Para conter onda de assassinatos, policiamento é reforçado em Gravataí

Cerca de 70 policiais militares foram enviados para reforçar o patrulhamento | Foto: Brigada Militar /

Policiais militares de outras cidades da região foram enviados até a cidade. Agentes da Polícia Civil devem ser realocados para o município também

Por: Eduardo Torres ZERO HORA

De acordo com o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Vanderlei Padilha, as ações mais ostensivas, com policiamento reforçado em Gravataí, tiveram início na tarde desta terça-feira.

— Estamos com o nosso efetivo normal, reforçado pelo Batalhão de Operações Especiais e por mais policiais do Comando do Policiamento Metropolitano — explica.

O foco principal das ações, segundo o oficial, é patrulhar os locais apontados como os mais conflagrados pelas quadrilhas rivais que atuam na cidade. A ordem é redobrar as abordagens para apreender armas e drogas, além de identificar suspeitos. As barreiras em áreas mais movimentadas de Gravataí também devem ser redobradas.

A partir das investigações dos nove homicídios entre a noite de sexta e a madrugada de segunda-feira, o delegado Felipe Borba, da Delegacia de Homicídios de Gravataí, afirma que a cidade vive um confronto aberto entre criminosos ligados a pelo menos quatro quadrilhas.

— São traficantes da cidade reforçados por aliados de outras cidades, como Porto Alegre, que são enviados para assegurar pontos de tráfico e investir contra os que estão no controle de rivais — aponta.

Foi assim há cerca de um mês, quando, depois de um homicídio, a polícia apurou que a facção criminosa das vítimas daquele crime já havia determinado o deslocamento de “soldados” para a cidade.

— As ordens para isso partem tanto das ruas, quanto dos comandos desses grupos, nas cadeias — diz o delegado.

Segundo Borba, até o momento não há um elemento concreto que vincule as nove mortes do final de semana a uma mesma rivalidade. Essa relação só foi possível em dois casos, que o delegado prefere não especificar.

— Tudo o que podemos dizer até agora é que a maior parte das vítimas era integrante de grupos criminosos, e que os crimes podem estar vinculados a essas relações — resume.

Dois carros usados nos homicídios foram apreendidos e serão periciados.

Os “Ladeiras” estão na rua

Há cerca de um mês, um novo elemento foi incluído no já explosivo ambiente de Gravataí. Por ordem judicial, 24 indiciados da chamada Operação Clivium foram beneficiados por um habeas corpus coletivo e liberados. Desde a soltura desse grupo, que tinha como base o bairro Morada do Vale II, aconteceram 15% dos homicídios registrados este ano na cidade.

— Não podemos atribuir diretamente à soltura tantas mortes, porque os homicídios já estavam em alta antes. Mas é um aspecto que investigamos. É possível que essa quadrilha esteja agindo para retomar seus pontos de tráfico — aponta o delegado Felipe Borba.

Os criminosos fazem parte da chamada quadrilha dos Ladeiras, desarticulada em 2015 em uma megaoperação da Polícia Civil. O bando liderado por Vinícius Otto, o Vini da Ladeira, controlava o tráfico de drogas de boa parte de Gravataí. Alcance que valeu a Vini um dos postos de comando em uma das mais poderosas facções criminosas da Região Metropolitana. Nos últimos meses, a transferência desse líder para um presídio federal já foi negada três vezes pela Justiça.

Entre os crimes já investigados pela polícia, relacionados à quadrilha, estão, por exemplo, ameaças a juíza e policiais que atuaram na prisão deles.

As principais áreas que tinham a venda de drogas controlada pela facção, são os bairros Morada do Vale, São Geraldo e Vila Rica. Coincidência ou não, os bairros concentram o maior volume de homicídios em 2017.