Trinta presos estão amontoados em carros estacionados em frente à delegacia. Faltam mais de 12 mil vagas no sistema carcerário gaúcho.
No Rio Grande do Sul, a situação do sistema carcerário é crítica. Não tem vagas nas cadeias para tanto preso.
A cela de uma delegacia, em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, está superlotada e a polícia teve que improvisar. Um grupo de presos fica na garagem, a poucos metros da calçada. São 14 detentos algemados uns aos outros e acorrentados às pilastras. Eles são vigiados por quatro PMs e dois guardas municipais.
Situação crítica também em Gravataí. Trinta presos estão amontoados em cinco carros estacionados em frente à delegacia. Alguns já estão no local há um mês. Além de fazer a segurança, os policiais dão comida e levam os detentos ao banheiro.
“Chegam cinco a dez presos por dia, saem três, quatro, e a tendência é sempre aumentar”, diz o delegado Paulo Karnarek.
Neste mês, dos 30 detentos que estavam na delegacia de Alvorada, a Justiça mandou soltar 17. Só este ano, mais de 300 presos deixaram a cadeia antes do cumprimento da pena.
A maioria dos liberados têm antecedentes criminais. Alguns por roubo de veículos, tráfico de drogas e tentativa de homicídio.
“A polícia vai acabar, daqui a uma semana, 15 dias, vai acabar tendo que fazer retrabalho de capturar de novo, porque eles são reincidentes”, explica a promotora de justiça, Melissa Passos Soares.
O juiz responsável pelas solturas afirma que os detentos estavam na cadeia pública e deveriam ir para o regime semiaberto.
“Você acaba escolhendo qual é a parte da lei que você vai cumprir. Não há como cumprir integralmente a lei, porque não tem estrutura material para isso”, fala o juiz da vara de execuções criminais de Porto Alegre, Sidnei Brzuska.
O secretário de Segurança do Estado admite a gravidade do problema. Faltam mais de 12 mil vagas no sistema carcerário gaúcho. Para tentar resolver o problema, o governo anunciou a abertura de 144 novas vagas no Presídio de Canoas, na região metropolitana, em até três semanas. Mas apenas seis presos foram transferidos até agora. Outra medida prometida para esvaziar as delegacias é a construção de centros de triagem.
“Em Canoas e Novo Hamburgo, enfim, na grande Porto Alegre, onde estão os problemas. Mas pela velocidade, intensidade e quantidade de presos ainda assim será insuficiente”, diz o secretário de Segurança, Cezar Schirmer.