G1: Em 40 km, apenas quatro PMs são encontrados em ruas de Porto Alegre

Escassez de policiais patrulhando a capital deixa a população apreensiva.
BM diz que equipes disponíveis estão atendendo a denúncias por telefone.

Policiais percorrem a Rua da República, em Porto Alegre (Foto: Reprodução/RBS TV)
Policiais percorrem a Rua da República, em Porto Alegre (Foto: Reprodução/RBS TV)

Em meio aos casos de violência que vêm sendo registrados em Porto Alegre, a escassez de policiais nas ruas deixa a população apreensiva. Na tarde desta sexta-feira (19), a reportagem do RBS Notícias fez um teste para verificar o policiamento na cidade (veja no vídeo acima). Em 40 km percorridos durante duas horas e 45 minutos, apenas quatro PMs foram avistados. Todos em apenas um bairro.

Porto Alegre é a 43ª cidade maios um ranking internacional publicado nesta segunda-feira (25) por uma ONG mexicana. Entre esta quinta (18) e sexta-feira, pelo menos cinco corpos foram encontrados na cidade em menos de 24 horas. No bairro Belém Velho, dois apareceram carbonizados e estavam com as mãos amarradas. Outros dois corpos, no bairro Mário Quintana, apresentavam sinais de queimadura.  O primeiro caso havia sido registrado na Avenida Ernesto Neugebauer, no bairro Humaitá.

O teste do policiamento começou no local onde, na última terça-feira (16), o funcionário do Samu Alexsandro de Mattos, de 41 anos, foi assassinado em uma tentativa de assalto, no bairro Petrópolis. Em oito minutos, nenhum policial foi encontrado. “Eu não digo que seja raro [policiais na rua], não passa”, disse o médico Carlos Alberto Costa.

Após percorrer o Petrópolis, reportagem se dirigiu até o Partenon, na Zona Leste, chegando a uma região que fica próxima a uma área que – segundo a polícia – tem pontos de venda de droga. Em 21 minutos, nenhum PM foi visto. Com medo, os moradores não quiseram dar entrevista.

“Chega 22h, não dá mais para sair na rua. Os filhos não podem andar na calçada, têm que ficar no pátio”, diz o técnico em instalação Jéferson Nogueira, que afirma não ver carros da polícia passando na região.

O terceiro bairro percorrido é a Cidade Baixa, onde moradores denunciam que assaltos e furtos são frequentes e acontecem a qualquer hora. Após a reportagem andar em várias ruas por 10 minutos, dois policiais foram vistos a cavalo na Rua da República. Outros dois PMs, de moto, também foram avistados.

“É bom [ver policiais na rua]. A gente se sente mais seguro”, diz o aposentado Tadeu Maia. “Acho que tem muito pouco. Ou quase não tem”, lamenta.

Procurado pela reportagem, o comandante da Brigada Militar no estado, coronel Alfeu Freitas Moreira, informou por meio da assessoria de imprensa que tinha compromisso no Litoral Norte e não poderia gravar entrevista nem por telefone. Também através de assessores, o subcomandante da corporação, coronel Andreis Silvio Dal’Lago, informou que cumpria agenda em Brasília e também não poderia falar.

O comandante interino do policiamento da capital, Carlos Alberto Andrade, afirmou que as equipes disponíveis estão atendendo às denúncias que chegam por telefone, e por isso não têm tempo para o patrulhamento. “As seis unidades operacional da capital estão praticamente 24 horas empenhadas na demanda do 190, por isso ele se movimenta mais. Não temos condições de parar, estabelecer mais postos de referência das guarnições da Brigada Militar, que há um tempo tínhamos essa capacidade, porque tínhamos mais efetivo”, disse o oficial.

Andrade afirma, também, que o aumento da segurança depende de outros fatores além do policiamento. “Temos de pensar na educação, na dinamização e no cumprimento das nossas leis, no redimensionando sistema carcerário. Entendo que a segurança pública hoje passa como uma teia que envolve inúmeros segmentos”, argumenta.

G1