Facção que impediu preso de ir a júri protestou por mais vagas em presídios

Justiça teve que transferir presos para que a situação fosse normalizada

Juíza informou em despacho que preso não foi levado ao Júri porque facção se recusou.

Foto: Reprodução

O motivo do não deslocamento de um preso, na manhã desta terça-feira (6), para o julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri em Porto Alegre foi a falta de vagas em presídios. De acordo com o juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Sidinei Brzuska, a Penitenciária Modulada de Charqueadas tem, atualmente, uma galeria específica para presos da facção que protestou.

No entanto, esse presídio está interditado, impedido que os integrantes do grupo possam ser levados para as galerias. Com isso, eles ficam nos chamados “bretes”, que são celas sem acesso a banho de sol e ao espaço que teriam na galeria, entre outras coisas.

No caso do Presídio Central, os presos protestaram como forma de apoio aos detentos que estão em Charqueadas. De acordo com o diretor do presídio, tenente-coronel Marcelo Gayer Barboza, os detentos decidiram que não iriam tomar o café e almoçar até que o juiz entrasse em contato com eles.

“Eles deliberaram que não iriam tomar o café da manhã, almoçar e não fariam nenhuma liberação até o juiz entrar em contato com eles”, explicou.

A situação voltou ao normal por volta do meio-dia. A Justiça decidiu transferir cinco presos que estavam nesses locais em Charqueadas para o Central. Outros 18 presos que estavam no Central aguardando vaga no semiaberto foram transferidos para o regime em Charqueadas.

Por causa do protesto, o júri do preso Arílson Luiz de Oliveira não pode ser realizado. A sessão estava marcada para as 9h30. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) foi até o local, mas o preso foi impedido de ser levado pela facção.

Comunicada pela Susepe, a juíza da 1ª Vara do Tribunal do Júri decidiu adiar a sessão para o dia 16 de setembro. A juíza presidente da 1ª Vara, Taís Calau de Barros, confirmou que outros presos deixaram de participar de audiências por causa dos protestos.

“Sim, aconteceu com outros presos também. A questão foi, unicamente, a reivindicação da facção ‘Os bala na Cara’, que fez com que os apenados se recusassem a vir para as audiências”, disse ela.

A Susepe informou que em presídios não administrados diretamente pela superintendência, que é o caso do Presídio Central, administrado por uma Força Tarefa da Brigada Militar, o órgão não tem como retirar presos diretamente das galerias. O efetivo da BM é quem avalia os riscos.

GAÚCHA