JORNAL DA MANHÃ ENTREVISTA Ubirajara Ramos

Ubirajara Pereira Ramos, coordenador geral da Associação dos Bombeiros

Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul( Abergs )

0 Corpo de Bombeiros enfrenta o maior déficit de efetivo da sua história?

A deficiência de efetivo por parte do Corpo de Bombeiros já e histórica. Hoje o CB conta aproximadamente com 2.300 homens que estão divididos na parte operacional que é atividade de combate a incêndio e salvamento quanto nas atividades administrativas. E uma deficiência antiga de efetivo que passa de governo para governo, mas nós sabemos que o governo que assume a responsabilidade de administrar o Estado tem que ter política para poder sanar os problemas e melhor atender a sociedade com serviços públicos. Hoje é uma deficiência que com certeza traz prejuízos enormes para a sociedade, tanto na atividade de salvamento, porque estamos lidando com vidas e isso nós não podemos mensurar preços, como também na atividade de prevenção de incêndio, que é através da fiscalização e liberação de alvarás, que consequentemente tendo a falta de efetivo e a demora para cumprir prazos, faz com que empresas acabem se afastando do Estado, ou seja, acabam deixando de gerar economia para o próprio Estado, o que (& contraditório em relação à política do governo, que é economizar e trazer investimentos. Ou seja, o Corpo de Bombeiros, além de fazer a parte de prevenção e salvamento de vidas, também contribui para o desenvolvimento do Estado e me parece que falta essa política voltada para o Corpo de Bombeiros.

Há retorno do governo do Estado na questão de investimentos para o Corpo de Bombeiros?

Nós tivemos algumas relações durante e após a campanha com o chefe da Casa Civil Marcio Biolchi e promessas que vamos sanar, que vamos discutir, mas o diálogo na verdade acaba nunca ocorrendo. E muito importante salientar que as dificuldades do Corpo de Bombeiros não passam apenas pela contratação de efetivo, hoje nós temos 57l aprovados esperando essa chamada para ingressar no Corpo de Bombeiros. No ano passado tivemos 200 servidores que se aposentaram. O desenvolvimento do Corpo de Bombeiros não passa somente pela contratação de efetivo, pela projeção e desenvolvimento de política própria, e temos a convicção que isso somente irá ocorrer com a separação completa do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar, isso conseguimos a mudança na Constituição do Estado através da emenda constitucional 67 em 2014, e deste então o governo do Estado teria que encaminhar três leis para estruturar o CB, e esse prazo estipulado se finda no dia 2 de julho de 2016, no dia Nacional do Bombeiro, e até agora o governo do estado não construiu a legislação e nem apresentou para debate.

O nosso trabalho perante a sociedade, e agora nos recorremos também ao Ministério Público, que é um ente que tem o dever de fiscalizar e cobrar as ações do governo, através de uma carta aberta apresentar os problemas do Corpo de Bombeiros e cobrar do MP um posicionamento perante ao Executivo para que essas leis estruturantes sejam encaminhadas o quanto antes.

O que irá mudar no trabalho do Corpo de Bombeiros a partir do dia 2 de julho de 2016, com separação do órgão da Brigada Militar?

Nós já estamos atrasados, o Corpo de Bombeiros já se separou da Brigada Militar em 2014, e como ele é um órgão novo editado, ele precisa ter legislação que estruture, que seria uma lei de fixação de efetivo, para determinar o tamanho que o Estado quer para atender a sociedade, uma lei de transição para definir questões mais burocráticas, como por exemplo, onde fica o servidor que fez concurso para a Brigada Militar e hoje é bombeiro, onde ele fica, ele deve ter o direito de escolher. Como fica a Operação Golfinho que é uma atividade legalmente própria do Corpo de Bombeiros e hoje ela é compartilhada, esses pontos tem que estar definidos em Lei. E também a lei de organização básica para definir como fica o departamento da corporação, principalmente o de prevenção que tem uma ligação muito forte agora com a estruturação com a Lei Kiss, que e’ a lei prevenção de incêndio do Estado. O Corpo de Bombeiros hoje já tem a casa própria, e o que nós queremos que o Estado nos entregue a chave para nos entrar e podermos mobiliar, ou seja, temos a estrutura e precisamos regularizar.

Enquanto isso não correr infelizmente continuaremos a perder vida, porque isso passa por uma gestão e até o momento do governo do Estado não manifestou nenhum interesse ou política voltada para essa que envolve tanta defesa civil como prevenção de incêndio, salientando que as ações da Associação estão bem alinhadas do soldado ao coronel, todos estão falando a mesma língua, e isso não teria impacto financeiro.

Os comandos regionais têm uma abrangência desproporcional, e diante deste quadro o senhor confirma o fechamento de alguns quartéis no Estado?

O Corpo de Bombeiros está presente em torno de 96 municípios, ou seja, nós temos cerca de 400 municípios que não têm bombeiro, quando digo quero ressaltar que não tem o serviço público do Estado, ou seja, não está aí o Estado presente, que é sua obrigação. O Estado está se eximindo da sua responsabilidade em atender o cidadão gaúcho, que paga seus impostos. E comprovado tecnicamente que uma residência popular de alvenaria dentro de cinco minutos ela é tomada pelas chamas, então imagina um Corpo de Bombeiros se deslocar 50 quilômetros para prestar este atendimento, além que com essa saída ele deixa o município base desguarnecido. Esperamos através de uma política juntamente ao governo do Estado, pois nós temos o planejamento, mas a boa vontade do chefe maior que é o governador.

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