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PIONEIRO: Sem investimentos em segurança, Caxias do Sul aponta descaso do governo estadual e cobra respostas

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PIONEIRO: Sem investimentos em segurança, Caxias do Sul aponta descaso do governo estadual e cobra respostas
O número reduzido de policiais é a principal reclamação da comunidade Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS
O número reduzido de policiais é a principal reclamação da comunidade
Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS

Cidade vive período de insegurança nas ruas e crise nos presídios, mas não há investimentos por parte do Estado

Leonardo Lopes

A interdição das casas prisionais por superlotação e a possibilidade de presos serem mantidos em delegacias aproximam cada vez mais Caxias do Sul do cenário de colapso da segurança pública visto em Porto Alegre. A diferença é que, enquanto a Capital recebe apoio da Força Nacional de Segurança Pública e reforços de policiais militares de outras regiões, a principal cidade da Serra aguarda alguma ação concreta do governo estadual. O avanço da violência amplia o sentimento histórico de que a distância do Palácio Piratini resulta em descaso do governadores com a segunda maior cidade gaúcha.

Para o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviço (CIC), Nelson Sbabo, o município não recebe a contrapartida de sua contribuição econômica e tributária ao Estado.

— Parece que foi um pecado Caxias do Sul ser uma cidade próspera. Por termos um PIB alto, a violência sobe a Serra, mas os investimentos (em segurança) pelo Estado não. O governo precisa nos ver com olhos diferentes e dar dignidade a estes milhares de trabalhadores que contribuem com impostos — opina Sbabo.

A cobrança se refere ao fato de a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) não cumprir uma estratégia oficial: priorizar investimentos em cidades com maior incidência criminal. Conforme o balanço do primeiro trimestre divulgado pela própria SSP, Caxias do Sul é o quarto município com mais roubos de veículos e latrocínios e aparece como segundo colocado no Estado no índice de furtos. O consenso é de que nenhum investimento ou mobilização ocorreu em Caxias e região, além do próprio esforço de integrantes da Brigada Militar (BM), da Polícia Civil e do Instituto Geral de Perícias (IGP) caxienses.

O novo argumento sobre o descaso surgiu após a formatura de 223 novos policiais civis, no início deste mês. Na prática, Caxias do Sul recebeu apenas quatro novos servidores. O resto das movimentações foram de agentes que pediram para trocar de comarca.

— De mais de 200 policiais formados mandar só quatro para Caxias? É uma desconsideração muito grande. Precisamos de mais atenção. Nós realmente ajudamos (o governador José Ivo Sartori). Os empresários sempre ajudaram e muito a segurança pública. Pelos bombeiros, administramos as multas e aplicamos mais de R$ 5 milhões. Foram três caminhões adquiridos — afirma Humberto Valerio Tomé, presidente do Consepro.

Presidente da Comissão Temporária Especial para Enfrentamento da Violência, a vereadora Paula Ioris (PSDB) busca encontros periódicos com representantes da SSP. Na crise atual, ela acredita que não adianta procurar culpados e propõe parcerias em projetos para o sistema penitenciário e de prevenção da violência.

— Encontramos portas abertas no sentido de nos receberem. Só que aguardamos um retorno positivo, especialmente quanto ao efetivo. Acreditamos que a solução é integrar as forças de segurança, a sociedade e ações de prevenção. Mas precisamos de mais policiais — opina a vereadora.

Confira quais são os cinco dilemas da segurança pública em Caxias do Sul

Envio de mais policiais é a principal reivindicação da comunidade

Confira quais são os cinco dilemas da segurança pública em Caxias do Sul Diogo Sallaberry/Agencia RBS
Construção do novo prédio da Polícia Civil se arrasta desde 2011Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS

O avanço da violência amplia o sentimento histórico em Caxias do Sul de que a distância do Palácio Piratini resulta em descaso dos governadores com a segunda maior cidade gaúcha. O entendimento de empresários é que a cidade não recebe a contrapartida de sua contribuição econômica e tributária. Entre os problemas apresentados estão o colapso do sistema penitenciário e falta de efetivo policial.

 

Schirmer reafirma que Caxias do Sul é prioridade e promete envio de novos policiais militares

Aporte considerável deverá desembarcar na cidade após formatura de 1,2 mil novos PMs

Schirmer reafirma que Caxias do Sul é prioridade e promete envio de novos policiais militares Roni Rigon/Agencia RBS
Em março, Schirmer visitou Caxias do Sul e recebeu em mãos as reivindicações de empresários e vereadoresFoto: Roni Rigon / Agencia RBS Leonardo Lopes

Com a possibilidade de presos serem mantidos em delegacias, a segurança pública de Caxias do Sul vive um dos piores momentos e suas lideranças cobram o governo estadual. Assim como a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), o secretário estadual de Segurança Pública, Cézar Schirmer, refuta falar em colapso prisional em Caxias do Sul e ressalta o baixo número de fugas nas casas prisionais da cidade. Ele reforça o discurso que o município, por sua grandeza e população, é uma das maiores prioridades da pasta.

— Em julho, ocorrerá a formatura de 1,2 mil novos PMs e uma grande fatia será enviada para a Serra. Não podemos falar em números agora, mas certamente será significativo o aporte para Caxias do Sul. Também estamos com uma licitação aberta e, em torno de três meses, será enviado um expressivo número de veículos, armas e coletes para a cidade — promete.

Sobre o sistema prisional, o secretário Schirmer admite que este é o elo frágil da segurança pública e lamenta as duas décadas de escassez de investimentos. A Susepe aponta que há processos em andamento para a reforma na Penitenciária Estadual, no Apanhador. Diante da falta de vagas no Estado, a Susepe define como “inevitável não se pensar na construção de novos presídios”.

 OUTRAS PROMESSAS

A nova promessa de Schirmer não é uma novidade para os caxienses. Confira outras duas vezes que o secretário estadual, que assumiu em setembro de 2016, falou diretamente para Caxias do Sul.

:: Em outubro de 2016, após a cidade alcançar 120 mortes — foram 150 assassinatos ao todo —, o secretário garantiu ao Pioneiro que a BM estudava o envio de homens à Serra, numa extensão da Operação Avante, “possivelmente em breve”. O que de fato ocorreu, dois meses depois, foi o retorno de 16 brigadianos de Caxias do Sul que reforçavam a segurança na Região Metropolitana desde abril daquele ano. Ou seja, no ano mais violento de sua história, o município cedeu um terço de sua Companhia de Operações Especiais (COE) para Porto Alegre.

:: Em março, o secretário Schirmer esteve em Caxias do Sul para participar de uma reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC). Representantes dos empresários e vereadores apresentaram, em três documentos diferentes, estudos que apontavam a baixa proporção de policiais em comparação com a população, por exemplo, e solicitavam o envio de pelo menos 100 brigadianos para repor o efetivo da cidade. Na ocasião, Schirmer evitou fazer promessas.

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