Mesmo diante do preconceito, policiais provam que arte desenhada no corpo não define caráter nem desempenho
Enquanto candidatos dos certames para Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de outros estados precisam buscar os meios jurídicos cabíveis para dar continuidade às demais fases do concurso pelo simples fato de terem uma tatuagem, no Amazonas estamos mais avançados a respeito do assunto, mas claro que para tudo há uma exceção. As tatuagens devem seguir a legislação de ingressos.
Muitos policiais militares e bombeiros que possuem a arte em alguma parte do corpo não se sentem intimidados por causa da tatuagem, mas afirmam ter passado por algum tipo de constrangimento, mais por parte da tropa antiga que de certa forma acaba deixando o preconceito falar mais alto.
Mas nem por causa disso os policiais militares que admiram gostar da arte se deixam intimidar e continuam a estampar a pele, claro, sem desrespeitar a instituição. Fã do Coringa por apresentar um total paradoxo de pensamentos, desafios e opnião, o cabo da Polícia Militar do Amazonas Michael Manguinho, 37, é um exemplo de como o preconceito no estado não tem vez.
O policial, que está há 16 anos servindo a corporação, onde passou pela Força-Tática, a Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) e agora serve uma das Companhias Interativas Comunitárias (Cicom), possui seis tatuagens, entre elas uma é o próprio rosto do personagem favorito: o Coringa, que para muitos no mundo do crime tem outro significado criado com os filmes dos Batmam, em que o vilão acaba com vários policiais.
“Quando resolvi tatuar o rosto do Coringa, sabia dessas histórias, mas isso não me influencia, pois o personagem em si, para quem conhece realmente e é fã, tem muito a contar e não me identifico com outro significado”, comentou.
Manguinho, quando entrou na PM não tinha nenhuma tatuagem. Hoje, apaixonado pela arte, sonha em poder desenhar novos desenhos pelo corpo.
Discriminação interna
O segundo tenente da Polícia Militar do Amazonas, Francisco Carpegiane Veras de Andrade, disse que hoje em dia a discriminação ocorre, mas não pelo público externo. Porém já recebeu críticas de oficiais superiores mais antigos.
Quando entrou na coorporação, o tenente tinha iniciado alguns desenhos nos braços, mas após a aprovação no concurso resolveu fechar os dois mebros superiores com as artes.
De um lado com desenhos orientais e templos budidas. No outro lado do braço, Carpegiane tem um leão – que representa Jesus Cristo – com uma frase bíblica e demais desenhos regionais, traços iguais de vasos de cerâmicas indígenas. “São tatuagens que não transmitem violência e nem agressividade”, comentou.
O tenente que é bacharel em direito e em Ciências Militares e Segurança Pública (Academia da Polícia Militar), informou que não se pode tatuar imagens que denigram a instituição, o pudor ou o decoro da classe. “O que não é permitido são tatuagens ofensivas, com palavrões, algo que representasse morte e violência. Até porque somos policiais e temos que ter a consciência de cada situação”, disse.
Exclusão de candidato em MG
Na última semana, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou e considerou nulo, por unanimidade, o ato de exclusão de candidato do concurso público do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais devido à existência de tatuagens no corpo.
O candidato se inscreveu no concurso do Corpo de Bombeiros em 2004 e obteve aprovação na primeira fase, destinada as provas objetivas. Quando foi submetido aos exames médicos foi eliminado. O motivo: o fato de ele ter três tatuagens no corpo. Por causa disso, o candidato deu entrada ao processo judicial e obteve liminar e conseguiu concluir as demais etapas do concurso.
Regras para os desenhos na pele
Assessor jurídico da Polícia Militar do Amazonas, o tenente coronel Flávio Diniz explicou que no Amazonas a lei 3498 de 2010 destaca alguns requisitos para os candidatos que possuem tatuagem. Diferente de outros estados, não existe restrição, mas as artes precisam respeitar os requisitos que são: Não agredir a população, não atentar contra a moral e a dimensão dos bons costumes.
“Nunca tivemos nenhum problema com a nossa coorporação em relação a caditados que tenham tatuagens, pois o que realmente importa é a qualificação do profissional. Um desenho ou uma arte no corpo não leva a julgamento de ninguém, muitos menos os tipos de desenhos que são destinados a algum envolvimento com algum tipo de crime. Não há registro em lugar algum sobre esses símbolos que de alguma forma se adaptaram na cultura”, explicou o coronel.
Frase
“O rótulo, o conceito ou o preconceito está em quem o vê. Não é essa Tatoo que vai dizer quem eu sou ou como ajo na minha vida pessoal e profissional. Adoro a arte e amo a minha profissão, não posso ser avaliado ou discriminado pelo desenho que carrego no braço, independente de seu significado, pois este, difere de pessoa para pessoa”, Michael Manguinho, cabo PM.
Fonte: A Crítica