Comando da BM revela balanço do semestre
“O exército do bem é muito maior que do mal, nós vamos vencer esta guerra”, com esta frase o tenente coronel Ronaldo Buss, comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), encerrou a coletiva de imprensa chamada pelo tom informal de “Café com o comandante”, realizada na tarde de ontem na sala do comando.
Logo de início, comandante e subcomandante deixaram claro que a apresentação de números deste primeiro semestre não receberá uma comparação de dados, apenas a apresentação dos índices registrados até então em 2016. Com desfalques de efetivo, combustível, cortes de horas extras e parcelamento salarial, pelas palavras do major Emerson Ubirajara, subcomandante, “Não queremos comparar com 2015, pois fica muito injusto. São realidades diferentes”, aponta.
Outro número que está sendo guardado sob sigilo e que preocupa todo o estado, mesmo sob o anúncio de novo efetivo de 2,6 mil para o Estado, dado pelo governador, é o déficit de 17 mil Policiais Militares no Rio Grande do Sul, que também reflete na cidade.
Ronaldo Buss destaca, “Não vamos revelar o déficit, não daremos este incentivo aos criminosos. Eles não vão ter isso de nós. Não trabalhamos desmotivados, não trabalhamos pelo salário, nós trabalhamos pela sociedade. Bandido também vê jornal e televisão, nós queremos desencorajar eles”.
Números – Sete crimes são listados pelo comando como os mais preocupantes, ao qual operações são semanalmente orientadas para inibi-los. Ordenados por suas prioridades, são eles: 61 homicídios; seis latrocínios; roubo a pedestre 867; 441 roubos a veículo; 204 roubos a comércio; 114 roubos a coletivo; seis sequestros.
Ligações, trotes e informações
“O número 190 é um número de emergência, mas neste termo, poucos compreendem que não abrange todas as suas emergências, apenas as policiais e reais”, introduz o major, para falar que 181 mil ligações ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), o 190, apenas neste ano, 61.682 foram para pedir informações. Desde onde fica uma rua até, o número do sistema de água e esgoto.
Apesar deste, o número mais preocupante é o de trotes, que continua absurdamente algo, com 50.487 registros. Outras ligações, que poderiam competir aos mais diversos setores públicos, correspondem há 52.630.
Por fim, as ocorrências geradas à partir de ligações de real emergência policial, ocupam apenas 9% da totalidade, com apenas 16.829 das 181 mil. Conforme o comando, este número é extremamente preocupante, mas não apenas à Segurança Pública. Este número engloba a consciência do cidadão e reflete a educação fragilizada do país. O comando ressalta que todas as ocorrências são atendidas com a mesma prioridade, pois “nunca se sabe quando uma briga de rua se tornará um assassinato, ou um roubo a botijão de gás, um latrocínio”, destaca Buss.
Dos chamados complementares que a BM tem de prestar apoio, também estão o acompanhamento de Oficiais de Justiça e os apoios ao Samu, do qual constam 788 registros.
ENTORPECENTES, A BASE DA CRIMINALIDADE
O total de entorpecentes apreendidos apenas neste ano, já atinge o exorbitante número de R$ 511.240,25 se somados os valores das drogas e dinheiro tirado de circulação com os traficantes.
O comandante destaca que 41% dos presos são traficantes, 45% usuários e 14% testemunhas, que constituem em sua maioria, compradores detidos durante a prisão de um vendedor de drogas.
HOMICÍDIO, O MAIOR REFLEXO DA INSTABILIDADE DE SEGURANÇA
Crimes contra a vida estão entre os mais preocupantes e refletem a instabilidade financeira, moral e de segurança pela qual o país passa neste momento.
Conforme mapa criminal do 12º BPM, 67% dos assassinatos são por meio da execução de desavenças ou vinculadas ao tráfico; 7% são latrocínios (roubos seguidos de morte); 15% constituem brigas; 6% confrontos da BM com criminosos (índice com sutil redução no semestre) e 5% são crimes passionais, que envolvem conflitos de casais.
Como meio mais utilizado para os crimes, permanece em domínio o uso de armas de fogo, estando presentes em 87% dos crimes contra a vida. Por seguinte vem agressões (pauladas e afins), por terceiro, com 2% os tiros somados a facadas e em quarto, com 8% assassinatos com facadas.
Perfil das vítimas – Dentre as vítimas de assassinatos, 90% das são homens, contra 10% de mulheres. Conforme o major Ubirajara o índice se justifica pelo menos envolvimento das mulheres com crimes violentos. Dentre o total de vítimas, 28% não tiveram passagem pela polícia e 72% já cometeram algum ato criminoso.
Sobre os dias em que os homicídios mais são cometidos, estão descritas às terças e domingos, com 11 mortes cada, seguidas pelas quintas-feiras, com dez registros e após os sábados e segundas, com nove casos. Ironicamente, o dia em que ocorrem os jogos de futebol, às quartas-feiras, tiveram apenas quatro crimes contra a vida contabilizados.
Índices do 12º BPM
Reincidentes
– Apenas em 2016 a Brigada Militar deteve 79 reincidentes;
– 13 já foram presos três vezes neste semestre;
– Um foi preso 28 vezes na vida;
– Um já foi preso quatro vezes neste semestre;
Veículos roubados/furtados
80% dos veículos foram recuperados;
*Por vezes, o assaltante do veículo é preso, porém por ter se passado um dia, a prisão acaba sendo por receptação. Que garante a liberação quase imediata do detido mediante fiança;
Armas
– 70% dos roubos a residência tem alguma arma furtada;
– 60% das armas apreendidas em crimes são de calibre permitido, mas o comando ressalta que os calibres restritos aumentaram entre as apreensões, principalmente 9mm (restrito inclusive a polícia);
– 112 armas foram apreendidas;
Ocorrências ao mês
– 2,6 mil são atendidas.
FOLHA DE CAXIAS