Falta de efetivo gera fechamento parcial de quartel dos bombeiros

ATENDIMENTO: Corporação de Lajeado deverá cobrir solicitações de atendimento na área de Estrela
ATENDIMENTO: Corporação de Lajeado deverá cobrir solicitações de atendimento na área de Estrela

Em Estrela, serviço será retomado no domingo (28) e situação deverá ser normalizada a partir de março

Vale do Taquari – Com dez servidores na Operação Golfinho, o Corpo de Bombeiros de Estrela enfrenta a falta de efetivo para atender às ocorrências de nove municípios da região. A situação é agravada pela falta de horas-extras – reduzidas em cerca de 20% em relação aos meses anteriores – e pelo fato de o quartel ter restringido as atividades apenas para apoiar a corporação de Lajeado. Ontem (23), amanhã e sábado, foram escalados dois servidores para cada turno em Estrela: um telefonista e um motorista.

A medida foi adotada pelo comando do 2º Subgrupamento de Combate a Incêndios (2º SCI) do 6º Comando Regional dos Bombeiros (6º CRB) para organizar a escala com os servidores que permaneceram em Estrela durante a operação de verão. Para não fechar as portas, a saída é deixar um bombeiro atendendo aos chamados no telefone de emergência e outro para dirigir a viatura como carro de apoio para Lajeado, que atende a outros 13 municípios.

Segundo o comandante do 2º SCI, major Eduardo Gener, as corporações de Encantado e Venâncio Aires estão de sobreaviso para apoiar o efetivo de Lajeado em caso de necessidade, embora todos os quarteis sofram com a falta de pessoal e recursos. O serviço em Estrela será retomado no domingo (28) e a situação deverá ser normalizada a partir do dia 1º, quando os servidores deslocados para a Operação Golfinho reassumem seus postos de origem.

Nos dias de fechamento parcial do quartel, também estão suspensos os serviços administrativos relacionados aos Planos de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCIs) com liberação de alvarás. “Esgotamos nossos recursos. A viatura de Estrela somente vai sair do quartel se houver solicitação de apoio de Lajeado porque o motorista não pode atender ocorrência sozinho”, afirma o oficial.

De acordo com Gener, em alguns dias os quarteis da região trabalham com três bombeiros por escala – um a menos que o habitual. O ideal, porém, seria de oito a dez militares por turno. “Mas isso – entre oito e dez bombeiros – ocorria só até o ano 2000. Agora, com o término da Operação Golfinho, conseguiremos manter quatro por escala, que já é o limite. Mesmo com hora-extra não dá para resolver porque o bombeiro precisa de folga. Trabalhar demais, sem descanso, prejudica o serviço”.

Ele ainda destaca que a falta de efetivo é generalizada nos quarteis do Rio Grande do Sul e o problema poderá ser amenizado com a contratação dos aprovados no último concurso público. Até o final deste ano, as corporações devem ser desfalcadas por aposentadorias. No início do ano passado, as corporações da região já haviam sofrido com o corte de recursos e também tiveram suspensão de serviços em determinados períodos.

Em Encantado, o quadro é formado por bombeiros militares e civis – Corpo de Bombeiros Misto. A Prefeitura repassa os salários dos servidores civis e as horas-extras desses funcionários são mantidas com recursos da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Por isso, o quartel não sofreu com a medida adotada em Estrela.

Fechamento parcial gera apreensão

Dentro dos quarteis, o clima é de abatimento e apreensão com a notícia de fechamento parcial. Os profissionais questionam a forma de mobilizar as equipes para os chamados. Com duas décadas na corporação, um militar diz que os atendimentos ficam comprometidos com esse quadro. “Se você liga para os bombeiros e diz que está pegando fogo em uma casa, quem vai ir atender? Em Estrela, os bombeiros conseguem chegar em cinco minutos. Mas se for deslocar de Lajeado, são pelo menos 15 minutos. Isso é uma grande diferença”, pondera.

O bombeiro explica que durante a Operação Golfinho é normal a redução no quadro – em Estrela, dez bombeiros foram deslocados ao litoral, enquanto de Lajeado foram dois. Porém, este ano, somado aos cortes promovidos pelo governo do Estado, a “situação é extrema”. “Em dezembro e janeiro, tivemos cotas de horas-extras suficientes. Quando não vem suplementação, não tem como tocar o quartel os 30 dias do mês”, afirma.

“Para os quarteis de Estrela e Lajeado não fecharem, o comando fez um revezamento. Se não fosse isso, teriam que ser fechados”, afirma um servidor da corporação. “Veio uma ordem de cima, e nós temos que nos virar com o que temos. A gente tem que trabalhar o dobro com praticamente a metade do efetivo”, lamenta.

Há quase uma década no Corpo de Bombeiros, o servidor diz que a insegurança entre as tropas é grande. “Cada vez cortam mais (recursos), estão ameaçando diminuir o efetivo, fechar quarteis.” Todos esses fatores desestimulam os socorristas. “Eu tenho família e dependo dos bombeiros. Se não fosse o Corpo de Bombeiros, eu não tinha nada”, desabafa o militar.

Saiba Mais

A corporação de Lajeado atende a uma população de aproximadamente 140 mil habitantes com 20 servidores. O efetivo previsto para o quartel é de pelo menos 45 bombeiros. Já os bombeiros de Estrela, com 35 militares, atendem a cerca de 90 mil pessoas e o déficit de pessoal é de 50%.

Crédito da notícia: Natalia Nissen e Tiago Silva

O Informativo do Vale