Sepultado policial civil morto durante operação em Gravataí

Escrivão foi atingido por tiro durante ação contra o tráfico, nessa sexta-feira

Rádio Guaíba

Foi sepultado na manhã deste sábado o escrivão de Polícia Civil Rodrigo Wilsen da Silveira, de 39 anos, morto nessa sexta-feira durante uma operação em Gravataí, na Região Metropolitana. As últimas homenagens são prestadas no Cemitério Municipal São João, no bairro Higienopólis, em Porto Alegre.

Rodrigo e outros agentes, entre eles, a esposa Raquel Biscaglia, combatiam o narcotráfico em uma operação dentro de um condomínio popular, no bairro Passo das Pedras, em Gravataí, na manhã dessa sexta. Ao entrarem no local, os policiais civis foram surpreendidos pela quadrilha. Os disparos atravessaram uma parede de gesso acartonado e um dos tiros atingiu o chefe de investigação. Houve um confronto até os criminosos se renderem. Cinco pessoas foram presas, incluindo a líder do narcotráfico na vila Planaltina.

O titular da 2ª DP de Gravataí, delegado Rafael Sobreiro, assegurou que todas as normas de segurança e técnicas foram empregadas pelo efetivo. O autor dos tiros que mataram o escrivão, segundo o delegado, detém ficha criminal extensa e é considerado um “matador de aluguel” da região. Maicon de Mello Rosa já tinha um pedido de prisão preventiva encaminhado à Justiça, mas que ainda não havia sido deferido.

Polícia Civil e sindicato emitem notas de pesar

Em nota oficial, a Polícia Civil manifestou “seu mais profundo pesar pelo falecimento, no cumprimento do dever” do escrivão. “Ele deixa como legado sua bela trajetória marcada pelo profissionalismo e dedicação incondicionais. Diante desta perda irreparável, a Polícia Civil se solidariza com a dor dos familiares e amigos do escrivão Rodrigo. SomostodosRodrigo”, menciona o texto assinado por Wendt.

A Ugeirm Sindicato, que representa a categoria dos policiais civis, também emitiu um posicionamento. A nota destacou que “neste momento, vários sentimentos vêm à tona, porém, a principal preocupação dever ser prestarmos toda solidariedade e apoio à família do colega Rodrigo, em particular à sua esposa, a policial Raquel Biscaglia, que, assim como Rodrigo, estava cumprindo o seu dever de combater a violência e oferecer proteção á população”.

Além disso, o sindicato criticou as condições de trabalho da categoria: “Rodrigo Wilsen é vítima dessa situação, que desvaloriza o trabalho policial, desmonta as condições de trabalho, faz os agentes de polícia trabalharem de carcereiros nas delegacias, além de atrasar os salários. Os policiais são submetidos a jornadas extensas, com a participação quase diária em operações, em uma escala quase industrial”, acrescentou a nota. A entidade propôs a suspensão de todas as operações policiais durante sete dias, como forma de marcar o luto pela morte do colega.

“Quem tombou foi um herói. Mais um mártir”, sustenta promotor

Já o promotor de Justiça Eugênio Paes Amorim postou nas redes sociais um texto de repúdio à situação do criminoso que efetuou o disparo responsável por matar o policial civil. Ele relembrou a ficha criminal de Maicon de Mello Rosa, envolvido com o tráfico de drogas, assaltos e assassinatos, citando ocorrências, prisões e fugas do semiaberto do indivíduo desde 2013. “Quem estava lá para levar o tiro fatal foi este herói anônimo que tombou”, escreveu Eugênio Paes Amorim, criticando a política de desencarceramento e os adeptos dessa estratégia. “Quem tombou foi um herói. Mais um mártir”, repetiu.

Os cinco presos serão indiciados pelos crimes de tráfico de drogas, posse irregular de arma de fogo e munição e receptação. A Polícia Civil ainda não confirmou se todos também receberão indiciamento pelo homicídio.