Atos foram realizados no Aeroporto Salgado Filho, no bairro Humaitá e no Centro
Uma multidão tomou as ruas de Porto Alegre neste final de semana, em protestos contra a violência e a insegurança. Os atos ocorreram no bairro Humaitá, no Aeroporto Salgado Filho e na região central. Em todos, o coro foi um só: mais policiamento ostensivo na Capital.
No bairro Humaitá, centenas de jovens e adolescentes prestaram homenagem no início da tarde deste domingo ao estudante de Administração Rodrigo Maciel Gonçalves, 17 anos. Eles ataram laços brancos em troncos de árvores e fizeram uma caminha em volta do Parque Mascarenhas de Moraes portando flores, balões brancos, faixas e cartazes. Rodrigo foi morto com um tiro no peito no dia 13, em uma tentativa de assalto. Ele caminhava pelo parque com um casal de amigos quando foi abordado por dois adolescentes.
— Essa é uma manifestação dos amigos do Rodrigo, então eu vejo um pouquinho dele em cada um que está aqui. Isso me conforta bastante. Mas também é um pedido por segurança. Meu filho já havia sido assaltado outras vezes e eu não sei quando esses guris vão estar aqui de volta, assaltando todo mundo — disse o pai de Rodrigo, o servidor público Carlos Eugênio Gonçalves.
Pela manhã, outra manifestação semelhante ocupou o centro da cidade. Cerca de 500 carros partiram em carreata do estádio Beira-Rio até a Usina do Gasômetro. Intitulado Carreata por Mais Segurança, o ato foi organizado pelo movimento Segurança Urgente, que pretende reunir 50 mil assinaturas em um abaixo-assinado a ser entregue ao governador José Ivo Sartori. Os manifestantes são vizinhos do capitão da reserva do Exército Carlos Norberto Barbosa dos Santos, 59 anos, morto no dia 28 de março durante tentativa de assalto no bairro Tristeza.
— Queremos mais policiamento e também o fim desse prende e solta. Não é possível que a Brigada Militar prenda um bandido e no mesmo dia ele esteja de volta nas ruas. Tenho um filho na faculdade e não descanso enquanto ele não chega em casa — desabafa um dos coordenadores do movimento, o engenheiro-eletricista Miguel Vianna, que participou dos três protestos realizados no final de semana.
No sábado, Vianna havia estado no saguão do Aeroporto Salgado Filho, onde amigos e colegas de trabalho de Mineia Sant Anna Machado fizeram um protesto silencioso. Carregando um cartaz com uma foto de Mineia e a frase “estará sempre em nossos corações”, a mãe, o filho de criação e o padrasto da funcionária terceirizada da Infraero foram seguidos por dezenas pessoas. Mineia, 39 anos, foi sequestrada quando deixava o aeroporto, na madrugada de 10 de junho. Ela foi levada no próprio carro por um adolescente de 16 anos e o comparsa, identificado pela polícia como Dione Maicon Camargo de Mattos, 32 anos. Os criminosos a levaram até um matagal nas margens da BR-386, em Montenegro, onde o adolescente a matou com uma torção do pescoço, seguida por golpes de chave de fenda na cabeça e no peito. Os dois suspeitos foram detidos — Mattos está no Presídio Central, e o adolescente foi encaminhado à Fase. Eles irão responder por latrocínio e ocultação de cadáver.
— Precisamos de mais segurança aqui. Hoje foi a minha irmã, mas amanhã pode ser qualquer um — lamenta Camila Sant Anna da Silva, 27 anos, irmã da vítima.
ZERO HORA