Listão da Odebrecht ameaça planos do Piratini para renegociar dívida do RS

Projeto estava prestes a ser votado em Brasília, mas votação foi suspensa devido à lista de Fachin

A divulgação dos nomes de políticos envolvidos no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato pode frustrar os planos do governo do Estado de renegociar, em breve, a dívida gaúcha junto à União. O plano de socorro financeiro estava prestes a ser votado na Câmara dos Deputados na última terça-feira, mas a votação foi suspensa minutos depois da divulgação da lista de inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

O Piratini agora trabalha com duas hipóteses: a primeira contempla a ideia de que os deputados queiram votar projetos relevantes para evitar a sensação de paralisia e dar uma aparência de normalidade às atividades em Brasília. A segunda, considerada mais provável, é de que os congressistas paralisem as votações em meio ao tsunami político provocado pelas delações.

“Estamos acompanhando os movimentos de Brasília. A primeira opção é a que mais nos ajuda, porque precisamos dar sequência a isso. Até porque também temos os projetos de recuperação das finanças que tramitam na Assembleia e precisam ser votados”, avalia o líder do governo Sartori na Assembleia, deputado Gabriel Souza (PMDB).

Nos bastidores, o governo do presidente Michel Temer, que também é citado pelos delatores da Odebrecht, tem promovido reuniões para verificar a melhor forma de reagir às delações. De acordo com o jornal O Globo, os maiores esforços do Planalto se voltarão para acelerar a votação das reformas que tramitam no Legislativo, inclusive o projeto de Recuperação Fiscal para os Estados.

O governo gaúcho acompanha de perto a tramitação da proposta em Brasília, com seguidas viagens do governador José Ivo Sartori a Brasília. A renegociação da dívida permitiria ao Estado uma carência sobre o pagamento durante três anos, dando fôlego ao governo – que deixaria de gastar mensalmente um montante em torno de R$ 260 milhões. Em troca, porém, o governo federal exige contrapartidas, como o congelamento de salários de servidores públicos e a privatização de estatais, como a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

O projeto que permite a privatização de estatais (CEEE, CRM e Sulgás) está tramitando na Assembleia Legislativa e não deve ser votada na próxima semana.

GAÚCHA