Após acidente, PM relata atendimento negado por estar sem carteira do plano de saúde em Caxias do Sul

Boletim de ocorrência aponta que colegas de Márcio Leite Fernandes, 46 anos, precisaram ir à casa dele para buscar o documento. Administrador do Hospital Pompeia nega, e diz que policial recebeu cuidados normalmente.

Por Roger Ruffato, RBS TV Caxias do Sul

O policial militar Márcio Leite Fernandes, 46 anos, teve que aguardar pelo menos 30 minutos para ser avaliado por um médico na noite de sexta-feira (14), após cair de moto em Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul. Boletim de ocorrência aponta que o PM não foi atendido até que colegas buscassem a carteira do plano de saúde na casa dele.

O acidente aconteceu na Avenida Rubem Bento Alves, próximo ao bairro São José, por volta das 20h40. Não houve outro veículo envolvido.

Policial militar Márcio Leite Fernandes foi hospitalizado após sofrer acidente em Caxias do Sul — Foto: Arquivo pessoal

Fernandes, que estava de folga, foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado ao Pronto Atendimento do Hospital Pompéia.

Entretanto, segundo boletim de ocorrência registrado por um colega que o acompanhou ao hospital, a médica plantonista teria negado atendimento imediato porque o paciente estava sem a carteirinha do Instituto de Previdência Estadual (IPE), com o qual servidores do estado têm convênio médico.

Ainda conforme o registro, a orientação era para que colocassem o paciente novamente na ambulância e o transferissem para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Zona Norte.

“Quando cheguei ao hospital, estava tonto, sem saber direito o que acontecia. Não enxergava nada porque tinha muito sangue nos meus olhos. Ouvi muita discussão dos colegas com o pessoal do atendimento”, lembra Fernandes.

O policial militar pôde ser avaliado depois que colegas foram até a casa dele, no bairro Santa Corona, distante cerca de 6 km do hospital, para buscar a carteirinha do plano. Fernandes teve fratura nos ossos da órbita do olho direito e cortes profundos próximos ao mesmo olho, além do queixo. Ele usava um capacete de modelo aberto.

Após finalmente receber cuidados, o policial foi liberado. “Espero que melhore essa burocracia no atendimento de pessoas que chegam ao Pronto-Socorro do Pompéia. Por sorte tive meus colegas para me ajudarem naquele momento. E se não tivesse?”, indaga.

O administrador de plantão do Hospital Pompéia, Francisco Ferrer Filho, afirmou que o atendimento foi realizado normalmente. Disse que a orientação no momento do acolhimento dos pacientes é pelo atendimento rápido, e que não existe elemento que indique que o mesmo foi negado.

Caso semelhante na UPA Zona Norte

No início deste mês, a mãe de uma criança de dois anos e dois meses também registrou uma ocorrência por negativa de atendimento médico em Caxias do Sul. A queixa partiu de Poliana Almeida da Silva, 22 anos, que relatou ter ido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Norte para buscar socorro para o filho, que sofreu queimaduras após derrubar uma garrafa térmica com leite quente nas costas.

O fato aconteceu por volta das 19h do dia 02 de junho. Quando chegou ao local, segundo o registro, Poliana mostrou o ferimento para a atendente responsável pelo encaminhamento de consultas e foi informada de “que não tinha mais lugar ali” e “que teria que buscar um outro local” para ter o filho atendido. Ela, então, teria retornado mais tarde, acompanhada por policiais militares para garantir o atendimento médico.

O Instituto de Gestão e Humanização (IGH), responsável pela UPA Zona Norte, nega que Poliana tenha procurado atendimento para o filho, antes de chegar ao local com policiais militares.

Por meio de nota, o IGH afirma que “não foi encontrado nenhum registro de busca de atendimento por parte da genitora do paciente antes das 19h30 deste domingo, quando a mesma deu entrada no posto de emergência com a presença da Polícia Militar, com o Samu e foi prontamente atendida.”