Fomento de cidadania e prevenção: mais 900 crianças formadas no Proerd

O Cidec-Sul, localizado no Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), lotou na tarde desta sexta (8). O espaço recebeu alunos, professores, familiares e membros do 6º BPM e também contou com a presença do famoso Leão do Proerd – que entrou com a Tocha Olímpica nas mãos. Todos aplaudiam a cada declaração e reunidos para vivenciar mais uma formatura dos participantes do Programa de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), realizada pela Brigada Militar.

O Proerd está presente em mais de 50 países e, em Rio Grande, desde 1999. Nesta edição, foram 32 turmas de 13 escolas – entre particulares, estaduais e municipais: Almirante Tamandaré, que durante o evento foi homenageada pela passagem de seus 30 anos; Porto Seguro; Mario Quintana; Manoel Mano, Roberto Bastos Tellechea; Cesam; Coração de Maria; Caic; Cipriano Porto Alegre; Miguel Couto; Wanda Rocha; Clemente Pinto; e, Juvêncio Lemos.

As escolas tiveram a oportunidade de oferecer para cerca de 900 alunos atividades educativas, com o intuito de promover a prevenção às drogas e, também, aproximar os brigadianos dos alunos, desfazendo qualquer estereótipo anterior que pudesse causar medo nos pequenos.

De acordo com o comandante do 6º BPM, major Leonardo Nunes, o Proerd é muito importante, pois oportuniza, desde o começo, informação e prevenção aos pequenos. “É muito bom termos outra formatura e continuarmos, sempre, garantindo esse projeto a outras crianças, pois ele visa chamar a atenção para o risco do envolvimento com drogas, isto é uma semente que estamos plantando, para que eles evitem o contato com as drogas durante a vida deles”.

Instrutores

Há 6 anos no Proerd, a soldado Giovana é a única instrutora do Projeto que tem dedicação exclusiva – os outros policiais atuam também no policiamento e, por isso, ela é sempre a instrutora que tem mais formandos e, também, mais motivos para comemorar.

Giovana contou que o mais interessante do projeto é ver que as crianças criam um laço de carinho pela figura do policial, que antes era vista com medo pelos alunos. “Muitos deles vêm de regiões com maiores índices de criminalidade e, infelizmente, já presenciaram a prisão de alguém por exemplo e, por isso, acabam associando a imagem do policial como alguém que apenas prende. O projeto vem pra mostrar que o policial é um amigo, que mostra os males das drogas e da violência, e o quanto é melhor se manter longe desses focos”, contou Giovana.

O tenente Rafael participa do projeto há 6 anos e ressaltou que o Proerd é resultado de um trabalho em equipe, onde não existem chefes. “Aqui não tem chefe, todos que trabalham no Proerd estão aqui pra passar informações, para plantar uma semente no agora e colher depois. Nós não dizemos o que eles devem ou não fazer, nós mostramos as consequências das ações, falamos sobre os males do cigarro, sobre violência e também abordamos noções de cidadania […] também é muito bom quando os pequenos levam pra casa o que aprendem, eles repassam o que viram no Proerd para o pai e para mãe em casa”, disse o tenente.

Outro instrutor do Proerd é o soldado Barros, formado desde 2013, o soldado participou dos projetos nas escolas Miguel Couto, Juvêncio Lemos e Clemente Pinto e conta que, durante o tempo do projeto, foi nítido o estreitamento da relação com os pequenos. “É muito legal a forma que a prevenção é trabalhada no Proerd, muitos, no começo, diziam que não gostavam da brigada, que ela só servia para prender as pessoas e, agora, é muito diferente a visão, eles olham pra nós como um amigo […] e vou te dizer, se de todos aqui dentro [900 crianças], ao menos um, levar para a vida os ensinamentos que passamos durante o projeto, se mantendo longe das drogas e do crime, o nosso serviço já valeu”, concluiu Barros.

Na corporação desde 2011, o soldado Franco – que foi o instrutor na escola Wanda Rocha – ressaltou que o mais importante para os pequenos é a desmistificação da figura do policial e, para os maiores, é o enfoque mais forte na prevenção contra as drogas lícitas e ilícitas. “No começo do projeto, eles enxergam a figura do policial como uma figura opressora, e uma das filosofias do Proerd é mostrar que o policial é amigo deles e está aqui para ajudá-los, se for necessário”, disse Franco.

Escolares

Antes da cerimônia, os pequenos se divertiram com o Leão, com as danças e brincadeiras, mas todos estavam ansiosos pela hora de exibir os diplomas de formandos em cima do palco. Conversando com alguns desses formandos, alunos da Escola Estadual Miguel Couto, localizada no bairro Cidade Nova, dava para perceber que as aulas do projeto valeram à pena:

O simpático Murilo Quaresma Tavares – de 10 anos e que sonha em ser corredor – contou que adorou o Proerd e aprendeu muito. “Eu achei bem legal, antes pelo que eu via na TV, eu achava que o policial era mau, agora eu aprendi que, quando uma pessoa te pede para usar drogas, a gente pode convidar essa pessoa pra fazer outra coisa que não faça mal”, explicou.

A pequena Maristella Ribeiro, de 9 anos, é moradora da rua Henrique Pancada e disse ter perdido o medo dos policiais. “Aprendi que eu não devo usar drogas, não devo beber bebidas alcoólicas, ficar longe do cigarro e também da violência. Ahh, e eu também perdi o medo, eu tinha medo da polícia, não sei porque eu tinha medo, mas até a minha mãe dizia que eu era bebê e já tinha medo. Agora, eu não tenho mais”, contou.

A diretora da Escola Estadual Miguel Couto, Raquel Jardim, conversou com a reportagem e explicou que o projeto tem a importante missão de trabalhar também a questão da cidadania. “É muito importante este projeto, pois, além das questões sobre drogas, ele aborda noções de respeito e cidadania, quando desmistifica a figura do policial. Alguns tinham medo, receio dos policiais, justamente, porque vêm de áreas em que ocorrem ações policiais e, quando pequenos, eles não entendem essas ações e criam esse receio”, explicou.

Campeão

Ao fim do evento, um aluno – Luan de Oliveira Cunha, de 11 anos, estudante da Escola Roberto Bastos Tellechea e que sonha em ser jogador de futebol – recebeu o prêmio de melhor redação, e a equipe de reportagem conversou com ele, porém antes do pequeno saber que era o vencedor, e perguntou sobre o que ele aprendeu e se ele tinha feito uma redação: “Aprendi muitas coisas boas que eu vou levar para a minha vida toda, eles nos disseram o que faz mal, e o que não faz mal, e também que a violência não nos leva a nada […] tudo que eu aprendi no Proerd, eu coloquei na redação, acho que ela ficou boa sim, acho que ficou mais ou menos”, contou Luan, ainda sem saber que a sua redação seria a vencedora.

Por Esther Louro

Jornal Agora