ZERO HORA: “Ação foi proporcional à agressão que os presos ofereciam”, afirma capitão da BM sobre tumulto em Caxias

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20912477Vídeo publicado na página do Mídia Ninja mostra confronto entre policiais militares e manifestantes contra o impeachment

O vídeo de um confronto envolvendo manifestantes contra impeachment de Dilma Rousseff e a Brigada Militar de Caxias do Sul repercute intensamente nas redes sociais nesta quinta-feira. As imagens, divulgadas pela página do Mídia Ninja (neste link), mostram agressões entre Mauro Rogério Silva dos Santos, 51 anos, e os brigadianos. A gravação termina quando o filho do abordado, Vinicius Zabot dos Santos, 21, chuta a cabeça do soldado Cristian Luiz Preto. O rapaz foi preso e indiciado por tentativa de homicídio.

O capitão Amilton Turra, comandante da Companhia de Operações Especiais (COE), era o responsável pela atuação policial durante a manifestação e foi quem deu voz de prisão a Mauro dos Santos. Ele afirma que a ação policial foi “técnica e proporcional à agressão que os presos ofereciam”. Ainda assim, como é de praxe em qualquer ocorrência deste vulto, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para apurar o ocorrido.

Além da prisão de Vinicius dos Santos, a BM encaminhou para Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) Mauro dos Santos, que foi indiciado por lesão corporal (contra os policiais), resistência e desacato, e os suspeitos de pichação Suelen Cicilia dos Santos, 30, e um adolescente de 17 anos — que tem sua identidade preservada conforme o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Confira a entrevista completa:

Pioneiro: Como foi a atuação da BM durante a manifestação?
Capitão Amilton Turra: Estávamos acompanhando o desenvolvimento desta manifestação que era pacífica, apenas com alguns casos de pichações e nossos agentes de inteligência estavam monitorando. Aguardamos a distância esta movimentação. Após às 22h, houve a dispersão desta massa na região da Praça Dante e, por oportuno, realizamos a abordagem de um casal autor de pichações. Neste momento um grupo com aproximadamente cinco pessoas, incluindo este que dizia ser advogado e tentou intervir, a atrapalhar a ocorrência. Ele foi orientado a se afastar com a garantia de suas prerrogativas em um momento futuro, mas não naquele ato pois estava frustando a ação policial. Ele não obedeceu a orientação e investiu contra a guarnição. Ao receber voz de prisão, houve resistência e agressões contra policiais. Um deles (o sargento Paulo Roberto Wentz) foi atingido com uma cabeçada na face, que resultou na quebra de três dentes e uma fratura na mandíbula. Então, é dada a voz de prisão. Continua a resistência, apesar dos comandos verbais e o uso moderado da força para contenção e imobilização, o que inclui o uso de algemas, do bastão e de agentes químicos (como spray de pimenta). Ele não cedeu e houve a queda (do policial e abordado). Outros dois policiais foram auxiliar na imobilização quando um terceiro (depois identificado como Vinicius dos Santos) se aproximou inesperadamente pelas costas dos policiais abaixados e desferiu um violento chute na cabeça (do soldado Preto). Este policial perdeu a consciência e teve uma crise de convulsão. Ele foi socorrido pelo Samu e recebeu atendimento no Hospital Pompéia, onde permaneceu em observação até o final desta manhã.

O senhor estava presente na ocorrência?
Estava lá. Assisti a tudo. Inclusive fui eu que dei voz de prisão a este indivíduo, que resistiu, me agrediu e agrediu aos nossos colegas. Eu participei de toda a ação.

Sobre o vídeo que circula nas redes sociais, ele começa em qual momento?
As imagens ocorrem depois que tentamos a imobilização e a cabeçada (contra o sargento Wentz).  O policial já estava ferido e este indivíduo incitando os outros a mais agressões. Então houve o uso moderado da força. Temos esta particularidade de utilizar meios como o bastão, o spray de pimenta e até disparos de munição anti-motim, que é própria para este tipo de mobilização, para conter aquele outro grupo que tentava intervir e frustar a ação policial. Foi uma ação técnica, legítima e legal. Foi proporcional à agressão que os presos ofereciam.

Nas redes sociais, um advogado diz ser a vítima das agressões no vídeo. Ele diz que foi repelido quando tentava exercer sua profissão. Como funciona esta relação?
Ele pode, sem problema algum, se identificar como advogado e aguardar a atuação policial. Estávamos em uma fase de identificação, abordagem e busca pessoal. Neste momento, isola-se o perímetro para segurança de quem estar sendo abordado e dos próprios policiais. Nesta fase técnica, ele não pode se envolver. Ele não tem prerrogativa, que são em outro momento. Ele pode acompanhar, mas não pode intervir. E foi este o objetivo dele: frustar a ação policial. Pretendia não permitir a identificação dos dois autores das pichações. Ele desobeceu as ordens para se afastar e ainda investiu contra os policiais, com empurrões, socos e a cabeçada, que provocou uma lesão bastante severa, um traumatismo no maxilar do policial. Naquela parte que começou o vídeo, toda esta parte já havia se desenrolado. Mesmo assim, ainda está retratada a resistência. A todo momento os policiais davam comandos verbais para que cessasse agressões e não reagisse. Por isso utilizamos os meios que dispomos, como o bastão, para vencer a resistência e efetuar a imobilização.

E o indivíduo que aparece (nas imagens) desferindo o chute e fugindo?
Conseguimos capturá-lo, com o reforço de outras viaturas que estavam autuando nas imediações, pois acompanhávamos a mobilização como um todo. Como aparece nas imagens, em ato contínuo a agressão, um colega efetua um disparo de munição menos letal que atingiu este agressor na região da perna. O que foi constatado após a prisão. Ele (Vinicius Zabot dos Santos, 21) foi preso e indiciado por tentativa de homicídio.

E os pichadores?
Também foram apresentados na delegacia, com todos os elementos probatórios da ocorrência (um tubo de tinta spray).