Emergências recebem quase cinco baleados por dia em Porto Alegre

Números apontam mais de 1 mil feridos no HPS e no Cristo Redentor.
Cerca de 10% das vítimas morrem durante atendimento médico.

Paulo LedurDa RBS TV

As duas principais emergências de trauma de Porto Alegre recebem, em média, quase cinco pessoas baleadas diariamente. Entre janeiro e novembro de 2016, mais de 1,4 mil entraram às pressas no Hospital Cristo Redentor e no Pronto Socorro (HPS) da capital por conta de ferimentos provocados por disparos de arma de fogo.

Wagner Abreu foi uma das vítimas. Ele foi atendido em 2009 após ter sido atingido por sete tiros durante uma briga com um vizinho, no Morro Santana, na Zona Leste de Porto Alegre. “Um no braço, quatro no rosto e mais nas costas”, conta. Foram 45 dias de internação no Pronto Socorro, até que ele pudesse voltar para casa em uma cadeira de rodas.

Vagner sobreviveu após ser alvejado com sete tiros em uma briga com um vizinho (Foto: RBS TV/Reprodução)
Vagner sobreviveu após ser alvejado com sete tiros (Foto: RBS TV/Reprodução)

No HPS, 759 pessoas deram entrada com ferimentos a bala, sendo que 65 acabaram morrendo durante o atendimento, conforme levantamento realizado entre os dias 1º de janeiro e 20 de novembro.

Já no Cristo Redentor, foram 688 vítimas no mesmo período.

O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Daniel Leites Faria Corrêa conta que, em uma cidade violenta como Porto Alegre, as ocorrências relacionadas com ferimentos provocados por armas de fogo são “uma prática cotidiana de quem trabalha em qualquer serviço de urgência, principalmente ligado ao trauma (…)”.

“A gente entra em zonas que a gente sabe que são zonas dominadas pelo tráfico e que estamos ali numa região de guerra”, acrescenta.

Socorrista que perfil da maioria das vítimas é de pessoas jovens (Foto: RBS TV/Reprodução)
Socorrista que perfil da maioria das vítimas é de pessoas jovens (Foto: RBS TV/Reprodução)

Ao menos 10% dos feridos morrem durante o atendimento no hospital.

O médico socorrista afirma que a pouca idade da maioria dos pacientes ajuda, ao menos, na recuperação.

“Geralmente o perfil desse paciente é um paciente mais jovem, até as nossas medidas, às vezes, funcionam de forma surpreendente”, conta.

Só em 2016, os órgãos de segurança do Rio Grande do Sul destruíram mais de 6,6 mil armas apreendidas. O acesso fácil aos armamentos preocupa a polícia.

“A gente tem percebido um acesso muito grande dos criminosos a armamentos pesados, justamente potencializando essa guerra do tráfico em Porto Alegre e Região Metropolitana”, diz o chefe da Polícia Civil do estado, delegado Emerson Wendt, acrescentando que o armamento de grosso calibre vem de fora do país.