Tinha um posto da Brigada Militar aqui
Há anos, bases da BM instaladas nos bairros foram desativadas. Moradores reclamam da ausência da polícia nas regiões com maior incidência de violência
Por: Giulliane Viêgas Diário Popular
Há pelo menos sete anos, dez postos da Brigada Militar localizados nos bairros Pestano, Navegantes, Cohab Tablada, Bom Jesus, Dunas, Baronesa, Guabiroba, Balneário dos Prazeres, Colônia Z-3 e Cascata estão de portas fechadas e abandonados. Dos prédios, dois aguardam a deterioração que a ação do tempo se encarrega e viraram casas para moradores de rua. Outros são usados como creche e subprefeitura. Os demais, desmanchados. Segundo a Brigada Militar, as estruturas pertencem ao município em regime de comodato ao Estado.
Os “sobreviventes”, Laranjal, Fragata e Centro funcionam de acordo com a realidade oferecida pelo governo do Rio Grande do Sul. Em alguns postos, o cenário é escasso: um policial para atender a demanda do bairro. A falta de viaturas é um outro problema enfrentado pelos policiais desses locais.
Apesar da criação dos 11 núcleos do Policiamento Comunitário em 2014 na tentativa de aumentar a segurança dos moradores da periferia, a reclamação entre eles é unânime: não se veem PMs do comunitário nas ruas e faltam bases da BM nos bairros. “Pelo menos dá a sensação de segurança, né?!”, afirma a manicure Cleusa Silveira, 27 anos, moradora do Pestano.
Em maio deste ano, o jovem Eduardo Soares, 17, foi assassinado a tiros na porta de casa. A residência fica em frente ao antigo posto da Brigada Militar no loteamento Pestano, entre as ruas 8 e 14. “Se o posto estivesse ativo, o menino não teria sido assassinado. Muita coisa não teria acontecido. O Policiamento Comunitário não estava aqui quando mataram o garoto”, lamenta o marceneiro Arthur Souza, morador do bairro há 25 anos.
No Navegantes, a realidade é a mesma: base da BM abandonada em meio ao fogo cruzado. Moradora da localidade, a dona de casa Cláudia Elizabete Soares, 53, conta que toda semana tem troca de tiros na rua Darcy Vargas. O endereço é conhecido como “Atira que os homem não tá”. A expressão é usada em referência ao posto da BM desativado há alguns anos. “Não adianta ligar para o 190. Eles demoram para vir e quando chegam é depois de horas do chamado. Ou quando dizem que não tem viatura. Eu me sentiria mais segura com um posto da polícia. Pelo menos teria para onde correr”, disse Cláudia.
O comandante do 4º BPM, tenente-coronel Eduardo Perachi, reconhece a demanda dos moradores, no entanto, considera inviável a possibilidade de reativar os postos da PM. Segundo ele, a hipótese demandaria uma estrutura de policiais que atualmente não existe. “Para cada posto seriam necessários cinco policiais para o atendimento. Fora o pessoal do patrulhamento ostensivo, impossível”, avalia.
Embora os moradores reclamem da ausência do Comunitário, Perachi garante que os PMs estão nos bairros realizando rondas e patrulhamento em combate à criminalidade. Os resultados, segundo o tenente-coronel, são positivos.