Ele morreu na quarta-feira, em Montenegro, e a suspeita é que tenha sido por leptospirose
Com informações do jornal Gazeta de Rosário
A manhã de quinta-feira (06) foi de tristeza e comoção para os familiares, amigos e colegas de Pablo Garcia de Souza, 28 anos. O aluno do curso de formação de soldado da Brigada Militar faleceu na quarta-feira (05), em Montenegro/RS. A causa da morte ainda está sendo apurada, mas suspeita-se de leptospirose. Ele concluiria em duas semanas o curso da BM.
O velório ocorreu simultaneamente com o do primo dele, Paulo Roberto Santos Júnior, de 31 anos, falecido no mesmo dia em Rosário do Sul. Uma multidão acompanhou a cerimônia. Sob o caixão repousava uma foto do jovem sorridente, usando a farda da Brigada Militar. Pablo já tinha servido em Uruguaiana/RS, como policial militar temporário.
O rosariense morreu na tarde de quarta-feira, após apresentar sintomas relacionados à leptospirose. Os sinais teriam aparecido na noite anterior. O exame que comprovará a causa da morte deve ficar pronto em até cinco dias.
Conforme reportagem do jornal Novo Hamburgo, o chefe de comunicação da BM, Major Euclides Silva, relatou que Pablo havia informado aos colegas o desconforto na noite de terça-feira. Com o quadro agravado na manhã de quarta-feira, foi levado ao pronto atendimento da Unimed de Montenegro, onde após avaliação médica foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) daquela casa de saúde. Lá, foi constatada a presença de uma bactéria hemorrágica. O jovem acabou falecendo no início da tarde.
Toda a tropa da qual Pablo fazia parte passará por exames médicos, a fim de verificar se mais alguém pode ter sido contaminado com a doença provocada por uma bactéria presente na urina de ratos. Uma equipe médica realiza o trabalho de monitoramento e avaliação. A Escola de Formação e Especialização de Soldados de Montenegro (ESFES) tem 400 alunos, divididos em 12 turmas.
Além dos familiares e amigos residentes em Rosário do Sul, colegas de turma de Pablo deslocaram-se de Montenegro até o município em um micro-ônibus da Brigada Militar para se despedirem do companheiro.
Após às 10h da manhã, o caixão de Pablo foi colocado em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros para fazer o trajeto até o Cemitério Municipal São Sebastião. Lá, em meio a lágrimas, foi rezado um “Pai Nosso” e uma salva de palmas foi dedicada ao jovem, que deixa esposa, pais, irmão e demais familiares.
Em redes sociais, os familiares prestaram homenagens a Pablo: “Saudade eterna meu irmão, sou teu fã. Que Deus te receba aí de braços abertos e tenho certeza que já vai chegar alegrando a todos com teu bom humor e brincadeiras. Vai fazer falta, tu e o Júnior, duas pessoas maravilhosas, sensacionais”, escreveu Dionatan Garcia “Nenê”, irmão do jovem.
De família futebolística para a sonhada carreira de policial
Pablo de Souza era filho de conhecida família dedicada ao esporte do bairro Progresso, em Rosário do Sul. A exemplo do pai, Claudio Souza “Buião”, e do irmão Dionatan Garcia “Nenê”, além do tio Julio Souza, Pablo despontou como futebolista desde criança.
Ele conquistou vários títulos na cidade, como no futebol de campo dos últimos, pelo Mundo Real, equipe e empresa onde trabalhou também por alguns anos. Já na areia, foi campeão com o SPFC/Ferroviário na classificatória do Circuito SESC de Verão, jogando ao lado do irmão Nenê.
Uma das últimas participações no esporte em Rosário foi no torneio promovido pela prefeitura, alusivo ao Dia do Trabalhador, no início de maio desse ano. Ele integrou a equipe da Associação dos Sargentos e Subtenentes da Brigada Militar (ASSTBM). Apaixonado por tudo que fazia, é lembrado pelos familiares como uma pessoa forte, que encarava todos os desafios.
Após morte de aluno, Brigada monitora suspeita de leptospirose
Alerta. Futuro policial militar morreu horas depois de ser internado em hospital
No mesmo dia em que o aluno-soldado da Escola de Formação e Especialização de Soldados (EsFES), Pablo Garcia de Souza, 28 anos, foi internado às pressas no Hospital da Unimed e morreu horas depois por conta de uma bactéria – a principal suspeita é de leptospirose – a Brigada Militar começou a tomar medidas preventivas. De acordo com o major Marcio da Luz, diretor da EsFES, o Departamento de Saúde da BM, em Porto Alegre, enviou um capitão-médico até o Vale do Caí já na quarta-feira para fazer o acompanhamento do caso e prestar a assistência ao aluno. Ele não resistiu e morreu vítima de falência múltipla dos órgãos.
Como a leptospirose tem muitos sintomas semelhantes aos de uma gripe comum, ficou decidido que os 399 alunos em formação, que acusarem qualquer anormalidade, se manifestarão à coordenação do curso para o encaminhamento ao Hospital Unimed. O resultado é que 84 futuros policiais militares foram até a casa de saúde.
“Estão todos assustados, mas não tivemos nenhum resultado preocupante entre os avaliados”, completa Luz. Ele aguarda o resultado oficial do exame de sangue para confirmar que o aluno realmente contraiu leptospirose. O major considera precipitado dizer que a doença pode ter sido pega dentro das instalações da Brigada no Vale do Caí. “Ele podia estar em um bar, bebendo uma latinha de cerveja contaminada com a urina de um rato. Não tem como fazer ilações neste momento”, pontua.
Por conta da morte de Pablo, os alunos ganharam dispensa de ontem até domingo e se reapresentam somente na segunda-feira. A última prova da formação, prevista para ontem, será realizada apenas no começo da próxima semana.
Esposa culpa exercício realizado no campo
Casada há oito anos com Pablo, a manicure Ingrid Teixeira Machado, 26, não tem dúvidas de que o marido morreu por causa de leptospirose. A certeza diz ter recebido dos próprios médicos que atenderam seu companheiro, apaixonado pela profissão que iria seguir. Pablo chegou a trabalhar como PM temporário em Uruguaiana.
Para a manicure, a doença foi contraída durante o período de dois dias em que os alunos ficaram em treinamento em um “campo”, dentro do quartel. “Meu marido nunca reclamou de nada, mas lá tem barro, lodo. A gente sabe que são normais estes exercícios”, acrescenta. Ela faz questão de dizer que não pensa em entrar na Justiça contra o Estado, apenas quer que o caso sirva de lição.
“O médico me perguntou se ele teve contato com barro, lodo. Lá em casa, não tem. Aí me lembrei do campo, eles foram para lá há dez dias”, recorda. Ingrid diz que a leptospirose pode ser uma doença mais grave se o paciente estiver com a imunidade baixa, o caso do marido, que reclamava de uma gripe.