Meu herói: filhos contam o que admiram nos pais

Para Paula Andressa, 16 anos, Anajúlia, 21, e Manuela, quatro, o pai é o maior exemplo de bravura Foto: Jonas Ramos / Agencia RBS
Para Paula Andressa, 16 anos, Anajúlia, 21, e Manuela, quatro, o pai é o maior exemplo de bravura
Foto: Jonas Ramos / Agencia RBS

Confira as homenagens de filhos a seus pais e participe enviando uma foto

Por: Cristiane Barcelos ZERO HORA

Neste final de semana de homenagens aos pais, o Pioneiro conta a história de três homens que são verdadeiros heróis para seus filhos. De quem salva vidas a quem criou filho sem a presença da mãe ou dedica o tempo a auxiliar quem mais precisa, confira, abaixo, quem são esses heróis. Para homenagear o seu pai, envie uma foto sua ao lado dele para as redes sociais do Pioneiro com #paiheroinopioneiro. Ela poderá fazer parte de uma galeria que estará no pioneiro.com no domingo.Feliz Dia dos Pais!

Bombeiro, Ederson é o porto seguro das três filhas

—Nós nos sentimos seguras com ele.

Esse é o sentimento de Anajúlia, 21, Paula Andressa, 16, e Manuela, quatro, que enchem a boca para dizer qual a profissão do pai, Ederson de Albuquerque Cunha: bombeiro há 18 anos. E se para um bombeiro os atos de bravura podem até parecer situações normais, já que fazem parte do dia a dia, são motivo de orgulho, respeito e admiração para quem convive com eles. E as meninas contam que o pai não é um herói apenas quando veste a farda: é o ídolo delas o tempo todo.

— Lembro de uma vez que meu pai salvou uma criança que ia ficar prensada no vidro de um carro. Ele não estava trabalhando, estava correndo, porque sempre praticou esportes. Ele viu, foi lá, quebrou a máquina do vidro e salvou a criança. Ela estava prensada, quase desmaiando. Os pais agradeceram, e passou — narra a filha mais velha, Anajúlia.

Outra vez o pai saiu de casa para socorrer uma mulher que era agredida na rua por um homem, lembra, mostrando que para as filhas o pai é herói mesmo quando não veste capa e capacete. Em casa, Cunha tem o cuidado de acalmar as meninas quando o anseio delas é saber se o pai, tão corajoso, está seguro e vai sempre voltar bem para casa.

— Quando conversamos sobre a profissão ele nos tranquiliza. O bombeiro é sempre quem vai ajudar e sempre vai sair como herói. E para nós, ele vai ser sempre o nosso herói — assegura Paula Andressa.

Para Heitor, pai é um exemplo porque o criou sozinho

Foto: Jonas Ramos / Agencia RBS

Heitor Santos Pellin cresceu com o pai sempre perto. Muito perto. Como o relacionamento com a mãe de Heitor não deu certo, foi o pai quem tomou as rédeas e criou o guri, hoje com 21 anos. A força do pai, que tomou conta da situação muito novo, quando tinha 20 anos de idade e o filho, três, é um exemplo para Heitor.

— Nossa, com certeza meu pai é meu herói. Se hoje eu tenho orgulho de ser quem eu sou, é por causa do meu pai. Acho que nem 10% dos pais seriam corajosos como o meu pai sempre foi — analisa.

Com o pai, Cesar Augusto Pellin, 44, Heitor aprendeu a ter responsabilidade e foco nos objetivos. Começou bem cedo: aos 14 anos iniciou os estudos no Senai, em paralelo à escola, e nunca mais parou — sempre trabalhou e hoje estuda Psicologia e atua como estagiário na prefeitura.

Para Heitor, essa determinação é um espelho do pai, que atua no setor financeiro da mesma empresa há cerca de 18 anos, quase a idade do rapaz.

— Tu te manteres na mesma empresa assim por tanto tempo não é para qualquer um e isso é motivo de orgulho pra mim — afirma.

Foi com o pai que Heitor dividiu cada aprendizado na escola, cada dificuldade, cada alegria. E com o pai, também, conheceu o gosto pela música e aprendeu os primeiros acordes ao violão, inspirado nas bandas que ambos mais gostam, como Nirvana e Pink Floyd. Era do seu herói uma camiseta do Nirvana, velha e surrada, que Heitor ainda usa.

— Por mais que meu pai seja forte, bruto para aguentar as dificuldades, ele tem um lado sensível, musical. Tenho certeza que é o meu melhor amigo, sei quando conversar com ele porque ele vai ser direto, é muito pé no chão — diz o rapaz, que hoje mora com o pai, a madrasta e o irmão mais novo.

Seu Geraldo se dedica a ajudar quem precisa

Karen, 21, e Kelly, 24, admiram a força de vontade do pai, que prepara sopa para pessoas pobresFoto: Jonas Ramos / Agencia RBS

Aos 60 anos, seu Geraldo Vergani supera dores no corpo para ser o herói não só dos filhos, mas dos moradores de rua que se alimentam da sopa preparada por ele. Duas vezes por semana ele está lá, firme diante das panelas para preparar o alimento que pode ser o único do dia de quem dorme ao relento. Uma das filhas, Kelly, 24, conta que às vezes o pai chega a descansar durante todo o dia para suportar o desconto e estar a postos para cozinhar à noite — já chegou a levantar apenas para fazer a sopa, tamanho o desconforto. Geraldo sofre de uma doença degenerativa e por isso não trabalha mais, o que não lhe impede de fazer o bem.

— Se não fosse por ele, nem sei como faríamos. É ele quem cuida de tudo. Ele é meio que um pai de todos que ajudam na sopa. Com certeza é o nosso herói — elogia Kelly, irmã de José Luiz, 33, Ellem Maria, 30, e Karen, 21.

Seu Geraldo foi pedreiro autônomo e sempre procurou ajudar cozinhando em almoços beneficentes. Como o propósito da distribuição de sopa é ajudar quem precisa — e ser herói de muita gente — seu Geraldo nunca se importou de abrir as portas de casa para voluntários que ele nem conhecia direito e que ajudariam no preparo do alimento, relata Kelly.

— O sentimento dele é de que, se a gente está engajado em ajudar alguém, não terá nenhum problema. Podem até dizer que ele é só um pedreiro. Mas não. Ele é o nosso orgulho, criou os filhos e ainda ajuda outras pessoas. Foi com ele que aprendemos a dar valor aos outros, ele que nos ensinou o quanto o outro é importante — elogia a filha Kelly.