Comandante da BM garante que Caxias do Sul receberá reforço compatível à violência que sofre

Definição sobre a distribuição dos novos brigadianos, no entanto, será definido em julho

Por: Leonardo Lopes ZERO HORA

Caxias do Sul receberá novos brigadianos de acordo com seus índices criminais, que estão entre os piores do Rio Grande do Sul. A garantia é do comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Andreis Silvio Dal’Lago. O oficial evita falar em números porque a distribuição só será definida em julho, quando ocorrerá a formatura dos candidatos. Natural de Criúva, interior de Caxias, o coronel Andreis retornou à cidade para a solenidade de passagem de comando do Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Serra (CRPO Serra), na manhã de terça-feira.

Pioneiro: É um desafio comandar a BM atualmente?
Coronel Andreis Silvio Dal’Lago:  Sou muito otimista. Apesar da crise brutal que estamos passando, e o nosso governador (José Ivo Sartori) é bastante transparente sobre isso, estamos fazendo uma gestão muito efetiva e, com o que nós temos, estamos fazendo. Também estamos na expectativa para julho, quando teremos mais 1,1 mil policiais nas ruas. O governador já autorizou o treinamento de mais 420 policiais, que devem ir para as ruas no início do ano que vem. E, quando o governador entender pertinente, irá anunciar abertura de edital. O que precisamos é de um planejamento de médio prazo. É necessário que todo ano tenha uma inclusão capaz de atender a saída do ano anterior e mais 10%. Só assim sairemos desta crise que é histórica, a ponto de termos um efetivo que é a metade do necessário para o estado. Policiamento se faz com policiais nas ruas.

Diante do cenário político, como fazer este planejamento?
Nas últimas décadas, os diversos governos não conseguiram fazer esta inclusão sistemática, ou seja, ano a ano. Só no segundo ou terceiro ano é que chamavam, e acabavam sendo 4 mil ou 5 mil. Eles atendiam a demanda, mas, com tantos alunos, a formação fica prejudicada. Quando chegar o dia, todos os 5 mil irão sair quase que ao mesmo tempo. É o que está acontecendo agora. Nos últimos dois anos, perdemos mais de 4 mil policiais. É muito efetivo. Demora para recompor. A proposta para o secretário (estadual de Segurança Pública Cézar) Schirmer e o governador Sartori é termos um planejamento de médio prazo com uma inclusão sistemática. O custo custo será menor e iremos ter um recompletamento sério.

Caxias anseia por mais policiais. Como será a distribuição dos novos soldados em julho?
Não foi planejado ainda. Mas tenho dito que o eixo Porto Alegre-Caxias do Sul, que representa 80% dos delitos de maior potencial, é o foco. Uma medida que tomamos é que Caxias do Sul não transfere mais policiais. Não tiramos mais nenhum policial da cidade, devido a sua demanda, sua importância, seu tamanho e seu poderio econômico e político. Os indicadores criminais de Caxias do Sul são de cidade grande. Por isso não retiramos mais nenhum policial, pelo contrário, aportamos mais horas extras.

Caxias está entre as cinco cidades gaúchas com mais crimes e estará entre as cinco que mais receberão policiais?
Não há dúvida. É uma questão de gestão. Precisamos dar uma atenção especial. Não significa que estamos abandonando o interior e as cidade menores. Estamos aprovando um projeto de colocar em todos os municípios pelo menos três PMs. Parece pouco, mas não é. Há mais de 60 municípios com apenas um ou dois policiais. E até o final do ano queremos chegar a cinco policiais. É uma atenção especial para estes pequenos municípios, onde estão ocorrendo os ataques a bancos.

O secretário Schirmer fala em repensar o Policiamento Comunitário. Como anda esta conversa com a BM?
A polícia comunitária é uma estratégia institucional da Brigada Militar e Caxias do Sul é um modelo, juntamente com Bento Gonçalves. Nós queremos ampliar e já levei para o secretário. Ele havia renovado por seis meses para uma avaliação, mas já demonstrei a efetividade do trabalho. O Policiamento Comunitário é o eixo preventivo da BM. Cumprimento Caxias do Sul por iniciar este processo e ser um modelo do policial comunitário que mora no bairro. Jamais discutimos diminuir ou extinguir o Policiamento Comunitário. Queremos ampliar.