Mortes por tiros aumentam 23% em 10 anos em Porto Alegre, diz estudo

Capital está na 10ª posição entre homicídios com arma de fogo.
Mapa da Violência mostra números entre 2004 e 2014 no país.

Do G1 RS

Homicídio ocorrido na Lomba do Pinheiro, Zona Leste de Porto Alegre (Foto: Renato Soder/RBS TV)
Homicídio ocorrido na Lomba do Pinheiro, Zona Leste de Porto Alegre (Foto: Renato Soder/RBS TV)

De acordo com o Mapa da Violência 2016 divulgado nesta quinta-feira (25), os homicídios praticados com arma de fogo na cidade dePorto Alegre no ano de 2014 representaram quase o dobro da média brasileira naquele ano.

O levantamento analisou os dados de 2004 a 2014, considerando que naquele último ano, o Brasil registrou uma média de 21,2 homicídios por arma de fogo para cada 100 mil habitantes.

No ano de 2014 Porto Alegre registrou um índice de 41,2 mortes para cada 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional. Os números apontam para um aumento de 23% neste tipo de homicídio entre 2004 e 2014 na capital gaúcha.

No estudo, Porto Alegre aparece na 10ª posição entre as capitais mais violentas em 2014, sendo que Fortaleza, capital do Ceará, aparece como a mais violenta do país com uma taxa de 81,5 mortes.

Em 2013 a capital gaúcha estava na 8ª posição no ranking, com base na taxa de 33,2 mortos por cada grupo de 100 mil habitantes.

O estudo aponta que, de uma forma geral no país, as capitais têm apresentado estabilização no número de mortes por armas de fogo. Entre 2013 e 2014 Porto Alegre registrou um aumento de 8,5%, variação menor que a registrada entre 2004 e 2014, período no qual o aumento foi de mais de 23,5%.

O G1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul para comentar sobre o tema, mas até a publicação desta matéria, ainda não havia sido dada resposta.

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Por: Zero Hora

A crescente sensação de insegurança que toma conta dos gaúchos também aparece refletida em números. Entre os anos de 2004 e 2014, o Rio Grande do Sul foi o estado que teve o maior aumento no número de mortes por armas de fogo da região Sul e Sudeste. Foi um crescimento de 43,3% neste tipo de crime, ficando à frente de Santa Catarina, com aumento de 30%, e Espírito Santo, com 8,6%. Na contramão, Rio de Janeiro e São Paulo registraram quedas nos índices superiores aos 40%.

Os dados compõem o Mapa da Violência 2016 — Homicídios por Armas de Fogo no Brasil, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), sob coordenação do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz. Divulgado nesta quinta-feira, o estudo mostra que em 2004 foram registradas 1432 mortes por armas de fogo no RS. Já em 2014, o número chegou a 2052.

Isso significa que, a cada 100 mil gaúchos, 13,5 morriam por armas de fogo em 2004. Já em 2014, o número subiu para 18,7 mortes por 100 mil habitantes. Uma das cidades que mais colabora para este dado é Alvorada, na Região Metropolitana. A cidade ocupa a 60ª posição entre as 150 cidades com as taxas mais altas por esse tipo de crime no país. Em 2014, foram 132 mortes por cada 100 mil/hab.

Situação é ainda pior no Nordeste

Apesar do aumento nos índices do Rio Grande do Sul, o mapa mostra quem em toda a região Sul e Sudeste, a taxa de mortes por armas de fogo caiu 41,4% entre 2004 e 2014. Já na região nordeste, o índice dobrou. Segundo o estudo, o crescimento do índice na maior parte dos Estados do nordeste, em um curto período, aconteceu porque os governos tiveram que enfrentar uma pandemia de violência para a qual estavam “pouco e mal preparados”.

Controle de armas

Segundo o levantamento, de 1980 até 2014, morreram no Brasil 967.851 vítimas de disparo de arma de fogo. Desse total, 830.420 (85,8%) foram homicídios, enquanto as outras mortes foram por suicídio ou acidente.

Os dados mostram que a evolução da letalidade das armas de fogo não foi homogênea ao longo do tempo. Entre 1980 e 2003, o crescimento dos homicídios por armas de fogo foi sistemático e constante, com um ritmo de 8,1% ao ano. A partir do pico de 36,1 mil mortes em 2003, os números caíram para aproximadamente 34 mil e, depois de 2008, ficam oscilando em torno das 36 mil mortes anuais. Em 2012, aceleraram novamente, subindo para 42,3 mil.

Segundo a publicação, as políticas de controle de armas, como o Estatuto e a Campanha do Desarmamento, iniciado em 2004, podem ter contribuído para explicar essa quebra de ritmo.

O Brasil ocupa, atualmente, a 10ª posição entre os 100 países analisados quanto a esse tipo de crime.

* com informações de agências