Em um ano, quadro de policiais caiu em mais de três mil servidores
Ano após ano, o efetivo da Brigada Militar vêm encolhendo, enquanto a população do Rio Grande do Sul cresce. Hoje, a corporação atua com a menor tropa dos últimos dez anos no Rio Grande do Sul – 18.522 homens/mulheres, sendo 16.093 na PM e outros 2.429 no Corpo de Bombeiros, em dados de início de agosto. Em contrapartida, o Estado soma 11,3 milhões habitantes, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo dados obtidos pela reportagem da Rádio Guaíba via Lei de Acesso à Informação (LAI), o efetivo que atua exclusivamente no policiamento ostensivo, em 2017, é menor ainda, chegando a 14.082 PMs. Os demais 2.011 exercem funções de caráter administrativo. Além disso, 849 PMs foram para reserva desde início do ano, agravando a crise nos mais de 40 batalhões espalhados pelo Rio Grande do Sul. Em 2016, o efetivo era composto por 21.269 PMs.
O levantamento mostra que, pela primeira vez nos últimos dez anos, a tropa da Brigada Militar ficou abaixo de 20 mil servidores. Entre 2006 e 2016, o quadro de policiais oscilou entre 23 mil e 21 mil. A própria corporação já admitiu que o número ideal é superior a 37 mil PMs.
Contudo, a Brigada Militar garante que todas as cidades do Rio Grande do Sul dispõem de ao menos um brigadiano, rechaçando a tese de ausência de PMs em determinados locais.
Conforme dados da LAI, frequentemente os policiais de setores administrativos são empregados no policiamento ostensivo, de acordo com a demanda de eventos e operações planejadas pelo Comando da Brigada Militar.
Entidade repudia baixo efetivo e fala que BM chegou ao “fundo do poço”
Consultada pela reportagem, a Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar lamenta que o Comando da BM e o Palácio Piratini não estejam tomando as medidas cabíveis para amenizar o cenário. Conforme o vice-presidente da Abamf, Solis Antônio Paim, a corporação vem se desdobrando diariamente para honrar com a segurança da população gaúcha. “No fundo do poço a gente já chegou há bastante tempo. Na realidade, tem que ter ‘sangue na veia’ porque senão, não existe a possibilidade de dar uma prestação de serviço a contento”, considera.
Além disso, Paim adverte que o efetivo deve ficar ainda mais enxuto nos próximos anos, em função da política de austeridade adotada pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB). “O Estado não faz a reposição de efetivo e obviamente as aposentadorias vêm ocorrendo, mas o Estado não repõe. Obviamente a tendência é só diminuir a tropa”, lamenta.
O Comando-Geral da Brigada Militar foi procurado pela reportagem, mas ainda não se manifestou. Em início de julho, o governo anunciou que lança, ainda em agosto, os editais de concursos públicos com 4,1 mil vagas para soldados e 200 para oficiais da Brigada Militar, além de 450 vagas para soldados e 50 para oficiais do Corpo de Bombeiros, além de um terceiro para a Polícia Civil.
Confira o efetivo da BM nos últimos dez anos:
Ano 2006 – Efetivo: 23.158
Ano 2007 – Efetivo: 22.379
Ano 2008 – Efetivo: 21.503
Ano 2009 – Efetivo: 23.975
Ano 2010 – Efetivo: 23.068
Ano 2011 – Efetivo: 22.317
Ano 2012 – Efetivo: 24.144
Ano 2013 – Efetivo: 23.168
Ano 2014 – Efetivo: 23.744
Ano 2015 – Efetivo: 21.461
Ano 2016 – Efetivo: 21.269
Ano 2017 (até o início de agosto) – Efetivo: 18.522