Policial morto no Engenho Novo tinha medo de trabalhar e queria deixar a PM

‘Estava em tratamento psicológico porque tinha medo do serviço’, diz cunhado. Ele foi morto em ataque de bandidos

MARLOS BITTENCOURT  Agência O Dia

Policial militar foi morto com um tiro na cabeça no Lins de Vasconcelos Foto: Reprodução Internet

Rio – O artesão Agnaldo dos Santos Oliveira, de 45 anos, cunhado do soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins, Victor Eric Braga Faria, de 26 anos, morto com um tiro na cabeça na noite deste domingo durante o serviço, disse que o policial estava com medo de trabalhar e já havia dito que queria deixar a Polícia Militar. Segundo ele, o cunhado estava há quatro anos na corporção.

“Há um mês ele já estava em tratamento psicológico porque tinha muito medo do serviço e queria largar a polícia. A gente sabia que isso ia acontecer. Os policiais não têm estrutura para trabalhar. Policial e bandido são vítimas do governo que é o maior ladrão do Brasil”, criticou Agnaldo.

Ele contou ainda que Victor queria passar a se apresentar no 34º BPM (Magé) – ele morava em Piabetá, Caxias – porque não tinha mais dinheiro para colocar gasolina no carro e ir até a UPP do Lins. Agnaldo reclamou ainda da falta de oportunidade de trabalho.

“Sou artesão e estou implorando à prefeitura para trabalhar. Mas o COI (Comitê Olímpico Internacional) chega aqui monta vários quiosques e a gente não consegue vender nada, nem água nas barracas porque a Guarda Municipal toma tudo. Aí, a pessoa vira traficante porque não consegue trabalho e no tráfico vai conseguir dinheiro para sustentar a família”, disse ele.

O soldado trabalharia no domingo no período da manhã, mas um companheiro pediu para trocar e ele acabou trabalhando no plantão da noite, quando foi vitimado pelos criminosos. Victor entrou para a PM para seguir os passos do pai, que hoje está aposentado, segundo um primo.

Victor Eric Braga Faria entrou na PM em dezembro de 2012, era casado e deixou um filho de 3 anos. O enterro dele será hoje no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste, às 16h. O Portal do Procurados lançou um cartaz pedindo ajuda para a população dar informações sobre os criminosos que assassinaram o PM.

Cunhado de PM morto em ataque no Engenho Novo disse que ele tinha medo de trabalhar e queria deixar a corporação Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

O policial foi atingido na cabeça e bateu em um poste após perder o controle da direção da viatura que dirigia. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Naval Marcílio Dias, mas não resistiu e morreu. Já o PM que estava no banco do carona, Rafael Vinicius de Oliveira Melo, foi atingido na mão e levado para o Hospital Central da PM, no Estácio, onde foi medicado e já recebeu alta.

Nas redes sociais, parentes mostram luto pela morte prematura do jovem policial. “Meu tudo o que vai ser da minha vida sem você, meu irmão. Você vai me fazer muita falta”, escreveu uma irmã de Victor Eric.

Victor Eric tinha 26 anos e estava há quatro anos na PM Foto: Reprodução Facebook