Para delegado, PMs agiram de forma correta durante tiroteio

thumb (2)Por enquanto não há indícios de que viatura tenha sido perseguida intencionalmente

Responsável pela condução do inquérito relativo ao tiroteio na zona Norte de Porto Alegre, o titular da 3ª Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital, delegado Cassiano Cabral, avaliou neste domingo que os policiais militares (PMs) corriam risco de vida e agiram de forma correta, dentro do contexto, para conter a quadrilha e se auto-preservar diante da ameaça de morte. “Não podemos ter nenhuma posição precipitada nesse sentido”, ponderou.

Cabral pretende analisar imagens e ouvir testemunhas e os policiais, sem prazo para concluir o trabalho. Ele evitou confirmar se ficou tecnicamente configurada a legítima defesa, mas argumentou que a polícia precisa analisar o contexto do ocorrido – que os PMs vinham de um confronto anterior, contra um bando fortemente armado, em dois veículos e em desvantagem numérica.

O delegado também revelou que, por enquanto, não há indícios de que a viatura tenha sido perseguida, intencionalmente, pelo bando. Para Cabral, depois do primeiro confronto em que dois PMs foram baleados, em frente ao Hospital Banco de Olhos, houve um “encontro fortuito” entre o veículo da BM e o Hyundai i-30, um dos veículos usados pela quadrilha, já em frente ao Cristo Redentor.

O delegado reiterou que todos os mortos tinham antecedentes criminais, dois deles por homicídio, ambos mais de uma vez. Registros da Brigada Militar apontaram que um deles, de 19 anos, tinha passagens na polícia por cinco assassinatos e que, pelo mais recente, havia sido indiciado no mês passado. “Por aí se vê a periculosidade dos criminosos e o perigo que essa guarnição da BM corria e o quanto eles (PMs) foram bravos nesse enfrentamento”, analisou.

Cabral explicou, ainda, que todos os criminosos permaneciam soltos porque, para nenhum dos crimes, havia condenação. “Não foram presos em flagrante, os indiciamentos haviam sido feitos recentemente, a prisão preventiva ainda não havia sido decretada… Precisa analisar caso a caso… A gente sabe o quanto é difícil permanecer preso hoje um criminoso, embora esteja ‘recheado’ de antecedentes”, finalizou.

As investigações prosseguem a cargo da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre. Três dos quatro criminosos foram identificados oficialmente até o momento. Embora já tenha chegado a um quarto nome, a polícia ainda não divulgou porque espera, antes, que familiares dele prestem depoimento.

Nesse sábado, a Brigada Militar confirmou que vai incluir, na relação de policiais homenageados durante a Semana de Tiradentes (patrono das polícias), os quatro policiais militares que enfrentaram a quadrilha na sexta: o 1º sargento Alexsandro Jacobowski, o 3º sargento Luís Carlos Oliveira da Rocha, ferido em uma das mãos, e os soldados Ivan Ceschini Biscaglia, baleado de raspão na cabeça, e Marcelo Costa e Silva, que publicou um desabafo em redes sociais ao chegar em casa.

Na mensagem, Costa relatou que o bando agia certo de conseguir eliminar o efetivo – que, por essa razão, reagiu. Ele salientou, ainda, que “não foi nada fácil” enfrentar uma quadrilha com armas “novas e potentes” e “ver os amigos sangrando” – em referência aos dois PMs feridos em meio ao tiroteio. O soldado também falou que sonha em dias melhores, em que possa trabalhar em um lugar onde tenha a certeza de voltar para casa vivo. Ele ainda lembrou que os criminosos mortos tinham familiares, que hoje sofrem com a perda, mas “escolheram seguir o caminho” do crime.

De acordo com a assessoria de imprensa da Brigada Militar, a cerimônia de condecoração ocorre na manhã de quinta-feira, na Academia de Polícia Militar, com a presença do governador José Ivo Sartori.

Ricardo Pont / Rádio Guaíba