Arma seria uma das 100 que atualmente estão nas mãos de traficantes da Maré. Homem fotografado com fuzil seria segurança de chefe do tráfico.
Por Nicolás Satriano, G1 Rio
á faz parte de inquérito aberto pela Polícia Civil uma imagem que circula por redes sociais na qual aparece um homem sentado numa moto e segurando um fuzil que impressiona pela sofisticação do armamento.
O fuzil seria, segudo o delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso), Wellington Vieira, de um dos “seguranças” do traficante conhecido como Motoboy, chefe de quadrilha que atua na Favela Nova Holanda, no conjunto de comunidades da Maré, Zona Norte do Rio. As informações foram antecipadas pelo jornal O Dia e confirmadas pelo G1.
“Vamos tentar identificar se de fato é uma arma, parece que sim, e tentar identificar o homem”, frisou o delegado. Vieira também contou que há 95% de certeza de que a foto tenha sido tirada na Rua Teixeira Ribeiro, uma das principais vias da Nova Holanda.
Na região da Maré, que reúne 17 favelas, o delegado estima que existam ao menos 100 fuzis nas mãos de criminosos. O “superfuzil” seria um deles. Vieira também alerta para o poder de fogo da arma. Segundo ele, blindagens que chamou de “comuns” não protegem contra os disparos do equipamento.
O calibre da arma é motivo de divergência. O delegado acredita que seja 7.62 milímetros, mas outros policiais ouvidos pelo G1 garantem que o fuzil seja do modelo Colt, calibre 5.56 milímetros, com roupagem nova.
Detalhes da arma, aliás, são destacados pelos agentes. Uma mira à laser proibida pelo Exército Brasileiro devido à letalidade e um carregador em cruz aumentam o poder de fogo da arma. De acordo com Vieira, a Desarme (Delegacia Especializada em Armas) já tem conhecimento de que o fuzil superequipado está na comunidade Nova Holanda.
Apreensão de fuzis cresce 80%
O caso na Nova Holando não é o único. Números de apreensões comprovam que criminosos estão usando cada vez mais fuzis automáticos para fazer assaltos em estabelecimentos comuns no Rio de Janeiro. A arma de guerra só era vista nas favelas dominadas por facções criminosas até pouco tempo.
Enquanto as apreensões de armas vêm caindo no Estado, as de fuzis subiram. De janeiro a maio deste ano, foram 212 fuzis. Este número representa 80% a mais do que no mesmo período do ano passado. Em dez anos, mais de 2,5 mil fuzis foram apreendidos no Rio.
“Há mais de 20 anos que a gente vem apreendendo 9 mil armas de fogo por dia. Esse é um problema, é uma causa que precisa ser atacada. A pena para quem importa, para quem possui e para quem trafica ilegalmente essas armas é muito branda. O sistema como um todo tem que dar uma proteção para sociedade e para própria polícia”, ponderou o secretário de Segurança Roberto Sá.