Após Rio Grande do Norte pedir apoio das Forças Armadas, RS volta a descartar ajuda federal

Desde sexta-feira, Natal e outras 21 cidades nordestinas são assoladas por ataques constantes e violentos Foto: ADRIANO ABREU / TRIBUNA DO NORTE
Desde sexta-feira, Natal e outras 21 cidades nordestinas são assoladas por ataques constantes e violentos
Foto: ADRIANO ABREU / TRIBUNA DO NORTE

“Temos o entendimento de que o Exército é essencial para a defesa nacional, não como força policial”, diz a SSP

Por: Marcelo Kervalt ZERO HORA

Ainda que facções rivais tenham causado oito mortes no intervalo de 26 horas em Porto Alegre no fim de semana, isso não é considerado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul motivo para chamar as Forças Armadas, como fez o governo do Rio Grande do Norte no domingo. Desde sexta-feira, Natal e outras 21 cidades nordestinas são assoladas por ataques constantes e violentos — até agora, foram mais de 65 atos de vandalismo como incêndios a ônibus, vegetação e veículos particulares, disparos contra prédios públicos e depredações.

Nem mesmo no ano passado, quando pelo menos 11 ônibus sofreram ataquescriminosos na capital gaúcha — seis coletivos foram incendiados no mesmo dia—, o Piratini quis auxílio federal para conter a violência. Isso porque, no entendimento da SSP, o que ocorre atualmente no Rio Grande do Norte não encontra paralelo nas outras unidades da federação.

Entre as diferenças, são citados pelo governo gaúcho o comprometimento do sistema prisional potiguar que, em 2015, após série de rebeliões em unidades prisionais, decretou estado de calamidade pública. A SSP alega que a medida surtiu efeitos positivos, porém, nos primeiros seis meses de 2016, 15 detentos foram encontrados mortos em casas prisionais do Estado nordestino.

O Piratini contesta, também, a necessidade de utilização das Forças Armadas em episódios como o do fim de semana no Rubem Berta, “uma vez que essa não é a constante da localidade” e “não caracteriza domínio total de território por facções criminosas ou configura total inépcia das forças policiais”.

“Temos o entendimento de que o Exército é essencial para a defesa nacional, não como força policial”.

A SSP alega que o treinamento de um soldado não é para o policiamento ostensivo e sim para ações de guerra.

“Esses profissionais não conhecem o terreno, não sabem quais são as características dos criminosos locais e a dinâmica da relação entre o crime e as comunidades. No entanto, nossa parceria com o Exército tem aumentado de forma expressiva. Realizamos, rotineiramente, diversas operações conjuntas, típicas da atuação integrada entre Segurança Pública e Forças Armadas “, diz o comunicado.

O governo acredita que a presença das Forças Armadas seria importante em questões pontuais, em ações isoladas, “como em situações de crise extrema no sistema penitenciário”.

“Também poderia ser empregado o uso dos efetivos em casos semelhantes aos da greve dos caminhoneiros, em 2015, quando agentes foram acionados para garantir o fluxo de veículos em rodovias federais do RS”.