parentes e amigos desolados durante o enterro do terceiro sargento do GAM, Eduardo Araújo de Souza Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Parentes e amigos desolados durante o enterro do terceiro sargento do GAM, Eduardo Araújo de Souza
Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia

Dois PMs foram baleados, nesta quinta-feira, em Guadalupe e Nova Iguaçu

DIEGO VALDEVINO

Rio – O coronel da PM, Paulo César Lopes, conhecido como ‘linha dura’, criticou severamente além do estado, a atitude de alguns policiais nas ruas. “Parece-me que optaram por ser caça ou permitir que seus companheiros, quando de folga, sejam caçados. Decorrência de um comportamento omisso no serviço.”

Ainda segundo o ‘linha dura’, a presença da Força Nacional de Segurança atuando nas ruas do Rio dentro e fora de período de Jogos Olímpicos não mudará o atual quadro da violência, que tem vitimado dezenas de policiais desde o início do ano.

“A Força Nacional é uma pantomima empregada em estados cujas forças de segurança são incompetentes. Cidades como São Paulo já se socorreram com a Força Nacional?”, questionou o coronel.

Policiais baleados em Guadalupe e Nova Iguaçu

Dois policiais foram baleados nesta quinta-feira, em Guadalupe e Nova Iguaçu. Nesta quinta-feira, ainda, pelo segundo dia consecutivo, mais um PM foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade. Nesta tarde, familiares e amigos do terceiro sargento Eduardo Araújo de Souza, de 37 anos, choraram no enterro do PM, lotado no Grupamento Aero-Marítimo (GAM), onde estava desde dezembro. Ele foi morto a tiros na frente da esposa numa tentativa de assalto na Cidade Alta, por volta das 6h de quarta-feira. No mesmo dia, o tenente do Batalhão de Choque, Márcio Ávila da Rocha, 30 anos, assassinado em Vila Isabel, foi enterrado no mesmo local.

Os dois policiais baleados nesta quinta-feira impediram a ação de criminosos que tentaram roubar um caminhão de cargas e um carro dos Correios. Já houve oito casos semelhantes desde domingo. Três deles não resistiram.

O soldado Souza, baleado no bairro K-11, em Nova Iguaçu, já recebeu alta do Hospital Nossa Senhora de Fátima. Ele foi atingido no ombro direito e passa bem. Dois bandidos teriam sido presos e um conseguiu fugir após a troca de tiros.

Já o policial identificado apenas como soldado Cruz, foi atingido no pé. De acordo com a corporação, agentes do 41º BPM (Irajá) impediram que criminosos roubassem um caminhão de carne na Rua Marcos de Macedo, esquina com a Estrada do Camboatá, considerada como uma das mais perigosas da região.

A perseguição deu início a um tiroteio, e o policial militar foi baleado. Ele foi socorrido no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e seu estado de saúde é estável. Os bandidos fugiram. O caminhão roubado foi recuperado.

Nas folgas

Em reunião do Comitê Executivo de Segurança Integrada Regional no Gabinete de Gestão de Crise do Centro Integrado de Comando e Controle, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame falou sobre ataques a policiais. Destacou que 80% dos agentes são mortos durante suas folgas.

“Infelizmente a cabeça de um policial virou prêmio para os marginais, principalmente quando ele é identificado como policial. Não temos um plano específico para combater esses crimes, mas sim para continuar a reduzir o número de homicídios no Rio, que já foi de 40 por 100 mil habitantes e hoje está em 18 por 100 mil.”

Policiais correm mais riscos de morrerem em assaltos

Os seguidos assassinatos de policiais corroboram para a alarmante taxa de mortalidade de PMs por latrocínio. Nos primeiros quatro meses desse ano, o índice foi 125 superior em relação às mortes do mesmo tipo de crime do restante da população do Estado do Rio. O cálculo divulgado nesta quinta-feira pelo O DIA, que teve acesso aos casos tratados como latrocínios de PMs no período pela Delegacia de Homicídios.

De janeiro a abril, 18 agentes da polícia morreram em assaltos. No mesmo período, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), outras 55 pessoas foram vítimas do mesmo crime.

O DIA