Estado traça planejamento para distribuir efetivo policial em formação

Turmas de soldados da BM formam-se em agosto e 425 policiais civis em julho

Foto: Arquivo | Diário

Por Isabella Westphalen Diário da Manhã Passo Fundo

A Secretaria de Segurança Pública está concluindo seu plano estratégico de lotação dos policiais civis e militares que estão em formação. Em entrevista exclusiva ao Diário, o vice-governador do Estado e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Junior, confirmou que uma das intenções é manter efetivo mínimo em cada cidade do Estado.

– Temos dois mil novos brigadianos que deverão entrar em atividade a partir de agosto e 425 policiais civis que entram em atividade em julho. Estamos tratando dos últimos toques da estratégia de lotação dos novos servidores. Queremos contemplar um número mínimo de brigadianos por município e depois naqueles locais onde estão os maiores indicadores de criminalidade, mas sempre também pensando numa pronta resposta da Brigada Militar (BM), especialmente nesta questão de roubos a banco que sitiam pequenas localidades e nós temos que ter uma força de pronto emprego regional espalhada em cada região do Estado. Nós vamos fechar esta estratégia até o final deste mês e então torná-la pública – comenta o vice-governador.

Embora seja informação de bastidores, especula-se que a intenção do governo seja criar no estado mais dois Batalhões de Operações Especiais (BOE), um deles possivelmente em Caxias do Sul e outro em Pelotas.

Polícia Civil planeja recompor com lotações anuais defasagem de efetivo que chega a quase 50%

A chefe da Polícia Civil (PC) no Rio Grande do Sul, delegada Nadine Anflor, comenta que embora o orçamento do Estado seja um fator que implica, a pretensão é fazer reposições no quadro de policiais com chamamentos anuais. “Nós temos 1,2 mil agentes que foram concursados e que estão aprovados e um banco de demandas de aprovados fora do grupo de vagas. Nós queremos através de muita conversa com a Secretaria de Segurança Pública, com o Governo do Estado, e o que já foi dito pelo próprio governador Eduardo Leite que já manifestou a necessidade de ingresso de servidores anualmente. Temos que ir repondo ao longo dos anos em pequenas turmas de 300 a 400 agentes, mas nós temos que ter este ingresso anual, ou a cada dois anos no máximo, para uma renovação. Isto na Polícia Civil é fundamental e nós vamos fazer”, cita a chefe de Polícia.

Delegacias no interior não serão fechadas

Em relação ao estudo feito no início do ano para mapear quais as delegacias que funcionam com o serviço de um único policial, a delegada comenta que não é intenção do governo fechar as delegacias, porém, revela que os novos policiais que se formam no início do segundo semestre não serão lotados nestas.

“Nós temos que ter uma força de pronto emprego espalhada em cada região do estado”

Ranolfo Vieira Júnior

vice-governador do RS e secretário estadual de Segurança Pública

– Na verdade o estudo nunca foi para fechar as delegacias, é um estudo para identificar. E realmente o nosso cobertor é curto. Nós estamos com o menor efetivo da história da Polícia Civil. São 4.972 agentes hoje em um universo em que deveríamos ter mais de 9 mil. O que foi feito no início do ano foi um panorama. Nós assumimos a gestão e precisamos fazer um levantamento para saber em quantos municípios do estado nós temos delegacias que contam com um único servidor e algumas delegacias que sequer tem servidor lotado e trabalham em sistema de deslocamento, sendo lotados ali pela proximidade, uma ou duas vezes por semana. Claro que, através deste estudo, que foi concluído, nós estamos de alguma forma buscando também com as novas turmas que ingressam no dia 8 de julho distribuí-los, só que não evidentemente nestes municípios em que só contam com um policial, ou nenhum. Nós temos que analisar os índices de criminalidade, temos muitas delegacias abertas que não têm índices de criminalidade altos. Nós queríamos que a Policia Civil estivesse em todos os municípios, mas é preciso trabalhar com o efetivo real, e com este nosso efetivo é o que podemos fazer – pondera a chefe de Polícia.

Roubo a banco é o que mais preocupa

A chefe de Polícia do estado comenta que a PC tem trabalhado com foco em algumas frentes de trabalho e uma delas é o combate aos roubos a banco nas cidades do interior. “Nós estamos trabalhando focadamente em alguns determinados crimes como prioritários e os roubos a bancos são nossa prioridade. Temos que, com um trabalho de inteligência, em conjunto com a BM, no interior do estado tentado identificar as quadrilhas e associações criminosas que se formam, muitos migram de um roubo a banco a outro. Combate-se a criminalidade com prisões, que estão sendo feitas, investigações que estão sendo realizadas pelas principais delegacias e notadamente pelas Delegacias de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Dracos). É uma preocupação muito grande, pois assola as comunidades pequenas, em que sabemos que há um baixo efetivo policial. Estamos trabalhando mais regionalizadamente junto com a BM. Evidente que temos que avançar por meio dos nossos setores de inteligência, de identificação tentando chegar antes que o crime aconteça”, comenta.

“Nós estamos com o menor efetivo da história da Polícia Civil. São 4.972 agentes hoje em um universo em que deveríamos ter mais de 9 mil”

Nadine Anflor

chefe da Polícia Civil do RS

A delegada afirma que dos roubos a banco, PC e BM tem dado respostas imediatas. Ela pondera, no entanto, a necessidade de investigações que resultem em provas contundentes. “Temos vários índices no ano de 2019 que demonstram que todos os roubos cometidos, principalmente na modalidade de cangaço, nós temos tido através das investigações policiais as prisões efetivas e assim veremos a redução desta criminalidade. Não há outra fórmula que não seja investigação qualificada, provas contundentes e aí sim a segregação dos criminosos da sociedade”, cita Nadine.

Carazinho não devera ter uma Draco

A chefe de Polícia destaca que para este tipo de crime de roubo a banco as apurações e resultados que começam a ser observados com as Dracos. Existe um total de 11 delegacias desta natureza em funcionamento no estado e a próxima deve ser instalada em São Luiz Gonzaga, com tramitações internas para sua viabilização.

Questionada se Carazinho também teria uma delegacia do tipo, conforme cogitado por autoridades recentemente, a chefe de polícia sinaliza que a cidade continuará sob a alçada de Passo Fundo. “Carazinho tem o atendimento através de Passo Fundo, não podemos ter uma Delegacia em cada município pois temos um efetivo bastante reduzido, então temos de trabalhar com especializações. As delegacias estão trabalhando de forma mais regionalizada, as Dracos são a grande novidade, focadas neste crime organizado. Nós temos que também nos organizar para combater este tipo de delito”, afirma Nadine.