CORREIO DO POVO: Agentes estão sob pressão

Os agentes penitenciários estão trabalhando com a corda muito esticada. Alexandre Bobadra Diretor da Amapergs

A rebelião que terminou com a morte de 60 presos em Manaus, no Amazonas, reacendeu a discussão sobre o sistema carcerário no Rio Grande do Sul. Especialistas consultados pelo Correio do Povo divergem sobre a possibilidade de motins. O advogado Roque Reckziegel, integrante da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no RS, afirmou que ficou horrorizado com o que ocorreu em Manaus. “É uma verdadeira tragédia, mas uma tragédia anunciada. Mesmo sem conhecer profundamente a situação daquele presídio, podemos dizer que é uma situação que se espalha por todo o país e envolve a superpopulação carcerária”, avaliou. Ele disse, porém, não acreditar em rebelião semelhante em um presídio local. “Aqui temos uma condição um pouco melhor. Não temos experimentado rebeliões com resultados mais fortes, muito embora saibamos que existem muitos problemas de maus-tratos e humilhações”, acrescentou. O diretor da Amapergs, advogado e agente penitenciário Alexandre Bobadra, disse temer pelo sistema penitenciário gaúcho. “A verdade é que os agentes estão trabalhando com a corda esticada, aliás, muito esticada”.

Facção ataca rival em Charqueadas

Uma investida de uma facção contra uma gangue rival na Penitenciária Modulada de Charqueadas na tarde de ontem resultou na morte de um detento e ferimentos em outros dois, além de escoriações em um policial militar. A situação foi controlada com a presença do Grupo de Ações Especiais (Gaes) da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), no final da tarde. Dois detentos foram retirados do módulo, como medida de segurança. De acordo com a Brigada Militar, uma desavença no pátio entre as galerias 4 B e 4 C foi o estopim para uma gangue tentar invadir o espaço da outra. Integrantes das facções dos Manos e CPC tentaram invadir o módulo onde estão integrantes da facção dos Abertos. Para a invasão, os detentos arrancaram as traves de uma goleira, existente no pátio, e enfiaram o pedaço de metal na fresta do muro que separa um módulo do outro. Percebendo a ação dos rivais, os outros detentos começaram a gritar e a ensaiar uma reação mais agressiva. Neste momento, a guarda externa da penitenciária, que é feita pelo efetivo da Brigada Militar, usou armas para conter os grupos. Um detento, de acordo com autoridades da área, acabou atingido e morreu no local. Outros dois presidiários foram feridos, um em uma das pernas e o outro no ombro. O PM foi levado para atendimento no hospital da cidade. Ele sofreu ferimentos na cabeça.